PESQUISA E CONHECIMENTO: MASCULINIDADE E RACIALIDADE NO (CON)TEXTO DA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS.
Gênero; Raça; Masculinidades; Educação Infantil; Ensino Fundamental I
A presente pesquisa tem por objetivo compreender como acontecem as relações de gênero e raça entre os profissionais de pedagogia masculinos e femininos que atuam com crianças na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I as produções acadêmicas que discutem masculinidade e racialidade no âmbito da pesquisa em educação, na Educação Infantil pública, considerando as relações de gênero e raça no trabalho de pedagogos em ordenamento legal. Tomamos como referência as produções científicas disponíveis no Repositório da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD, no período entre 2020 e 2024. Trata-se de investigação de natureza qualitativa a partir da pesquisa bibliográfica e geo-academicamente localizada capaz de identificar e discutir concepções e tendências epistemológicas. A pesquisa possibilitou elaboração de um catálogo com 29 (vinte nove) trabalhos acadêmicos dos quais 2 (dois) trabalhos discutem a presença de homens negros no espaço da educação escolar com crianças, enquanto apenas 6 foram produzidos por pesquisadoras mulheres. Os relatórios finais dessas pesquisas apontam para uma baixa produção de trabalhos que discutam as relações de homens negros no âmbito da Educação de crianças nas etapas da educação infantil e do ensino fundamental I. Em algum nível, a maioria dos trabalhos objeto da pesquisa, apresentaram um conjunto de contradições provocadas pela divisão sexual do trabalho, reguladas por designações de gênero, construídos historicamente pelo patriarcado, representado pela masculinidade hegemônica, branca, cis-hetero, normativa que determinou este lugar como o lugar para o trabalho feminino. Esta determinação contribuiu na produção de estereótipos, estigmatizações, sofrimentos psíquicos que provocaram o abandono e a exclusão de homens que atuam como professores nos espaços escolares responsáveis pela educação e o cuidado de crianças, sob a alegação de suspeição e inadequação desses homens para realizem cuidados íntimos nas crianças. Além disso, os autores que discutiram a presença de homens negros apontaram que, a discriminação racial é um fator determinante na desqualificação dos homens que atuam na educação escolar de crianças. Por fim, constatou-se que, apesar dos sofrimentos psíquicos registrados, os tensionamentos também produziram amadurecimentos profissionais – tanto individuais quanto coletivos –, quebra de paradigmas, insurgências e insubordinações que forçaram diálogos sobre questões tão ultrassensíveis nas comunidades escolares e na nossa sociedade.