Mãos revolucionárias: análise de autoria de manuscritos apreendidos com os réus da conjuração baiana (1798)
Paleografia; Diplomática; Filologia; História social da cultura escrita; Conjuração Baiana; história da Bahia.
O trabalho consiste no exercício da atividade filológico-paleográfica sobre manuscritos apreendidos nas residências dos acusados de participação do movimento de intento revolucionário anticolonial ocorrido em Salvador em agosto de 1798, a Conjuração Baiana, custodiados pelo Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB). A pesquisa se propõe a preencher uma das lacunas sobre o tema, ao buscar determinar as autorias mecânicas dos manuscritos, ou seja, ao verificar de quem é a letra que escreveu cada um deles. Identificar os autores que copiaram estes textos de conteúdo político-filosófico é dado relevante para a melhor compreensão da circulação das ideias revolucionárias – e proibidas – na colônia bem como para a percepção dos jogos de poder e da parcialidade da justiça no período. Para obtenção destas respostas, os métodos costumeiramente utilizados por pesquisadores de áreas como a História e o Direito não são suficientes, posto que, de modo geral, recorrem às fontes manuscritas e delas extraem apenas o seu conteúdo semântico, desconsiderando a sua materialidade. Portanto, a metodologia adotada neste trabalho visa, além da utilização das ferramentas da ciência histórica (em especial a História Social da Cultura Escrita), abarcar conhecimentos da filologia para o adequado tratamento do texto, da diplomática para a verificação da autenticidade dcumental, e da paleografia analítica para o cotejo das escritas destes itens documentais apreendidos com a escrita das assinaturas de cada um dos réus aprisionados e interrogados pelos agentes do Tribunal da Relação da Bahia. Além dos documentos custodiados pelo APEB, serão incluídos no corpus da pesquisa, documentos custodiados na Fundação Biblioteca Nacional, que detem parte significativa da produção documental referente às Devassas realizadas sobre a tentativa de sedição pelo Tribunal da Relação da Bahia e correspondências entre o Tribunal baiano e o Trono, em Portugal; e documentos custodiados no Arquivo da Universidade de Coimbra, onde estudaram parte dos réus da Conjuração e alguns dos mais suspeitos de terem sido os autores mecânicos das cópias dos textos de conteúdo político-filosófico.