USO DA ASSOCIAÇÃO DE HIDROXILAMINA E DETC NO TRATAMENTO DAS LEISHMANIOSES in vitro
Leishmaniose Cutânea; Leishmaniose Visceral; Leishmania braziliensis; Leishmania mexicana amazonensis; Leishmania (Leishmania) infantum; Ditiocarb; Hidroxilamina
RESUMO INTRODUÇÃO: As leishmanioses são um conjunto de doenças consideradas negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde, que atingem cerca de 1 bilhão de pessoas que estão sob risco de infecção. As manifestações clínicas variam de acordo com a espécie do parasito, da resposta imune e background genético do paciente. Para o tratamento da leishmaniose os fármacos mais utilizados atualmente são os antimoniais pentavalentes. Entretanto estas drogas possuem elevada toxicidade e efeitos colaterais desconfortáveis. Neste contexto, a busca de novos fármacos com alta ação leishmanicida e reduzida toxicidade faz-se necessária. Uma alternativa interessante tem sido o uso de fármacos que atuam em mecanismos da resposta imune, pois estes têm demonstrado resultados promissores. Dentre eles, o dietilditiocarbamato (DETC) é um quelante de cobre que inibe o funcionamento da superóxido dismutase, e já foi demonstrado que ele aumenta a produção de superóxido e diminui a carga parasitária na leishmaniose tegumentar experimental. Outro fármaco, a hidroxilamina, reage com o superóxido e durante esse metabolismo promove o aumento de peróxido de nitrito, molécula capaz de destruir parasitos intracelulares. OBJETIVO: Por isto, o objetivo deste trabalho foi testar a ação in vitro da associação de Hidroxilamina e DETC contra Leishmania braziliensis, amazonensis e infantum. MATERIAIS E MÉTODOS: Foram realizados testes de toxicidade em Leishmania braziliensis, amazonensis e infantum e em macrófagos murinos derivados de medula de camundongo BALB/C. Além disso, macrófagos derivados de medula óssea foram infectados por L. amazonensis, L. braziliensis e L. infantum e tratados por 48 horas para avaliar a percentagem de infecção e número de amastigotas através de contagem em microscópio de fluorescência. RESULTADOS: Nossos resultados mostraram uma redução do crescimento e viabilidade dos parasitos quando tratados a partir de 2 µM de DETC e na concentração mais alta de hidroxilamina (5mM). O índice de inibição de 50% foi de de 33,03 µM para hidroxilamina, 0,247 µM para DETC e 1,676 µM para combinação das drogas contra a Leishmania braziliensis. E contra os macrófagos murinos o índice de inibição de 50% foi de 237,0 µM para hidroxilamina, 11,47 µM para DETC e 67,16 µM para combinação das drogas (DETC/Hidroxilamina=1:2,5). Foi observado uma ação antagonista em macrófagos murinos usando a concentração combinada de 20uM de DETC e 500uM de hidroxilamina. Por outro lado, esta concentração combinada foi altamente sinérgica para L. braziliensis. A combinação dessas concentrações também foi capaz de reduzir significativamente a percentagem de infecção e o número de amastigotas por 100 células. CONCLUSÕES: Nosso resultados demonstram que a associação de hidroxilamina com DETC tem efeitos antiproliferativos potentes em promastigotas e amastigotas de L. braziliensis, amazonensis e infantum e apresenta baixa toxicidade em macrófagos murinos.