REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS SOBRE OS CORPOS GORDO E OBESO: UM ESTUDO A PARTIR DO GOOGLE IMAGENS
Mídias digitais; Representação Social; Discriminação baseada em peso; Corpo gordo
Em meio à proliferação das mídias digitais, as imagens tornaram-se um status valorizado na construção e reafirmação de identidades e no processo de construção de si. Este trabalho tem como objetivo investigar a construção das imagens dos corpos gordos e corpos obesos, no Google imagens, dada a suposição de que as representações imagéticas desses corpos, em meios digitais, possuem comportamentos ambíguos e similares, considerando o imaginário/mental sociocultural atrelado a essas corporalidades. Para tanto, são estudadas as imagens dos corpos gordos e corpos obesos veiculadas pelo Google imagens, no contexto da sociedade de controle na qual o corpo está sob processos inter-relacionais de controle, assim como seus interferentes algorítmicos, na forma de algoritmo de aprendizado de máquina e estratégias de ranqueamento e mapeamento de tendências (Google trends) influentes na ordem de compartilhamento das representações imagéticas. Nesse sentido, as organizações que disseminam as imagens tornam-se, também, relevantes ao percurso da pesquisa. Quanto ao percurso metodológico, este projeto cruza os campos teóricos do corpo e da imagem, das mídias digitais e da sociedade de controle, e apresenta como abordagem teórico-metodológica a pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, em ambiente digital, inspirado em método de análise semiótica (Joly, 2007), no qual interpretou imagens produzidas pelo Google, selecionadas a partir de uma amostragem intencional. O acervo foi composto por fotografias de acesso público, tendo como descritores de busca “corpo gordo” e “corpo obeso”, abrangendo o período de publicação entre 2019 e 2022. Os resultados revelam imagens que exibem características de enaltecimento e empoderamento referentes ao corpo gordo, influenciadas pelo body positive e ativismo gordo permeadas, também, por um discurso que versa entre realidade e irrealidade. Além disso, marca-se a quantidade reduzida de corporalidades negras e gordas no corpus imagético. Foi possível concluir que as representações imagéticas afetam diretamente as práticas de saúde, frequentemente contribuindo para abordagens desumanizantes, reforçando estigmas e preconceitos contra os indivíduos com obesidade. Além disso, foi observado que as normas da saúde e do corpo saudável frequentemente excluem corpos negros, enquanto o contradiscurso visual não promove uma inclusão efetiva. Deste modo, considera-se premente a necessidade de reavaliar e humanizar como esses corpos, tidos como incapazes e patologizados, são representados e tratados, tanto no campo da saúde quanto no contexto social, do mesmo modo, a institucionalização de Políticas Públicas de Saúde, assim como, a criação e institucionalização de políticas voltadas às tecnologias digitais.