CARACTERIZAÇÃO DO TRÁFEGO INTRACELULAR DE VESÍCULAS EM CÉLULAS-TRONCO PLURIPOTENTES INDUZIDAS DE PACIENTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E MUTAÇÃO NO GENE VPS13B
Neurodesenvolvimento, hiPSC, TEA, Tráfego intracelular, Vesículas, Endossomos, Autofagia, Reciclagem, Rab, complexo de Golgi, VPS13B.
INTRODUÇÃO: O transtorno do espectro autista (TEA) se relaciona com padrões de comportamento, estereotipias, déficits cognitivos e sociais. O tráfego endossomal e autofágico garantem o fluxo dinâmico de cargas citoplasmáticas e ambas as vias atuam de forma complementar, mas por mecanismos diferentes, evitando acúmulos de proteínas e organelas danificadas. O complexo de Golgi é uma interseção entre diversas vias intracelulares convergentes onde as proteínas Rab identificam e direcionam os compartimentos ao longo do tráfego intracelular. A proteína VPS13B está associada à membrana do Complexo de Golgi de forma interdependente às funções e estrutura. A proteína VPS13B transporta fosfolipídios diretamente entre endossomos, favorecendo a interação entre compartimentos endossomais e o complexo de Golgi no fluxo retrógrado. A mutação em VPS13B traz conexões entre distúrbios do neurodesenvolvimento, tais como Síndrome de Cohen e TEA com comorbidades como a microcefalia e a deficiência intelectual. Por isso, células tronco pluripotentes induzidas (hiPSC) de paciente doador, podem fornecer interpretações funcionais do gene VPS13B e sua relação com o TEA, favorecendo o desenvolvimento de alternativas que propiciam qualidade de vida para indivíduos acometidos ainda sem perspectivas terapêuticas específicas. OBJETIVO: Investigar o tráfego intracelular de vesículas em hiPSCs derivadas de paciente autista com mutação missense no gene VPS13B. MATERIAL E MÉTODOS: As hiPSC foram obtidas de doador neurotiípico saudável (EA1) e de paciente com TEA (IM5). Duas variantes missense do gene VPS13B foram identificadas no exoma completo da paciente doadora com TEA, sendo N2968S confirmada por sequenciamento de Sanger. Para analisar os compartimentos, foram utilizadas técnicas de imunofluorescência, transfecção lentiviral, nuclaofecção plasmidial e microscopia eletrônica de transmissão (MET). RESULTADOS: As hiPSCs IM5 demonstraram alterações endocíticas, tais como aumento da atividade endossomal (RAB5 e RAB7), degradativa lisossomal (LAMP1) e autofágica (LC3) com redução no sistema de reciclagem (RAB11B). A linhagem IM5 também apresentou alterações ultraestruturais, revelando perda da morfologia normal do Complexo de Golgi e aumento da presença de vacúolos autofágicos. CONCLUSÕES: Nossos resultados sugerem que o gene VPS13B é relevante para o transporte intracelular em hiPSCs de modo que a perda parcial danificou a estrutura do complexo de Golgi, reduziu o sistema de reciclagem mediado por Rab11b, estimulando a degradação lisossomal e atividade autofágica.