CARACTERIZAÇÃO DE VESÍCULAS EXTRACELULARES PRODUZIDAS NA INFECÇÃO POR Leishmania braziliensis E DE SEUS EFEITOS IMUNOMODULADORES
Vesículas extracelulares, Leishmania braziliensis, macrófagos, leishmaniose
RESUMO
A leishmaniose é uma doença tropical negligenciada e de amplo espectro clínico, causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania. Vários grupos relatam a secreção de vesículas extracelulares (VEs) em espécies de Leishmania, tais partículas têm a função principal de comunicação celular, exercendo efeitos na interação parasita-hospedeiro e entre os parasitas. Além disso, experimentos in vitro e in vivo demonstram o enriquecimento de VEs com biomoléculas, como fatores de virulência, fundamentais no processo infeccioso. Assim, nosso objetivo foi caracterizar as VEs secretados por macrófagos murinos infectados com L. braziliensis e avaliar o efeito da estimulação das células com essas VEs, em termos de carga parasitária e produção de citocinas. As VEs foram obtidas de culturas de macrófagos infectados com L. braziliensis e isoladas por centrifugação diferencial seguida de ultracentrifugação. Imagens de microscopia eletrônica de varredura sugerem que a liberação das VEs ocorre em todo o corpo celular de macrófagos infectados com L. braziliensis. A Nanoparticle Tracking Analysis (NTA) mostrou que VEs obtidas de macrófagos infectados por 24 horas têm um diâmetro médio de 155,91 nm. A NTA também mostrou que a quantidade de VEs produzidas pelos macrófagos infectados foi semelhante (152,35 x 108 VE/ml) à observada nos macrófagos controle (125,83 x 108 VE/ml), às 24h. A estimulação de células com 108 VEs/ml, obtida de macrófagos controle ou infectados, reduziu significativamente a carga parasitária de macrófagos após subsequente infecção por L. braziliensis. Paralelamente, a estimulação de macrófagos com 108 VEs/ml (independente da origem da VE), seguida de infecção por L. braziliensis, reduziu a produção de TNF quando comparada às culturas que permaneceram sem estimulação. Este trabalho fornece uma nova perspectiva sobre a produção de VEs por células infectadas com L. braziliensis e abre uma nova via de investigação sobre seu papel imunomodulador na leishmaniose cutânea.