Banca de DEFESA: ALESSANDRA DE JESUS SANTOS LOPES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ALESSANDRA DE JESUS SANTOS LOPES
DATA : 25/11/2024
HORA: 13:30
LOCAL: Online
TÍTULO:

MULHERES DO FIM DO MUNDO: A VELHICE DE NEGRAS CHEFES DE FAMÍLIA ACOMPANHADAS PELA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


PALAVRAS-CHAVES:

envelhecimento populacional; racismo sistemático; fatores de risco; fatores protetores; chefe de família.


PÁGINAS: 184
RESUMO:

O envelhecimento de mulheres negras evidencia a dinâmica de dominação e poder, e demanda que se coloque em pauta o racismo, as relações de gênero e de classe social. A velhice de mulheres negras socialmente vulnerabilizadas na posição de chefia familiar caminha junto com a necessidade de prover as gerações subsequentes, dados os impactos do racismo, da violência e da exclusão nas famílias negras, bem como de ser beneficiária dos programas socioassistenciais. O objetivo desta pesquisa foi descrever as condições sociofamiliares de idosas negras chefes de família acompanhadas por um Centro de Referência em Assistência Social do interior da Bahia, identificar os acontecimentos da trajetória familiar da idosa, identificar os fatores de risco social ao seu envelhecimento e os fatores de proteção disponíveis e/ou desenvolvidos na velhice dessas mulheres em situação de vulnerabilidade social. O estudo foi dividido em duas etapas: 1) estudo observacional de corte transversal, de abordagem qualitativa, com base em dados secundários obtidos dos prontuários de famílias acompanhadas que são chefiadas por mulheres negras com mais de 60 anos do território; 2) estudo qualitativo, com a idosas identificadas no Estudo 1 que aceitem participar da etapa 2, composta por uma Entrevista Narrativa como instrumento de coleta de dados. Os resultados do Estudo 1 apontaram 51 idosas que acessaram o CRAS entre 2020 e 2021 com idade média de 63,2 anos. Em sua totalidade são beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada – BPC e Programa Bolsa Família - PBF, sem sua maioria, acumulam acesso a um ou mais serviços, programas e benefícios da PNAS, como Benefícios Eventuais, acompanhamento familiar através do PAIF ou PAEFI, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV. O segundo estudo conseguiu acessar 19 mulheres idosas, suas narrativas foram produzidas e colhidas no processo de entrevista. As informações colhidas no Estudo 2 apontam para lares numerosos, multigeracionais a partir da presença de filhos e netos, onde a figura de principal responsabilidade familiar está sob a chefe de família idosa. Os acontecimentos da trajetória familiar para a formação dessa chefia, de acordo são: a morte do cônjuge; a co-dependência de renda e de recursos pessoais entre a idosa e outros membros da família; o uso abusivo de álcool e de outras substâncias psicoativas por parte de membros da família da idosa; parentalidade socioafetiva; acolhimento de membros da família externa do cônjuge. Já a segunda parte do Estudo 2 indicam como fatores de risco ao envelhecimento de mulheres negras os seguintes elementos: violência de ordem racial, violência de gênero, violência doméstica, violência criminal, violência patrimonial, trabalho infantil, vínculo de trabalho precarizado, trabalho em situação análoga à escravidão, discriminação/exclusão comunitária, intolerância religiosa, moradia irregular, vítima de desastre natural. Enquanto fatores de proteção o elementos identificaram foram: renda, rede de apoio institucional, rede de apoio comunitário, rede de apoio familiar, religiosidade, parentalidade socioafetiva, propósito pessoal e ativismo político. O envelhecimento das mulheres negras, portanto, precisa ser entendido dentro de um contexto de vida repleto de desafios e resistência. Embora essas mulheres enfrentem obstáculos significativos, desde a violência doméstica até a dependência financeira, elas também constroem redes de apoio que lhes permitem sobreviver e, em alguns casos, prosperar. Políticas públicas que busquem fortalecer essas redes de apoio e promover maior equidade social são essenciais para garantir que as mulheres negras possam envelhecer com dignidade e segurança. É fundamental que o Estado e a sociedade civil reconheçam as contribuições dessas mulheres e atuem para eliminar as barreiras que ainda as impedem de alcançar uma vida plena e saudável.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - ***.840.686-** - DORIS FIRMINO RABELO - UFRB
Externa ao Programa - 1656707 - JOSIMARA APARECIDA DELGADO BAOUR - UFBAExterna à Instituição - JEANE SASKYA CAMPOS TAVARES - UFRB
Notícia cadastrada em: 12/11/2024 14:32
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