A LEITURA DE CHARGES ALÉM DO VERBAL: UMA ANÁLISE DE ANÁFORAS ASSOCIATIVAS
Texto, charges, dialogismo, elementos semióticos, coesão.
A presente pesquisa, intitulada “A leitura de charges além do verbal: uma análise de anáforas associativas”, objetiva discutir o processamento textual, pondo em foco, a partir de charges, a anáfora associativa semiotizada. Trata-se de um trabalho que, ao ascender para questões que transcendem às diferentes fases tradicionais da Linguística Textual (LT), pode contribuir para o seu desenvolvimento. Os elementos não verbais no processo de análise textual representam, de fato, um desafio relevante para a LT, haja vista que, na tradição, os signos não verbais não foram contemplados no processo de referenciação. Segundo Heine (2018), a exclusão desses elementos, que atuam como anáforas e âncoras textuais semióticas, configura um “erro clássico” da disciplina. Para tanto, recorremos aos fundamentos teórico-metodológicos da LT, priorizando a Perspectiva Sociocognitivo-interacionista (Koch, 2004) e a Fase Bakhtiniana (Heine, 2012), esta última vem propondo o texto “como evento dialógico-semiótico”, pautado nos pressupostos teóricos de que tratam Bakhtin e o seu Círculo; e da Gramática do Design Visual, desenvolvida por Krees e van Leeuwen (2006), que tem a finalidade de descrever a maneira como os elementos de textos imagéticos ou multimodais são representados e a forma com que eles se combinam visualmente a partir de metafunções. Desse modo, a anáfora associativa semiotizada é vista não mais como processo que se realiza apenas entre códigos verbais, mas como elemento de tessitura textual, construído através de conhecimento partilhado a partir de estratégias cognitivas alicerçadas consoante o contexto mediato e o contexto imediato; sendo, portanto, um dado da coesão textual à semelhança dos signos verbais. O corpus básico a ser analisado compõe-se de uma amostra de 12 charges, extraídas do jornal online Folha de São Paulo. A análise dos dados possibilitou afirmar que os avanços no tratamento da anáfora associativa em textos multimodais são incontestáveis. Assim, na análise de charges, a anáfora associativa se estabelece a partir dos elementos semióticos.