Banca de DEFESA: JÉSSICA CARNEIRO DA SILVA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : JÉSSICA CARNEIRO DA SILVA
DATA : 16/12/2024
HORA: 14:00
LOCAL: Ilufba
TÍTULO:

AS CONSTRUÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS INDÍGENA E NO PORTUGUÊS AFRO-BRASILEIRO


PALAVRAS-CHAVES:

sociolinguística; teoria da mudança linguística; português brasileiro; português Sateré-Mawé; construções relativas.


PÁGINAS: 280
RESUMO:

Esta tese apresenta uma análise variacionista e descritiva das construções relativas (CRel) no português indígenas Sateré-Mawé das comunidades Vila Batista e Nova Alegria, ambas localizadas na zona rural de Parintins-AM, apoiando-se no aporte teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista e da Teoria da Mudança Linguística, com base em Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]). Segue, também, a abordagem do contato linguístico e adota o enquadramento já desenvolvido no Projeto Vertentes do Português Popular do Estado da Bahia, para o estudo das comunidades rurais afro-brasileiras isoladas (Lucchesi; Baxter; Ribeiro, 2009). Para o tratamento metodológico dos dados, subdividiu-se a análise em duas: 1) uma variacionista, na qual foram fixados dois envelopes de variação: a variável resposta 1, referente às estratégias não-preposicionadas – a relativa neutra e a relativa resumptiva – e a variável resposta 2, reunindo as estratégias preposicionadas – a relativa pied-piping e a relativa cortadora; e 2) uma qualitativa, descritiva e interpretativa de outros tipos de CRel encontradas no corpus, tais quais: as relativas reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo; e as relativas sem relativizador. O foco desta investigação foi a covariação (Labov, 2006 [1966]; Oushiro, 2011) entre a relativa pied-piping (abonada pela gramática tradicional) e a relativa cortadora (uma estratégia inovadora no português brasileiro - PB), tendo como corpus dados reais de fala extraídos de 16 inquéritos com amostras do português falado como L2 pelos indígenas Sateré-Mawé das comunidades de Nova Alegria, Vila Batista (Parintins-AM) e Ponta Alegre (Barreirinha-AM). Essa amostra de fala vernácula pertence ao projeto Acervo do Português Vernáculo dos indígenas Sateré-Mawé de Parintins-AM (Simas; Lucchesi, 2020). Apoiando-se nos pressupostos teóricos da teoria da mudança linguística, pontua-se uma reflexão sobre a sócio-história do PB e do quadro sociolinguístico da Amazônia, partindo da proposta de Mattos e Silva (2004) e Lucchesi e Baxter (2009) de que as mudanças linguísticas observadas no PB em comparação ao português europeu podem ser explicadas pelo intenso contato linguístico entre falantes indígenas, portugueses e africanos, detalhando a composição étnico-sociolinguística constituída pelas línguas e pelos povos que estiveram em situação de contato, durante o período colonial, considerando as duas colônias portuguesas no Brasil e dando enfoque também ao cenário amazônico. Os dados foram analisados quantitativamente através da plataforma R e do controle de variáveis previsoras linguísticas e sociais, com a finalidade de responder quais fatores linguísticos e sociais atuam no uso das relativas do português indígena. Os resultados obtidos com as análises quantitativa e qualitativa indicam que a relativização no português Sateré-Mawé apresenta convergências com o português popular brasileiro por expressar resultados semelhantes àqueles encontrados em outras variedades do PB (Tarallo, 1983, 1993a, 1993b; Ribeiro, 2009; Ribeiro e Figueiredo, 2009; Lucchesi, 2015; Carneiro, 2018; Silva, E., 2020). Ao produzirem majoritariamente relativas não marcadas e relativas morfologicamente simples, esse fato reflete os efeitos indiretos do contato linguístico e da polarização sociolinguística sob a variedade popular do PB que foi adquirida como L2 pelos falantes Sateré-Mawé no Amazonas, durante o período de sua constituição sociolinguística. Esses fatos permitem defender, nesta tese, duas características da relativização no português Sateré-Mawé: (i) convergências com o português popular brasileiro, pela predominância de relativas neutras e cortadoras; e (ii) indícios do substrato Sateré-Mawé, evidenciados pela presença de relativas reduzidas e sem o relativizador.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2331858 - MARIA CRISTINA VIEIRA DE FIGUEIREDO SILVA
Interna - 3033643 - IVANA PEREIRA IVO
Interna - 1544686 - LILIAN TEIXEIRA DE SOUSA
Externa à Instituição - LÍVIA OUSHIRO
Externa à Instituição - SILVANA SILVA DE FARIAS ARAUJO - UEFS
Notícia cadastrada em: 10/12/2024 15:52
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