Banca de DEFESA: ALINE PENHA DO NASCIMENTO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ALINE PENHA DO NASCIMENTO
DATA : 24/07/2025
HORA: 14:00
LOCAL: https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/prograd-ufba
TÍTULO:

Do barro a palavra: a transmissão oral do conhecimento dos solos pelos povos africanos em diáspora


PALAVRAS-CHAVES:

Ìtán, Geografia, Diáspora Africana, Pedologia, Candomblé


PÁGINAS: 108
RESUMO:

Ao longo de centenas de anos os povos africanos têm sofrido um apagamento de seus saberes que são majoritariamente transmitidos oralmente, através de estratégias racistas e epistemicidas que os impedem de terem reconhecimento científico sobre seus feitos. Uma forma que estes povos encontraram para transmitir seus conhecimentos foi através dos Ìtán, mitologias africanas pertencentes à cultura imaterial das religiões de matriz africana. Diante disso, investigamos a transmissão oral dos conhecimentos pedológicos dos povos africanos escravizados e sua manutenção na cultura afro-brasileira, através dos Ìtán, com destaque para os utilizados no Candomblé da Bahia. Para tanto, buscamos compilações de ìtans e analisamos o conteúdo destes. Partimos de uma abordagem geográfica decolonial, verificando a presença de conhecimento dos solos e de técnicas de uso e manejo incorporadas nas narrativas míticas africanas. Passamos por um levantamento sobre o conhecimento africano de seu ambiente, com destaque aos solos tropicais, buscando identificar como este teria contribuído para a transformação e entendimento da paisagem americana a partir da diáspora. Selecionamos dois ìtan para aprofundamento: um sobre Nanã e a criação da humanidade, e outro de Ogum sobre instrumentos agrícolas. A partir destes, buscamos identificar a existência de uma cosmopercepção pedológica. Os resultados apontam que os povos africanos sequestrados para as Américas já possuíam um profundo conhecimento sobre solos tropicais, incluindo práticas de conservação, manejo e fertilização. Esse saber foi preservado na oralidade e na prática cultural das religiões de matriz africana, consolidando uma continuidade epistemológica que resiste à colonialidade do saber, tendo influenciado na transformação da paisagem das Américas. O reconhecimento das contribuições científicas afro-diaspóricas na produção do espaço geográfico, fortalece a necessidade de inserir a geografia no debate sobre raça, território e cultura. Além disso, reforça a importância da oralidade e sua validação como instrumento de transmissão do conhecimento e ressignificação da ciência geográfica a partir de perspectivas afrocêntricas e pluriversais.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1491759 - GRACE BUNGENSTAB ALVES
Externo à Instituição - NARCISO BARRERA-BASSOLS
Externa à Instituição - RITA DE CÁSSIA MARTINS MONTEZUMA - UFF
Notícia cadastrada em: 15/07/2025 07:35
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