Mulheres, Corpos-Territórios de Luta: na linha de frente pelo Direito à Cidade no Centro Antigo de Salvador.
Corpo-Território; Gênero; Raça; Direito à Cidade; Centro Antigo de Salvador.
Este trabalho tem como objetivo compreender de que formas os sistemas de opressão e exploração patriarcal e racista, através do dispositivo de racialidade, se materializam na produção do espaço urbano, e como o agenciamento das mulheres, sujeitas políticas ativas na construção e defesa de suas comunidades, têm interrogado esses processos e articulado redes de ação cotidiana, tecnologias sociais, o cuidado coletivo, e a luta por infraestruturas urbanas, como formas de fazer política que confrontam a lógica hegemônica da produção do espaço, e constroem outras relações de vida nas cidades. A pesquisa tem como caso situado o Centro Antigo de Salvador, território historicamente construído pela população negra, conectado por suas raízes ancestrais, e marcado por práticas coletivas e ações comunitárias, protagonizadas por mulheres negras, na linha de frente da reprodução da vida e do enfrentamento de processos de despossessão, em decorrência de políticas e projetos de intervenção urbana marcadamente excludentes e racistas que têm sido desenvolvidos pelo Estado e pela iniciativa privada nas últimas décadas. As histórias, memórias e vivências das mulheres que protagonizam esses movimentos, são referências para o desenvolvimento deste trabalho, com um sentido político e epistemológico fundamental, entendendo que as narrativas e atuações das principais agentes do fazer-cidade cotidiano, são centrais para o fortalecimento das potências transformadoras em curso nos territórios. Os saberes, fazeres e atuações protagonizados por essa rede de mulheres e suas ancestrais, exercem um papel fundamental em suas comunidades e nas disputas urbanas na cidade, e evidenciam como a luta pela defesa do território é inseparável da luta pela defesa dos corpos das mulheres, uma vez que suas vidas e corpos são intimamente conectados aos lugares onde vivem. O direito ao território, e o direito à cidade, representam a defesa de suas próprias vidas e existências.