VADEIA, DOIS-DOIS, VADEIA NO CARURU DO LINDROAMOR AXÉ EM SÃO FRANCISCO DO CONDE/BA: o espiral do tempo das corp(oralidades) firmam um lazer e educação descolonial
Lindroamor Axé. Educação. Lazer. Decolonialidade. Corporalidade
Esta tese trouxe para a circularidade a manifestação cultural do Caruru do Lindroamor Axé em São Francisco do Conde - Bahia, festejo que celebra São Cosme e Damião, a alegria e a sapiência das crianças. No miudinho do samba de roda, da brincadeira e da fé os processos de feitura do folguedo se assentam no Terreiro Angurusena Dya N’Zambi e se abrem para festar na rua com toda a comunidade franciscana no Largo da Cubamba dia 27 de Setembro, dia de dois-dois. A festividade nos provocou a circular entre as dimensões do corpo, da ancestralidade e da memória, assim também como lançar para estes escritos olhares para os campos da educação e do lazer afim de alargar a gramática para os processos que se fazem e se expressam com o corpo em movimento e assim, estabelecer cruzos entre os campos. Nesse sentido, objetivamos compreender como as práticas, o brincar e rituais do Caruru do Lindroamor Axé abrem caminhos para alavancar as construções de uma educação e lazer descolonial, como também a partir de movimentos de imersão lançar provocações a partir das corp(oralidades) que habitam a infância firmando seus dribles e fissuras ao colonialismo, e também suas narrativas de construção de outros mundos possíveis. Metodologicamente, percorremos pela compreensão etnográfica e da cambonagem, no movimento de lançar-se à prática e assim, compomos estes movimentos através de áudios de conversas, notas de campo, registros fotográficos e revisão bibliográfica. Para tanto, firmamos que o Caruru se expressa enquanto temporalidade-territorialidade festiva a partir de um entendimento de mundo que abarca o lazer na dimensão da cultura e do sagrado, assim como uma epistemologia ancestral que produz ensinagens e aprendizagens através do corpo, uma educação descolonial. Para além, as corp(oralidades) do Caruru do Lindroamor Axé revelam o estado de infância habitado e vivido em comunidade amalgamado à uma compreensão da vida que se constitui na circularidade, é espiralar. Salve Cosme e Damião. Viva as crianças. Vadeia, Dois-Dois, vadeia.