DE BRAÇOS ABERTOS PARA HARILDO DÉDA: A celebração da arte do Mestre em A Última Sessão de Teatro
Palavras-chave: dramaturgia; memória; teatro brasileiro; Harildo Déda; Luiz Marfuz.
RESUMO: Esta tese se propõe a investigar um processo de criação dramatúrgica na cultura contemporânea, a partir de um olhar sobre as estratégias do artista baiano Luiz Marfuz ao escrever e dirigir a peça A Última Sessão de Teatro, lançada em 2009 para celebrar o aniversário de 70 anos de Harildo Déda (1939-2023), um dos nomes mais importantes da história do teatro na Bahia. O ator, diretor e professor homenageado representa, no imaginário de gerações, a figura icônica de um grande Mestre das artes, que se notabilizou com uma carreira longeva e multifacetada. O estudo analisa a peça, os seus reflexos na cena e a sua relevância na historiografia de Déda, que, ao protagonizar o espetáculo, torna-se a personalidade teatral do ano de 2009 em Salvador. O conteúdo dramatúrgico estudado nesta pesquisa surge de uma situação real envolvendo o homenageado. Mesmo estando em plena vitalidade, ele é obrigado a acatar a imposição da aposentadoria compulsória, após várias décadas de trabalho na Escola de Teatro da UFBA. A peça A Última Sessão de Teatro nasce do desejo de Marfuz de proporcionar um renascimento metafórico do Mestre, após vê-lo se desestruturar emocionalmente diante dessa situação imposta por lei jurídica. O autor parte do recorte verídico para criar um texto que coloca no centro da trama o próprio fazer teatral. Desprendida da fidelidade biográfica, a obra busca se aproximar e se distanciar da sua principal fonte de inspiração, mas sem perder de vista o caráter de homenagem ao protagonista, que entra em cena para interpretar o experiente ator HD. A crise da representação, o confronto de gerações, a adoção do modelo Mestre-aprendiz na relação entre as personagens e a influência de dramaturgos como Brecht, Beckett e Shakespeare são aspectos abordados nesta tese, composta por um referencial teórico que inclui a dramaturgia contemporânea e alguns temas transversais, a partir de autores como Lehmann, Szondi, Fernandes, Ryngaert, Dort, Dubatti, Guénoun, Sarrazac, Pavis, Abel, Bobbio, Bosi, Halbwachs, Ricoeur, Leão, Santana e Uzel. Mas sua riqueza maior é o testemunho vivo de Harildo Déda, o artista que atravessou a velhice em pleno gozo da produtividade criativa e sem jamais desistir de sua arte até se despedir da vida em 19 de setembro de 2023, aos 83 anos.
Palavras-chave: dramaturgia; memória; teatro brasileiro; Harildo Déda; Luiz Marfuz.