Investigação sobre a natureza do entendimento explicativo
entendimento, conhecimento, explicação, verdade
Neste texto discuto a seguinte questão: O que é o entendimento? Considero os principais argumentos na literatura e defendo uma concepção específica de entendimento, segundo a qual o entendimento envolve a apreensão de explicações corretas. Para tanto, discuto, inicialmente, a relação entre conhecimento e entendimento. Avalio em que sentido o entendimento difere ou não do conhecimento. Avalio propostas segundo as quais o entendimento seria distinto do conhecimento, assim como aquelas que caracterizam o entendimento como um tipo de conhecimento. Posteriormente, considero a relação entre entendimento e explicação. Apresento alguns aspectos elementares do conceito de explicação, e como ele envolve normalmente a apreensão de relações de dependência. Posteriormente, apresento a concepção de entendimento que considero mais plausível. Sustento que há entendimento quando apreendemos explicações corretas. Em seguida, avalio a noção de apreensão. Na literatura sobre entendimento, este termo aparece com frequência, normalmente ligado à transparência consciente. Irei argumentar que o entendimento não envolve uma transparência consciente ou qualquer estado de segunda ordem. Para tanto, apresento alguns dados em ciência cognitiva que demonstram a opacidade da mente, isto é, que temos um acesso bastante limitado aos nossos estados mentais, de modo que o sucesso cognitivo, expresso em termos de conhecimento ou entendimento, não envolve esta transparência consciente. No último capítulo, discuto a relação entre entendimento e verdade. Discuto um argumento a favor de uma concepção não factiva de entendimento com intuito de avaliar os principais pontos sobre essa questão. Após a caracterização deste argumento, sustento que há diversas respostas disponíveis ao veritista. Primeiro, pode-se defender uma concepção não-factiva de entendimento, mantendo a compatibilidade com o veritismo. Outra forma de manter o veritismo é admitir uma noção mais liberal de representação. Por fim, pode-se sustentar que apenas aqueles aspectos que fazem diferença são considerados em uma explicação correta, mantendo assim a tese de que o entendimento é uma noção factiva, isto é, requer a verdade como condição necessária. Defendo que esta última opção é a mais plausível.