“REAGINDO A”: dinâmicas de escuta do rock em perspectivas negras nas reactions audiovisuais
Gênero musical; Audiovisual; Afrodiáspora; Performance; Reactions; Rock.
Vídeos de reações ganharam popularidade como prática cultural (Bliss & Nansen, 2023). No
contexto de conectividade, de ambiências digitais (Gutmann, 2021), esta tese mira o âmbito
musical da modalidade no YouTube. Da profusão de pessoas negras reagindo a vídeos de rock
(Brock, 2020), a tese constituiu seu recorte encarando essa expressão como lócus de
articulações de corpos, identidades, territórios, convenções e disputas raciais para analisar
formas de escuta sinestésicas articuladas (Jaji, 2014) em rede. De um surfe/caminhar errante
que reperforma (Ingold, 2015; Taylor 2020), seis reações foram acionadas para compor um
arquipélago. Sob uma perspectiva afrodiaspórica e afetiva, a performance (Taylor, 2013;
Martins, 2021) foi uma das lentes metodológicas acionadas para interpretar esses audiovisuais
em rede. Partindo da hipótese que as reactions podem desestabilizar alicerces hegemônicos de
mundo, crítica e gênero musical foram problematizadas para tensionar agenciamentos coloniais
entre arquivos e repertórios. Analisando roteiros performáticos, percebeu-se que o apelo desses
youtubers reagindo deu-se à exotização. Dessas ambiguidades, porém, os reacts evidenciaram
dinâmicas de escuta (tensionando dimensões críticas) que redimensionam o rock e esses atores
– processo que mostra como o rock foi abastado de sua negritude. Do gesto da escuta conexa
(Janotti Jr. 2020), o percurso mostrou que os reactors tanto estabilizam convenções críticas
quanto desestabilizam evidenciando formas de ser negro que, às vezes, se antagonizam. Isso é
constituído por políticas de escuta que diluem a música por diferentes vias sugerindo uma
fluidez não só no fazer musical (Silva, 2021), mas na audição atrelada às perspectivas críticas.