Ontologia e Linguagem no Tractatus de Wittgenstein
Ontologia; linguagem; Wittgenstein; Tractatus.
A proposição, no Tractatus Logico-Philosophicus, é o sinal proposicional em uma relação projetiva com o mundo. Esse tipo de articulação, com efeito, deve fazer prosperar o mesmo estatuto lógico entre proposições falsas e verdadeiras. Mas como se ancora uma proposição falsa se o mundo, de acordo com o Tractatus, é tudo que é o caso? O trabalho pretende discutir a postulação dos objetos simples como uma exigência interna à harmonia entre mundo e linguagem, bem como à determinação do sentido proposicional com independência de seu valor de verdade. Os objetos são, então, fixos e imutáveis, variáveis apenas as suas configurações com outros objetos, impostas pela forma lógica. O resultado disso é que a exigência do simples tem como contrapartida a sua indistinguibilidade em relação a outros objetos, como o próprio Wittgenstein admite no aforismo 2.0233, sob pena de inviabilizar a figuração do mundo. Assim, o trabalho busca também explorar as consequências da teoria pictórica da figuração a partir da ontologia presente no Tractatus, em como o atomismo lógico se compatibiliza com a harmonia entre mundo e linguagem. O resultado é que os objetos só podem ser distinguíveis pela descrição de suas propriedades externas, isto é, como polos de coordenação com outros objetos. Definido como simples, por outro lado, é inefável o objeto mesmo. Assim, a aptidão da linguagem em poder traçar uma figuração do mundo inclui condições, as quais inefáveis, não podem elas mesmas serem objetos de descrição da própria linguagem, como é o caso da nomeação e a isomorfia entre mundo e linguagem presente na teoria pictórica.