O "NOVO" ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO TÉCNICA PROFISSIONAL E A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR A PARTIR DE INSPIRAÇÕES BERSTEINIANAS E MACEDIANAS: COMPREENDENDO A POLÍTICA DE CURRÍCULO COM-VERSANDO COM PROFESSORES
Ensino médio. Formação técnica. Currículo.
Recontextualização. Discurso pedagógico.
A pesquisa que compõe esta tese teve como objetivo, compreender como os professores que atuam no ensino técnico do Instituto Federal da Bahia ( IFBA), a partir da construção de seus discursos pedagógicos, recontextualizam a política curricular do “novo” ensino médio no contexto da formação técnica profissional, com vistas à instituir atos de currículo. De forma específica, foram estabelecidos os seguintes objetivos: a) identificar no campo recontextualizador oficial- LDBEN, BNCC, DCNs - as regras que compõem a produção, regulação, e distribuição dos conhecimentos-saberes que constituem o currículo do “novo” ensino médio na formação técnica profissional;b) compreender em que medida os docentes mobilizam perspectivas críticas aos discursos oficiais e constroem constraestratégias voltadas à autorização e desetrutura de processos reguladores;c) compreender como os professores recontextualizam a política do “novo” ensino médio no contexto da formação técnica profissional, por meio das suas possibilidades reflexivas. Como referencial teórico, adotaram-se os conceitos de Basil Bernstein, particularmente no que tange ao discurso pedagógico e à recontextualização, bem como a perspectiva de Roberto Sidnei Macedo, especialmente no que se refere à noção de atos de currículo. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa fundamenta-se na Análise do Discurso de linha francesa, proposta por Michel Pêcheux, a qual propõe a análise do discurso a partir de três níveis — sujeito, sentido e ideologia —, articulada à abordagem etnocontrastiva, cujo elemento fundante são os etnométodos. Foram entrevistados cinco profissionais do Instituto Federal da Bahia, sendo quatro docentes e um pedagogo. Os resultados evidenciam como os diferentes sujeitos se posicionam frente à reforma do ensino médio, revelando tensões e contradições significativas, expressas por meio dos atos de currículo instituídos pelos docentes. Os etnométodos revelam como os professores traduzem suas práticas docentes, atribuindo sentido aos processos reguladores expressos nas políticas curriculares. Esses etnométodos demonstram ainda como os professores negociam significados entre as prescrições oficiais e suas concepções pedagógicas, construindo condições de autonomia nas brechas do sistema — traduzidas no processo de negatricidade — e desenvolvendo práticas que tensionam a lógica mercadológica e excludente da educação.