CENIVIVÊNCIAS:
PERFORMANCES E POÉTICAS NEGRAS NOS PROCESSOS CRIATIVOS DO
COLETIVO TEIA
Cenivivências; experimentação cênica; corporeidades negras; performance
negra; poética negra
A dissertação que está em desenvolvimento busca refletir sobre os processos criativos do
Coletivo TEIA – Teatro Experimental Interdisciplinar Amador e suas imbricações estéticas
engendradas a partir das performances de corporeidades negras. Evidenciar o TEIA como
um espaço-tempo de experimentação artística negra emancipadora e discutir como as
corporeidades negras integrantes fundam a poética do grupo a partir da performance. Bem
como, elaborar sobre a forma que o grupo utiliza perspectivas epistemológicas
contemporâneas de prática e pesquisa em artes em articulação com cosmologias africanas
e afro-brasileiras para consubstanciar suas práticas. O escopo metodológico da pesquisa
evoca um caráter etnográfico e se utiliza da análise de processos criativos, da Abordagem
Somático-Performativa e das escrevivências, se debruçando sobre as experimentações do
coletivo na tentativa de elucubrar como os processos criativos do Coletivo TEIA, na
aplicação de práticas afrorreferenciadas e somático-performativas, podem contribuir para a
emancipação de corporeidades negras na experimentação artística. Todas experimentações
artísticas do Coletivo são pautadas pelas vivências dos participantes, memórias que são
extraídas do corpo em exercícios disparadores, revelando os gestos do corpo negro em
performance. A partir da prática reflexiva, algumas chaves conceituais se aproximam na
elaboração teórica do grupo, uma das principais é a noção de “corpo-documento”, que traz o
corpo negro como o grande receptáculo das histórias do povo afrodiaspórico, registros que
são revelados na performance, na qual o principal disparador e fundamento é o movimento.
Outro importante conceito que se apresentou foi o de “Escrevivências”, que remonta à
criação narrativa, uma poética que entrelaça história, memória e experiência, a tradução
ficcional das nossas vivências. Noção que inspirou o termo Cenivivências, que dá nome a
nossos processos criativos. Compreendemos as Cenivivências como processos de criação
cênica que partem da/para uma dramaturgia corporal negra, num processo coletivo-
subjetivo, considerando corpo, condição e experiência como os principais elementos para
nossa criação artística.