Banca de DEFESA: NEILA PRISCILA DOS SANTOS COSTA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : NEILA PRISCILA DOS SANTOS COSTA
DATA : 09/08/2024
HORA: 14:00
LOCAL: https://conferenciaweb.rnp.br/sala/daniele-de-oliveira
TÍTULO:

Eu não sou uma mulher: perspectivas lésbicas sobre a família estrutural


PALAVRAS-CHAVES:

Famílias; Violências; Perspectivas Lésbicas; Estudos Críticos do Discurso.


PÁGINAS: 179
RESUMO:

A presente tese aborda a temática da família, instituição relevante na vida de muitas pessoas, mas ao mesmo tempo tão polêmica, sobretudo, para grupos minoritarizados como é a população LGBTQIAP+, o que a coloca entre os lugares que mais violentam essa comunidade, simbólica e materialmente. Associada a uma formação cis-hetero-patriarcal-monogâmica-cristã, a análise da instituição em questão se desenvolve a partir da realidade e da existência de relações lésbicas, com base em perspectivas, relatos e narrativas de lésbicas. O objetivo geral foi investigar, através desses relatos e narrativas, como se configura o discurso da família estrutural, também chamada de tradicional, e de que modo esse modelo (re)produz violências contra elas, suas feminilidades, transfeminilidades e masculinidades, e o universo do feminino do qual participam. Esta pesquisa também buscou: 1) realizar levantamento bibliográfico que verse sobre famílias, lesbianidades, cisheteronormatividade e outros temas relevantes à pesquisa, como colonização discursiva, homonacionalismo e homonormatividade; 2) gerar dados através de entrevistas semiestruturadas sobre o modo como lésbicas pensam, analisam e entendem o modelo de família hegemonizado. A análise de dados aconteceu sob o prisma de teorias das ciências humanas e sociais, sobretudo, Estudos Críticos do Discurso e Estudos de Gênero, Sexualidades e Feminismos. Os resultados mostraram que esta amostragem de lésbicas avalia e entende família, no geral, a partir de afirmações com processos relacionais como sendo um grupo de pessoas, nutrido por cuidado, afetos e afinidades, que pode ou não ter laços consanguíneos, podendo apresentar vários formatos, desde single a multiespécie, formada por amigos, casais hetero/homo com ou sem filhos, avós e netos, bem como outros arranjos. Também modalizaram a necessidade de a instituição em análise ser lida tendo em vista suas diversas dinâmicas sociais, de modo interseccional, considerando categorias como raça, classe, território, gênero, uma vez que a diversidade é fato inquestionável e tais categorias desenham peculiaridades e diferenças significativas na experiência de família. A ideia de famílias desestruturadas levantou a questão sobre a discursividade/representação do modelo único de família, aquele hegemonizado, que estaria por trás dos processos de desqualificação dos diversos modelos familiares, implicitamente ditos “sem estrutura”, quando o que existem são estruturas familiares, no plural. Essa discursividade do modelo único, que cria o mito da uniformidade familiar, é motor de práticas e políticas higienistas do Estado, que vitimiza outros formatos de família. As participantes também afirmaram não se identificar com o modelo de família hegemonizado, embora muitas precisem reproduzi-lo. A reprodução da heteronorma é vista como parte de experiências vividas por lésbicas e experiências de ser e existir enquanto família lésbica permeadas por estigmas, opressões, barreiras, dificuldades cotidianas extrínsecas e intrínsecas, de modo que seguir a heteronorma se torna uma tentativa de (sobre)viver, embora não apague tais estigmas, opressões e barreiras. Ainda é importante destacar a ocorrência do item lexical “emprestadas”, para “irmãs emprestadas”. Tal discursividade aponta para a construção social dos papéis de membros de família, membros “emprestados”, pessoas sem relação consanguínea. Essa lógica apresentada derruba mais uma vez a ideia de família como construção biológica. Além desses, outros resultados também foram alcançados.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2142558 - DANIELE DE OLIVEIRA
Interna - 287728 - DENISE MARIA OLIVEIRA ZOGHBI
Externo à Instituição - LUCINEUDO MACHADO IRINEU - UECE
Externa à Instituição - MIRIAM PILLAR GROSSI - UFSC
Externa à Instituição - SIMONE BRANDÃO SOUZA - UFRB
Notícia cadastrada em: 25/07/2024 19:41
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