UM AQUI (antes) UM AQUI (agora)
Entre acúmulos, artifícios e sobreposições, na construção de imagens técnicas feitas por telefone celular para a rede social Instagram
1 Teoria da Formatividade
2 Imagem técnica
3 Arte contemporânea
4 Processo de criação
5 Redes sociais
texto desta tese apresenta, lembra e reflete sobre os processos de criação de quatro obras
de arte produzidas pelo artista pesquisador que é também autor do que se lê agora. Três delas
são séries que usam imagens técnicas como fotografias, vídeos e prints de tela, capturadas pelo
telefone celular, manipuladas e publicadas na rede social Instagram. A quarta é este texto que
acumula seu próprio passado e reflete sobre si. Todas foram executadas tendo como origem
o spunto, conceito discutido por Luigi Pareyson em sua Teoria da Formatividade e também
sua dialética da forma formada forma formante, a ação de formar como fazer, inventando seu
próprio modo de feitura ao tempo em que produz o trabalho. Ao longo do processo de criação
das obra, meu celular se torna o meu ateliê. E dentro da interface do aplicativo, enquanto local
de jogo e disputa, ocorrem as transformações nos percursos das narrativas dos trabalhos como,
por exemplo, em #brasil_acima_de_tudo_REAJA, que se vale desta hashtag capturada pelo
bolsonarismo para tentar desestabilizar seus discursos. É também na rede social, agora pelo
aplicativo de comunicação instantânea WhatsApp, que a série #CódigoParaReaçãoImediata se
inicia como uma reflexão sobre meu cotidiano mediado e se transforma em um estudo sobre a arte
enquanto artifício discursivo da colonialidade que ainda formata a construção da visualidade da
sociedade na contemporaneidade. A terceira obra, Toda Gente é Paisagem que Habito , recorta
em prints e vídeos alguns dos muitos encontros que vivi on-line, através de diferentes serviços
de videochamadas durante a pandemia da Covid-19, para refletir tanto sobre nossas vidas dentro
destes espaços virtuais, quanto sobre os contratos e acordos que estamos compulsoriamente
fazendo com as Big Techs que integram o complexo internético mundial. Por fim, nesta obratexto,
através de recursos do design editorial, corporifico as reflexões sobre os processos de
criação, a ideia de passado como construtor de presente, o acúmulo de imagens e de tempos, as
relações entre arte e política e as inevitáveis negociações entre obra e autor durante a criação
artística, entendendo as páginas que se sucedem como corpo da obra que mistura texto, imagens
técnicas e arranjos de design para produzir-se, dando a ver seu passado e as articulações que
realiza no presente enquanto se transforma.