Quando falamos de universidades e Instituições de Ensino Superior (IES), falamos de ambientes considerados como recursos valiosos para o contexto sociocultural onde estão inseridas, sendo assim, o investimento em PS nesses ambientes é também um investimento para o futuro. O movimento de Universidades Promotoras de Saúde (UPS) surge a partir dessa concepção, que enxerga a universidade como influenciadora na transformação de indivíduos e comunidades. Ao analisar as obras a respeito de PS, percebemos que há muitas interpretações e abordagens diferentes. Para entender melhor as possibilidades e direções, é importante considerar os estudos científicos relacionados às UPS. Esteartigoconstituiumarevisãointegrativadaliteratura,evidenciando concepções prático-metodológicas e modalidades textuais apresentadasarespeitodeUPS. Por meio deste estudo, é possível perceber que a universidade desempenha um papel fundamental na identificação e resolução dos problemas de saúde. Essas ações envolvem a criação e implementação de estratégias educativas, políticas, legislativas e organizacionais. A constituição de uma UPS deve ser apresentada de maneira mais sistematizada, focando esforços no fortalecimento das redes e caracterização deste movimento. Com os passar dos anos e o crescimento do movimento, têm-se construído um cenário favorável de estratégias de PS nas IES. Porém, devem ser mantidos os cuidados necessários para que ações e projetos de PS no ensino superior não sucumbam à um contexto de mercantilização. Deve-se também superar a tendência de entender a saúde unicamente como ausência de doenças.

Este trabalho, de abordagem quantitativa, exploratória e descritiva, tem como objetivo avaliar a qualidade do sono de graduandos do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para isso, esta pesquisa, realizada a partir da elaboração de uma coletânea de artigos que versam em torno dessa questão, se dividiu em dois produtos: o primeiro artigo trata da qualidade do sono de estudantes da graduação do BIS da UFBA durante a pandemia de COVID-19 e foi realizado a partir de coleta de dados primários por meio de um questionário aplicado aos estudantes, contendo perguntas relativas às características socio-demográficas e questões para aferição do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh. O segundo, por sua vez, foi realizado com o intuito de estimar a prevalência de sonolência excessiva diurna (SED) e fatores associados em graduandos do BIS da UFBA, e assim, discute os principais fatores associados à SED nos estudantes do BIS. Os resultados dos artigos contribuíram para identificar uma elevada prevalência de qualidade do sono ruim e a SED nos estudantes do BIS. Foram observadas também associações entre qualidade do sono e variáveis modificáveis e não modificáveis. Além disso, foi observado que, com a chegada da pandemia de COVID-19, a maior parte dos graduandos perceberam alteração no sono. Espera-se que este estudo sirva de subsídio para fomentar discussões sobre a qualidade do sono nos graduandos e as intervenções sobre programas educacionais do sono no ensino superior, aumentando o nível de conhecimento sobre esse assunto entre a comunidade acadêmica e a propagação de hábitos de sono mais saudáveis por meio de atividades e ações sobre higiene do sono e sobre a importância da prevenção da má qualidade do sono e SED, que prejudicam o bem-estar e a saúde dos estudantes.

O ensino superior no Brasil constrói-se de maneira segregacionista, voltada para as classes média e alta. A marginalização educacional da maior parte de sua população é fruto da herança colonial, que deixou praticamente sem acesso à educação todos aqueles que foram subalternizados pelo colonizador. No âmbito da produção do conhecimento, a universidade brasileira institui a ciência moderna como seu saber último e supremo, excluindo, então, todos os tipos de conhecimentos “estranhos” aos parâmetros de sua cientificidade. Contudo, nos últimos anos, há uma mudança em curso, no caso do Brasil. Dois marcos podem ser mencionados na transformação do paradigma de exclusão. O primeiro é a implementação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), em 2007. O segundo marco é a promulgação da Lei nº 12.711/2012, a chamada Lei de Cotas. Nas mudanças curriculares incentivadas pelo REUNI, os Bacharelados Interdisciplinares (BI) representam, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), uma oportunidade de inovação curricular propondo uma formação geral no cenário da educação superior. A partir dessas mudanças, a UFBA apresenta alterações gradativas no perfil étnico-racial e social dos estudantes, tornando-se mais inclusiva e diversa. Entretanto, ao pensarmos sobre essas alterações que resultam da chegada de novos perfis étnico-raciais, sociais, sexuais e de gênero, também precisamos pensar na inclusão epistemológica desses sujeitos, pois eles trazem novos desafios pedagógicos, curriculares e de formação. Este trabalho, de caráter qualitativo, quis compreender como a nova proposta pedagógica do BI, especificamente a do BI em Humanidades (BIH), tem contribuído para a efetivação do diálogo intercultural e a promoção de justiça cognitiva. Tendo como referencial teórico os estudos decoloniais, usamos entrevista compreensiva, realizadas com estudantes cotistas, para a produção dos dados. Os principais resultados empíricos da pesquisa apontam para a potência que tem o BIH para promoção de uma educação convergente entre ciência interdisciplinar e formação intercultural. Torna-se um esforço, ainda que preambular, do curso em propor e discutir novas propostas pedagógicas e teóricas a partir de diferentes arcabouços teóricos. Um esforço preambular por constatar, ao analisar os planos de curso, que pecam na seleção da bibliografia obrigatória dos componentes analisados, na medida em que, privilegiam certos corpos geopolíticos.

A pandemia por COVID-19 gerou impactos biopsicossociais em escala global, requerendo a realização de estudos para a sua compreensão. Nessa direção, esta pesquisa tem como objetivo apreender as representações sociais de estudantes universitários sobre a COVID-19. Os dados foram produzidos por meio de um Teste de Associação Livre de Palavras, um questionário sociodemográfico e entrevistas, em dois momentos. O primeiro consistiu na aplicação virtual do Teste de Associação Livre de Palavras e o segundo na realização das entrevistas tanto de forma virtual quanto presencial. Em ambos os momentos foi aplicado um questionário sociodemográfico. Participou da primeira etapa do estudo um total de 287 estudantes dos bacharelados interdisciplinares da UFBA e, na segunda, 34 estudantes. O teste foi realizado no período de agosto de 2021 a maio de 2022 e as entrevistas, entre novembro de 2021 e novembro de 2022. Os dados sociodemográficos foram apresentados por frequência, medidas de posição e de tendência central. Os dados do teste resultaram em um quadro de quatro casas e uma árvore máxima de similitude. A partir das entrevistas, foi produzida uma Classificação Hierárquica Descendente. Os softwares utilizados foram o Jamovi® , Evoc® e Iramuteq® . A análise dos dados foi feita com base nas técnicas da Análise de Conteúdo de Bardin e nas considerações de Jean-Claude Abric sobre a abordagem estrutural das representações sociais. Sobre os dados sociodemográficos, a maioria das estudantes é formada por pessoas negras, religiosas e por mulheres cisgêneras. O provável núcleo central da representação social sobre a COVID-19 foi composto pela ideia de que a COVID-19 gerou uma pandemia, marcada pela morte e pelo medo do adoecimento e da morte. Os elementos periféricos da representação social foram constituídos pela sensação de caos, por uma certa inquietude em relação ao governo e à presidência. Pertenceram também à zona periférica as medidas de proteção à saúde e as emoções dos participantes, como ansiedade, insegurança e tristeza. Os entrevistados destacaram que a pandemia produziu impactos em suas vidas e na sua comunidade. Eles demonstraram confiança no conhecimento científico para o enfrentamento da pandemia. Nesse contexto, o descontentamento com o governo presidencial, com suas condutas e posicionamentos políticos foi um elemento presente entre os entrevistados. Assim, a pandemia por COVID-19 desencadeou sentimentos negativos de ansiedade e medo, principalmente em relação aos membros do núcleo familiar, por conta do medo de que os familiares contraíssem a doença. Como a COVID-19 é uma doença recente, sugere-se aprofundar as suas representações sociais em estudos futuros, inclusive com outros grupos. Espera-se, com este estudo, contribuir com reflexões que auxiliem a universidade a desenhar estratégias para momentos de crise

A formação de profissionais e trabalhadores de saúde tem sido considerada um nó crítico no
processo de implementação do Sistema Único de Saúde brasileiro. Nessa perspectiva tem-se
intensificado o debate sobre necessidades de reformas e mudanças na política de educação
superior, no modelo de ensino e nos processos pedagógicos no âmbito dos diversos cursos. A
educação médica em particular tem sido um tema importante nos debates nessa área, que
geraram em 2014 as novas Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam os processos de
elaboração de novos cursos e reformas curriculares nos antigos. Na Bahia, destaca-se a criação
do curso de medicina no Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) do campus avançado da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) em Vitória da Conquista, implantado a partir de 2015.
Fundamentado em uma proposta inovadora de organização curricular, esse curso constitui o
objeto de uma investigação realizada no âmbito do Mestrado em Estudos Interdisciplinares
Sobre a Universidade (EISU - IHAC/UFBA). Inicialmente foi feita uma revisão integrativa de
literatura sobre a incorporação da proposta de currículo integrado nos cursos graduação na área
de saúde no Brasil, visando identificar as bases conceituais e metodológicas desse tipo de
currículo, uma vez que esta proposta foi adotada o no curso de Medicina do IMS-UFBA.
Posteriormente foi feito um estudo de caso único sobre o curso médico do IMS-UFBA,sendo
que a produção de dados foi feita através da revisão documental e análise de entrevistas feitas
a informantes chave, quais sejam, docentes que participaram da elaboração do Projeto Político
Pedagógico do curso e que compuseram o Núcleo Docente Estruturante (NDE) original, bem
como os docentes do atual NDE (2022) e também discentes da primeira turma do curso. Os
resultados aqui apresentados contemplam a caracterização do contexto institucional de criação
do curso, a análise do Projeto Político Pedagógico e a análise do processo de implementação
do curso, a partir de entrevistas com os docentes do NDE original e do ano de 2022. Assim, foi
possível discutir as bases conceituais e metodológicas do curso de medicina do IMS-UFBA,
observando-se um desenho curricular inovador que propõe uma integração vertical e
longitudinal de conteúdos ao longo do curso, através do uso de metodologias e d ispositivos
ativos de ensino e aprendizagem. Ademais, constatou-se que, segundo a percepção dos docentes
acerca dos processos de elaboração e implementação deste curso, este tem enfrentado diversos
percalços, sobretudo a insuficiência e inadequação do corpo docente às necessidades derivadas
do projeto pedagógico inovador. Porém, apesar disso, foi possível formar a primeira turma com
êxito. Os produtos da pesquisa estão apresentados sob a forma de três artigos, estando prevista
a elaboração de um quarto artigo contendo a análise das entrevistas com discentes do curso e a
eventual continuidade dos estudos relativos ao currículo do curso.

A partir da Lei 12.711 de 2012, as universidades públicas do Brasil passaram a adotar uma
política de cotas para estudantes negros, indígenas e de escolas públicas. Antes da aprovação
da lei, mais da metade das universidades federais já adotavam diferentes tipos de ações
afirmativas, atingindo grupos diversos. Em 2004, a UFBA, através de uma Resolução interna
01/04, estabeleceu pela primeira vez o ingresso de até dois estudantes, além do número de
vagas estabelecido para os cursos de graduação, desde que residentes em comunidades
remanescentes de quilombos ou indígenas. Diante do contexto de ingresso de estudantes
quilombolas no ensino superior, esta pesquisa pretendeu, a partir da narrativa de uma
estudante quilombola, desenvolver uma possível compreensão da relação entre permanência e
identidade no espaço acadêmico. A metodologia deste trabalho, de natureza qualitativa, foi
orientada pela perspetiva hermenêutica fenomenológica e os dados foram produzidos por
meio de entrevistas semiestruturadas. Observou-se como a perceção da identidade quilombola
mudou à medida que o interlocutor construiu sua trajetória educacional até a decisão de cursar
o ensino superior e após o ingresso. A percepção da universidade como um lugar distante é
coerente com a análise decolonial das instituições universitárias e sua estrutura excludente. Na
universidade, há um movimento de afastamento das questões quilombolas, de suas histórias e
modos de saber e fazer que, em grande medida, não dialogam com o saber acadêmico e a
produção do conhecimento científico. Por fim, a narrativa revelou a organização dos
estudantes quilombolas da UFBA a partir de um coletivo, o CODEQUI, como um exemplo
fundamental de ordem prático-ideológica para pensar estratégias de permanência simbólica a
partir de uma identidade coletiva.

Diante da pandemia de covid-19 provocada pelo SARS-CoV-2, conhecido como “novo coronavírus”, diversas cidades do mundo adotaram medidas restritivas que envolveram a suspensão de atividades educacionais presenciais em todas as etapas e em diversas modalidades. Seguindo essa perspectiva, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) suspendeu as atividades acadêmicas presenciais no dia 17 de março de 2020, atendendo as recomendações das autoridades sanitárias e os dispositivos legais que passaram a vigorar nos municípios que sediam as unidades universitárias. No sentido de dar continuidade às suas atividades de ensino, pesquisa e extensão durante o distanciamento social amplamente recomendado, foram instituídos, entre 2020 e 2021, períodos acadêmicos caracterizados pela oferta de componentes curriculares em modalidade não presencial, mediados a partir de tecnologias digitais. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é investigar como os(as) estudantes de graduação do ICTI/UFBA percebem seus processos de aprendizagens nos semestres online instituídos no contexto da pandemia de covid-19. Para isso, foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir de uma revisão de literatura do tipo narrativa, no sentido de analisar de que formas a aprendizagem vem sendo concebida no Ensino Superior nas pesquisas recentes e da realização de entrevistas narrativas com estudantes matriculados(as) nos componentes curriculares ofertados na modalidade online entre o Semestre Letivo Suplementar (2020) e o Semestre Letivo Especial (2021.1), instituídos na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A análise das narrativas se deu a partir do método hermenêutico-dialético proposto por Cecília Minayo, considerando o arcabouço conceitual da Teoria Social da Aprendizagem, de Étienne Wenger. Os resultados apontam que apesar dos(as) participantes reconhecerem e pontuarem aprendizagens construídas em outros espaços sociais, como a mudança de perspectivas sobre a vida e as formas de se relacionar, tanto com as pessoas que compõem as suas comunidades sociais, quanto com os objetos de estudo das comunidades de aprendizagem vinculadas à universidade, no geral, a aprendizagem ainda é vista como um resultado, um produto do acúmulo quantitativo de informações sobre os conteúdos ministrados, conquistado com esforço e que pode ser transmitido e utilizado para trazer um sentido científico para a prática. Os resultados propõem o exercício de repensarmos as nossas percepções sobre aprendizagem, ampliando os nossos olhares sobre o seu conceito e não a restringindo a tempos, espaços ou objetivos específicos. As mudanças abruptas impostas pela pandemia de covid-19 demonstraram que a educação pode ser mais flexível do que jamais imaginamos, permitindo o acesso a uma gama mais ampla de recursos e diferentes formas de aprender.

Nos espaços universitários, ações de extensão com temas sobre raça e negritude têm apontado
como importantes meios de diálogos e formações. Nos centros de formação de professores/as ,
o diálogo se faz ainda mais necessário. No entanto, é importante compreender como o
desenvolvimento das ações extensionistas têm permitido trocas e de que forma tem alcançado
o corpo estudantil. Nesse sentido, buscamos compreender como objetivo central deste estudo,
as percepções dos estudantes de licenciatura do Centro de Formação de Professores/as , da
Universidade Federal do Recôncavo Bahia/UFRB, sobre como as ações realizadas pelos
programas de extensão: Pet Afirmação, Poéticas Periféricas e Cafuné impactam em sua
formação. Tais programas possuem como objetivo principal, trazer em torno da extensão, o
debate acerca das discussões Étnico-Raciais. Essa é uma pesquisa qualitativa, do tipo
exploratória que utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada,
realizada com 8 estudantes, sendo um de cada curso do CFP, em diferentes períodos semestrais.
Além disso, como forma de delimitação dos programas envolvidos, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com as três coordenadoras dos programas. Esta pesquisa nos possibilitou
conhecer como têm sido desenvolvidas as atividades extensionistas no Centro de Formação de
Professores/as , entendendo como essas ações têm se norteado e sobre como tem alcançado a
comunidade estudantil do Centro. Também aponta caminhos de uma formação para as Relações
Étnico-Raciais, permitida por meio das ações de extensão, que tem não só possibilitado aos
estudantes do Centro de Formação de Professores/as/CFP a permanência qualificada nesse
espaço de formação superior, como também possibilitado o acesso a discussões necessárias à
formação sociopolítica e profissional, como raça e diversidade nos espaços acadêmicos.

Ao longo da história, a educação superior brasileira se construiu como elitista. No entanto, nas últimas duas décadas, a adoção de políticas públicas educacionais tem proporcionado o acesso de estudantes tradicionalmente excluídos do ensino superior. A presente pesquisa tem como objetivo principal analisar os desdobramentos da assistência estudantil enquanto política pública de combate às desigualdades sociais e raciais, tendo como lócus de pesquisa o Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Como objetivos específicos, buscamos identificar e analisar como a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia promove a assistência ao estudante no Centro de Formação de Professores, bem como analisar as condições para a permanência de discentes autodeclarados pretos e pardos em cursos de licenciaturas do Centro de Formação de Professores da UFRB. Como aporte metodológico utilizamos uma abordagem qualitativa, do tipo exploratória, na qual se realizou análise documental e entrevistas narrativas com discentes do CFP da UFRB. O embasamento teórico se fundamenta nos conceitos de equidade e desigualdade social presentes nos pensamentos de John Rawls, e nos conceitos de permanência estudantil de Dyane B.R. Santos. Propôs-se abordar a trajetória da política de assistência estudantil no Brasil e as políticas de ações afirmativas para acesso e permanência na educação superior. A importância do tema deve-se à observância prática de que a política para o ingresso no ensino superior público constitui-se uma forma de enfrentamento das desigualdades típicas da sociedade brasileira. Entretanto, compreende-se que apenas a promoção do acesso não garante a inclusão e que é preciso garantir também a permanência e a conclusão do curso. Entendemos que a política de assistência estudantil tem um papel fundamental na busca por igualdade de condições, pois é uma grande estratégia no combate às desigualdades sociais e raciais. Os resultados apontam que a política de assistência ao estudante do CFP busca abranger as áreas apontadas pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), possibilitando contemplar estudantes com as mais diversas necessidades que afetam a sua permanência na universidade. No entanto, consegue, apenas, contemplar uma pequena parcela dos estudantes que necessitam da assistência estudantil. E ainda, percebe-se que a permanência destes estudantes na educação superior só é possível com o apoio da assistência estudantil.

Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar, no âmbito da Universidade Federal da Bahia, as ações e as políticas de internacionalização voltadas para sua inserção no contexto da educação mundial global. A dissertação demonstra como esta Universidade tem, historicamente, realizado ações no sentido de se firmar como instituição que caminha na perspectiva da integração entre universidade e produção de conhecimento através da internacionalização. Para isso, fundamentado nos Planos de Desenvolvimento Institucional – PDI da Universidade, foi feita uma pesquisa documental dessas ações até a aprovação do seu Plano de Internacionalização em 2018. A análise está alicerçada na revisão das políticas adotadas pelos governos brasileiros para fomento à internacionalização universitária até a criação do Programa Ciências sem Fronteiras (PCsF) e Capes PrInt, do qual a UFBA foi e é partícipe, situadas enquanto significativas ações estratégicas para inserção das Instituições Federais de Ensino Superior brasileiras no cenário acadêmico internacional. Isso incluirá, certamente, o maior desafio apresentado pelos estudiosos sobre internacionalização: a proficiência linguística. Neste aspecto a dissertação enfoca o PROFICI - Programa de Proficiência em Língua Estrangeira para Estudantes e Servidores da UFBA, que se constitui como principal instrumento de qualificação e difusão da língua estrangeira para a comunidade interna da universidade. Ao lado dele, encontra-se o Núcleo de Línguas (NucLi) no âmbito do Programa Idiomas sem Fronteiras, que atua em articulação com o PROFICI no processo de ampliação de oportunidades de estudo de língua estrangeira para fins acadêmicos. A análise está pautada na revisão das políticas adotadas pelos governos brasileiros para fomento à internacionalização universitária com a criação do Programa Ciências sem Fronteiras (PCsF) e Capes PrInt, do qual a UFBA foi e é partícipe, situadas enquanto significativas ações estratégicas para inserção das Instituições Federais de Ensino Superior brasileiras no cenário acadêmico internacional.

A Nova Gestão Pública (NGP) é uma realidade em diversos países, como nos Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia e outros onde foi promovida a reforma gerencial do Estado. No Brasil, Bresser Pereira, ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso em 1995, promoveu essa reforma a partir do plano diretor de Reforma Administrativa do Estado (PDRAE). Tema que é realidade na atual administração pública brasileira, a NGP, traz práticas do setor privado para serem implementadas na gestão pública. O objetivo deste artigo é contextualizar os modelos de gestão utilizados pela administração pública ao longo da sua história, como o patrimonialismo, a burocracia e o gerencialismo; Além disso, com este artigo pretende-se alertar sobre a influência do gerencialismo na administração pública, sobretudo no âmbito educacional e sobre as críticas que estão sendo tecidas a este modelo gerencial, inclusive em literatura internacional.

O discurso de democracia racial, mestiçagem e cordialidade impactaram na forma como as políticas de ações afirmativas de cotas étnico-raciais foram compreendidas no Brasil. Estes discursos geraram relações normatizadoras que impactaram na fragilização das cotas étnicoraciais por conta das fraudes na autodeclaração racial, assim como a problemática da leniência na ação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em relação à institucionalização de medidas que visassem coibir e averiguar as fraudes nas cotas étnico-raciais. A partir de 2019, nos processos seletivos de ingresso na graduação, a UFBA, em vista de garantir segurança jurídica para a entrada dos estudantes negros cotistas, adotou como procedimento complementar à autodeclaração racial, a aferição racial, a partir da criação da Comissão Permanente de Heteroidentificação Complementar à Autodeclaração (CPHA), que tem como competência, administrar as bancas de aferição racial no processo de seleção para ingresso na graduação através de cotas étnico-raciais e da apuração de fraudes dos ingressos. Partindo de um estudo etnometodológico, visa-se investigar e analisar as práticas institucionais/discursivas da CPHA/UFBA por meio das práticas sociais dos seus participantes. O percurso teórico-metodológico, consiste em etnografia institucional a partir dos instrumentos de diários de campo e entrevistas das múltiplas referências envolvidas (Gestores, Avaliadores das Bancas de Aferição, Estudantes ingressos por cotas étnico-raciais, Dirigentes do Movimento Estudantil e Dirigentes de Movimentos Negro), compreendendo as suas implicações. Visa, por meio deste estudo, descrever o modo de fazer da CPHA/UFBA, assim como, compreender o processo de gestão universitária a partir do diálogo em conjunto com o movimento estudantil e o movimento social negro brasileiro.

A ansiedade está presente como afeto universal à condição humana desde tempos imemoriais. É tema de investigação cada vez mais frequente em diferentes grupos, entre estes, graduandos de medicina. Considerando a relevância do tema, o presente trabalho visou desenvolver revisão de literatura com o objetivo de caracterizar as concepções de ansiedade presentes em pesquisas sobre o tema realizadas com estudantes de medicina e identificar as estratégias de intervenção e os fatores correlacionados à ansiedade nestes estudos. Foi realizado um levantamento bibliográfico no Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, o Periódicos CAPES, na base de dados da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS. Foram selecionadas 42 publicações submetidas à análise a partir de ficha de levantamento bibliográfico e à análise lexical com o software IRAMUTEQ. Os resultados apontam para a preponderância da concepção psiquiátrica de ansiedade fundamentada na avaliação de sinais e sintomas e no viés da patologia. As estratégias de intervenção recomendadas nos artigos que compõem a amostra, no geral, estão orientadas pela perspectiva da prevenção, sobretudo no aspecto individual.

O presente estudo visa compreender os fatores que interferem na realização de mudanças organizacionais na área de gestão em uma universidade federal brasileira. Para o alcance do objetivo proposto, fez-se uma pesquisa qualitativa em que o objeto de estudo é a implementação de um setor administrativo nas Pró-Reitorias da Universidade Federal da Bahia. Foi realizada uma pesquisa de campo utilizando-se documentos institucionais e entrevistas semiestruturadas com os gestores e ex-gestores que atuaram nesses órgãos da Universidade entre os anos de 2013 e de 2019 e, através da análise de conteúdo categorial temática, obtiveram-se as características da mudança realizada, a forma como ela foi conduzida e os fatores que interferiram no processo da mudança de acordo com os gestores. O resultado das análises mostrou que: a implementação desse setor promoveu ajustes pontuais em órgãos específicos da instituição, caracterizando-se como uma mudança incremental, mais simples de ser realizada; cinco categorias se comportaram como facilitadoras e seis como dificultadoras, sendo que algumas delas, dependendo do contexto, se comportaram tanto como facilitadoras quanto como dificultadoras sendo compatíveis com as encontradas em estudos referentes a outras organizações; a maioria dos facilitadores e dos dificultadores estudados estão relacionados à forma como a mudança é conduzida e não às características inerentes à organização; as resistências mais relevantes foram constatadas entre os próprios gestores intermediários que se mostraram contrários ou indiferentes à mudança; o comprometimento dos gestores foi a categoria mais importante desse estudo. Por fim, concluiu-se que a principal estratégia utilizada pelos gestores que efetivaram a mudança foi promover o envolvimento dos servidores durante todo o processo, conseguindo o apoio da maioria deles, enfrentando pouca resistência e confirmando que eles estavam bem receptivos à mudança. Verificou-se também que implementar mudanças organizacionais continua a ser um grande desafio para as instituições, mesmo no caso de tipos de mudanças mais simples. Como conclusão, o estudo revela que embora o envolvimento da Administração Central seja fundamental para garantir a implementação das mudanças organizacionais, o comportamento dos gestores intermediários é o elemento decisivo neste processo.

Em 2009, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) implantou, parcialmente, uma nova arquitetura curricular: o regime de ciclos. Modelo acadêmico que prevê os Bacharelados Interdisciplinares (BI) como primeiro ciclo, os cursos profissionais tradicionais como segundo e cursos de pós-graduação como terceiro. A novidade curricular são os BI, cursos interdisciplinares de graduação organizados por áreas do conhecimento que oferecem uma formação geral, na intenção de evitar a profissionalização precoce e promover bases culturais e cívicas para os novos estudantes.O objetivo central desta pesquisa foi analisar as experiências dos estudantes que cursaram o BI em Saúde (BIS) e suas repercussões na escolha do curso profissional e na formação universitária entre aqueles que continuaram seus estudos no regime de ciclos.  Trata-se de um estudo de caso que toma a formação no BIS como unidade de análise. Para compreensão detalhada do objeto da pesquisa utilizamos duas técnicas de produção de dados: um questionário autoaplicável que alcançou 117 respondentes e entrevistas narrativas com 14 informantes. Os sujeitos desta pesquisa são egressos do BIS que migraram para cursos profissionais em saúde como segundo ciclo. Os principais resultados da etapa quantitativa da pesquisa apontam que o BIS trouxe mais uma possibilidade de ingresso ao ensino superior público entre jovens estudantes do gênero feminino, negras, que realizam uma primeira graduação, com disponibilidade total para os estudos. As principais motivações para o ingresso no curso dizem respeito ao desejo de profissionalização e de descoberta de um caminho no mundo do trabalho. Alcançamos estudantes egressos do BIS em 10 diferentes cursos profissionais em saúde embora, o maior percentual deles se concentre nas duas profissões prestigiosas do campo: Medicina e Odontologia. Os estudantes afirmam que estão altamente satisfeitos e que não pretendem retornar à universidade para cursar outra graduação o que revela a efetivação de um dos aspectos do BIS que é a promoção de segurança em relação às escolhas profissionais. Ao reconstruir as itinerâncias formativas desses estudantes, a partir da análise de suas narrativas, identificamos que os projetos de profissionalização vão entrando em cena com o passar dos semestres e que parte deles, efetivamente, respondem à proposta de não profissionalização precoce, enquanto que outro grupo de estudantes constrói seu caminho no primeiro ciclo visando o ingresso no curso médico, encarnando o “Projeto Medicina”. Este desejo de tornar-se médico e que impulsiona um modo peculiar de construção curricular, produz distorções do processo educativo e traz tensões internas para o BIS e para a UFBA. Outro aspecto analisado foram as contribuições do BIS para a formação acadêmica dos estudantes. A partir da análise categorial temática, foram identificadas cinco contribuições distintas relacionadas a conhecimentos e habilidades de longa duração sobre a vida universitária, cívica e de futuros profissionais em saúde. Apesar de lidar com desafios colocados pela predominante arquitetura curricular profissionalizante e as desigualdades de poder, prestígio e rendimento das profissões no campo da saúde, o BIS tem executado uma formação geral e interdisciplinar e promovido uma vida universitária diferenciada para aqueles que ingressam no regime de ciclos da UFBA.

Introdução: Apesar do crescente entendimento de que psicólogos devem receber treinamento para diferenciar experiências religiosas de transtornos mentais, não foram identificados estudos brasileiros sobre a formação do psicólogo para o desenvolvimento desta competência.  Objetivo geral: Analisar percepções de estudantes de psicologia relacionadas à aprendizagem recebida para a avaliação clínica de experiências religiosas. Método: Revisão Integrativa dos estudos nacionais sobre a diferenciação entre experiências religiosas e transtornos mentais. Aplicação de um questionário estruturado sobre religiosidade na prática clínica em trinta discentes do Curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Os dados produzidos por meio do questionário foram submetidos a análises quantitativas e qualitativas. Principais resultados: Observou-se, nos 18 textos analisados, a prevalência de uma perspectiva não patologizante e de uma concepção de saúde que pouco considera seus determinantes sociais. Quanto às respostas dos/das participantes, verificou-se que conhecimentos científicos, religiosos, elementos subjetivos e/ou estéticos estiveram presentes em suas percepções sobre as experiências religiosas. Constatou-se também a aprendizagem de que tais vivências podem não ser patológicas. Entretanto, eles/elas não demonstraram conhecimento técnico suficiente para identificar com segurança quadros não patológicos. Não foram identificados elementos que permitem afirmar que o Curso de Psicologia ofereceu-lhes treinamento sobre o diagnóstico diferencial entre experiências religiosas e transtornos mentais, entretanto a maioria das/dos participantes o considerem relevante. A patologização e a “normalização” de tais experiências entre pessoas não religiosas destacaram-se como temas a serem debatidos na graduação. Considerações finais: A produção científica nacional parece contribuir para a estrutura tecnicista do ensino superior brasileiro e a formação do psicólogo destaca-se como processo que se realiza em um espaço de encontro entre linguagens e formas de conhecimento. A lacuna formativa identificada coloca a possibilidade de avaliação inadequada dos elementos relacionados à religiosidade, de “normalização” ou patologização dos mesmos.

No contexto contemporâneo estruturado pelas tecnologias digitais em rede o crescimento
exponencial ao acesso à informação vem transformando a maneira de trabalhar, estudar,
pesquisar e expressar-se. Este cenário faz emergir certas demandas pelo desenvolvimento
de habilidades associadas ao letramento digital como: buscar, acessar, organizar,
armazenar, compartilhar, remixar. Softwares de gestão bibliográfica são capazes de
otimizar este processo. Desta forma, a questão norteadora da pesquisa foi: quais as
contribuições do gestor bibliográfico Zotero para o letramento digital dos estudantes dos
Bacharelados Interdisciplinares (BI) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nesse
sentido, o objetivo da pesquisa é analisar como as práticas de letramento, que emergem da
mediação com o Zotero, podem contribuir com o letramento digital dos estudantes do BI da
UFBA. Para tanto, trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo baseada nos princípios da
pesquisa-ação no que se refere ao planejamento e implantação de uma proposta de
intervenção para o desenvolvimento dessas habilidades através da mediação com Zotero. O
primeiro ciclo da pesquisa-ação consistiu em uma pesquisa exploratória com a implantação
do Zotero em uma turma do componente curricular Estudos Sobre a Contemporaneidade
dos BI da UFBA. E, após o acompanhamento e avaliação da etapa anterior, o ciclo da
pesquisa-ação foi retroalimentado através da realização da oficina de Leitura e escrita com
o Zotero. Em ambas as etapas os principais instrumentos de produção de dados foram
questionários online e observação participante. Pela análise, concluímos que ainda há
resistência dos estudantes em implantar, em suas práticas acadêmicas cotidianas, as
aplicabilidades do Zotero para leitura e escrita em suporte digital. Entretanto, a oficina
realizada indicou que, através de intervenções mais sistematizadas, o Zotero pode
contribuir com a ampliação das habilidades operacionais, informacionais e autorais de
letramento digital dos estudantes. Logo, destaca-se a necessidade de uma inserção mais
efetiva e esclarecida da comunidade nos debates sobre os novos letramentos, mais
especificamente, o letramento digital. Acreditamos que os BI, seu corpo docente e
institucional, devem estar comprometidos em desenvolver um ambiente capaz de promover
a ampliação das habilidades de letramento digital dos seus alunos para que seus estudantes

atuem de maneira ativa, crítica e autônoma no seu processo de produção de conteúdo.

Esta dissertação discute a construção dos percursos acadêmicos e profissionais de indígenas egressos da Universidade Federal da Bahia - UFBA.  As políticas de ação afirmativas têm modificado o corpo discente das universidades e possibilitou o ingresso de um número cada vez maior de indígenas nos seus cursos. A UFBA, passou a desenvolver sua política de acesso diferenciado em 2004, e hoje já tem indígenas egressos de seus cursos, que depois de passar pela universidade continuam a desenvolver seus percursos como profissionais. Para conhecer essa realidade foi realizada uma pesquisa qualitativa, através de entrevista semiestruturada, utilizando os princípios da entrevista compressiva, dividida nos tópicos: acesso e ingresso na Universidade Federal da Bahia; percursos acadêmicos durante o curso de graduação; percursos pós-formação e atuação profissional. Foram entrevistados cinco egressos, todos da etnia Pataxó, da aldeia Coroa Vermelha. Nos relatos aqui apresentados, destaca-se a construção dos percursos acadêmicos e profissionais, tendo como motivador os objetivos e necessidades de suas comunidades. Os egressos falam de sua expectativa de retorno a comunidade e seus esforços para efetivá-lo. Os estudantes repensam o significado do retorno, sendo não somente voltar fisicamente para a aldeia, mas contribuir com sua atuação acadêmica, profissional e política em prol das causas indígenas. Como resultado da análise das trajetórias acadêmicas e profissionais dos egressos entrevistados nessa pesquisa, podemos dizer que a formação universitária não é uma forma de afastar os indígenas de seu vínculo étnico-comunitário, os estudantes indígenas alcançam o status de profissional de sua área sem, no entanto, deixar de assumir sua identidade indígena.

Esta dissertação, apresentada em formato de coletânea de artigos, tem por objetivo
analisar a percepção dos docentes sobre o seu trabalho em uma Instituição Pública de
Ensino Superior, a fim de compreender como lidam com a ampliação de seu escopo.
Para tal finalidade, pretende-se analisar a dinâmica do desenvolvimento profissional da
atividade docente; investigar o processo de ampliação no escopo do trabalho docente;
compreender quais são as concepções que o professor atribui à atividade docente;
verificar quais as estratégias utilizadas pelos docentes diante da ampliação no escopo do
trabalho. Desta forma, traça-se um panorama da realidade da docência naquele centro
universitário no contexto do dia a dia, e igualmente observar os gargalos da profissão no
intuito de entender as estratégias usadas pelos docentes para superarem as adversidades.
Como percurso metodológico, utilizou-se dos pressupostos da pesquisa documental,
bibliográfica e da pesquisa qualitativa, as quais possibilitaram a compilação de estudos
referentes ao trabalho docente nas universidades, refletindo-se ainda sobre as
subjetividades da percepção do indivíduo acerca de sua relação com o trabalho. Como
instrumento de pesquisa foram utilizadas pesquisa bibliográfica e documental, além de
entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados por meio da Análise do
Conteúdo (BARDIN, 2011) e, através das palavras e frequência dos depoimentos dos
entrevistados, identificou-se quatro categorias de significados, as quais nos permitiram
formular os seguintes temas: Percepção dos docentes quanto à sua trajetória para tornar-
se professor(a); Percepção dos docentes em relação ao seu trabalho; Percepção dos
docentes com relação à saúde na docência; Percepção docente quanto ao
reconhecimento da profissão. Os resultados indicam que se trata de uma atividade
multifacetada, tendo este profissional que desenvolver atividades de ensino, pesquisa e
extensão, além de participar da gestão e do planejamento universitário. Foi então
possível compreender, a partir das entrevistas, as relações de prazer e tensão dos
docentes em relação ao seu trabalho, revelando um certo desânimo em relação à
reconfiguração da conjuntura da atividade docente resultante da gama de exigências e
condições de realização do trabalho profissional na universidade contemporânea. Pôde-
se observar ainda a caracterização da atividade docente como um trabalho decente,
conforme preconiza a Organização Internacional do Trabalho. Não obstante os ataques
que a universidade pública, os docentes e a comunidade acadêmica em geral têm sofrido
‒ seja pela mercantilização da educação, seja por políticas públicas que vão de encontro
ao caráter formador e transformador da Universidade ‒ percebe-se ainda que este
ambiente universitário carece de propostas e ações que permitam um maior cuidado
com a saúde de seus profissionais. Nesse sentido, avalia-se que o ambiente universitário
tem se tornado, em uma parte expressiva, adoecedor. Faz-se então mister estudos que

permitam melhor compreensão desse fenômeno e possibilitem mudar esse panorama, de
modo que a universidade consiga cumprir seu papel social.

O presente trabalho consiste num estudo de caso cujo objetivo foi analisar as relações
estabelecidas entre o Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia e a comunidade
do seu entorno. O Museu de Arte Sacra é um museu universitário de considerável relevância
histórico-cultural para a cidade e para o campo das artes, que se encontra fora do campus da
Universidade e inserido numa comunidade tradicional do Centro Antigo da cidade de
Salvador. Tendo como ponto de partida a museologia social e amparado por referenciais
teóricos e normativos, o estudo trabalhou com o pressuposto de que a interação entre museu e
comunidade é condição primordial para que o primeiro exerça plenamente o seu papel
enquanto patrimônio cultural. Para melhor compreensão do objeto de pesquisa, foi feita uma
retrospectiva do conceito de patrimônio e um histórico das políticas públicas de cultura no
Brasil, com atenção especial para as políticas públicas para museus. A proposta foi refletir
sobre o caráter participativo das políticas, tendo como destaque o plano museológico,
instrumento de gestão obrigatório para os museus brasileiros, segundo orientação do Estatuto
de Museus. Foi também realizada uma breve discussão dos conceitos de memória, identidade
e comunidade, visto que esses se relacionam diretamente com o objeto da pesquisa. Para
atender ao objetivo central do trabalho foi realizada uma análise do documento normativo do
Instituto Brasileiro de Museus intitulado Subsídios para a Elaboração de Planos Museológicos
e também foi analisada a política de museu da Universidade Federal da Bahia e do Museu de
Arte Sacra. Com o objetivo de conhecer a percepção da comunidade acerca da interação do
Museu, foram entrevistados representantes de instituições socioeducativas do entorno da
Instituição. Foi realizado também um levantamento das ações realizadas pelo Museu para a
comunidade ou com a parceria desta. Como contribuição para o cenário, buscou-se uma
metodologia de trabalho que possa ser aplicada na elaboração de uma política para o Museu
que possibilite maior interação com a comunidade do entorno e que tenha como princípio
norteador a participação popular. A partir desse anseio e da análise dos trabalhos mais
recentes no campo das políticas e planos de cultura, o diagnóstico participativo mostra-se
como possibilidade viável.

O presente trabalho tem como escopo o estudo sobre o Projeto de Extensão Cultura e
Negritude: suas implicações no âmbito da cultura e da formação com ênfase nas religiões de
matriz africana. O projeto supracitado é de iniciativa da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia (UFRB, do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (CECULT),
situado em Santo Amaro (BA). O objetivo da pesquisa é compreender as práticas formativas
descolonizadas, multiculturais e em dialogicidade com o território de inserção, além das suas
contribuições para as políticas afirmativas no Recôncavo e as discussões da lei 11.645, de 10
de março de 2008, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro- brasileira e Indígena”. A pesquisa é na área de educação
superior, cuja linha de pesquisa é gestão, formação e universidade. A abordagem
metodológica adotada foi a etnopesquisa crítica aplicada à educação que se baseia na
multirreferencialidade, complexidade e subjetividade, trazendo à voz do sujeito implicado que
não se separa do objeto estudado e dos participantes da pesquisa. Como dispositivos de
pesquisa foram utilizados a revisão de literatura, a observação participante, as entrevistas
abertas e as pesquisas documentais que trouxeram uma profusão rica de elementos formativos
consubstanciados na multiculturalidade, diversidade, afirmação da identidade e da cultura
afro-brasileira em conexão de saberes com a comunidade, reafirmando a necessidade de
incitar e institucionalizar projetos de extensão atrelados à ecologia de saberes e às ações
afirmativas como práticas de combate ao racismo e inclusão social

Este estudo tem como objeto as experiências dos estudantes na etapa dos estágios obrigatórios do curso de Psicologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) com os objetivos de contribuir para a análise do impacto da política nacional e institucional de estágios na formação dos estudantes, descrever para compreender a concepção de estágio do curso, conhecer as experiências dos estudantes e professores no campo dos estágios, apontar referenciais através dos campos de estágio que possam integrar o currículo, a formação e a qualificação do estudante para atuar no mundo do trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva baseada na etnopesquisa-implicada e na pesquisa da experiência, em que a experiência do/a pesquisador/a e dos atores sociais se fortalece nas narrativas e na interpretação dos seus etnométodos. A pesquisa ocorreu durante o semestre letivo 2018.1 e foram entrevistados três discentes matriculados e cursando componentes curriculares de estágio e quatro docentes orientadores de estágios obrigatórios que participaram da entrevista compreensiva. O estudo apoiou-se nos conceitos de construção identitária, formação e os seis aspectos que envolvem os estágios na graduação que são: currículo, políticas, operacionalização, concepção, regulamentação e gestão. Os resultados destacaram a importância dos estágios para formação profissional, para a sociedade e as implicações entre/dos participantes desta formação, bem como, avaliaram os estágios do curso de Psicologia no âmbito estrutural, organizacional, curricular, política e legal.

Após quase 40 anos passados desde a contabilização dos primeiros casos de infecção pelo HIV, estima-se que, até junho de 2018, apenas no Brasil, 982.129 pessoas tenham contraído o vírus. O HIV/AIDS é uma doença de múltiplas faces, que pode sofrer a influência de diversos fatores, sejam eles demográficos, socioespaciais, financeiro, de gênero, etc. Vários são os campos de saber que o estudam, inclusive com a abordagem das Representações Sociais. Objetivo: analisar as Representações Sociais de estudantes universitários, participantes de um projeto de extensão sobre o HIV/AIDS. Metodologia: Trata-se de um trabalho quanti-qualitativo, realizado em dois momentos, com estudantes dos Bacharelados Interdisciplinares, da Universidade Federal da Bahia, que participaram do Projeto de extensão universitária AIDS: Educar para Desmitificar, nos anos de 2017 e 2018. Num primeiro momento, buscou-se identificar a estrutura das representações dos estudantes sobre o HIV. Em seguida, foram discutidas as Representações Sociais propriamente ditas. Para a coleta de dados foi utilizado o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), além da realização de entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados com o auxílio do aporte teórico e metodológico da Teoria das Representações sociais, proposta por Moscovici, e da Análise de Conteúdo de Bardin, de forma a explorar a complexidade das respostas dos participantes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados e Discussões: Ao contrário do que acontece em outros 10 estados brasileiros, as taxas de detecção do HIV/AIDS no estado da Bahia apresentam tendência de aumento, com 11% a mais no ano de 2017, quando comparado com 2007. Os casos estão concentrados, para homens e mulheres, na faixa etária de 25 a 39 anos. Em relação à estrutura representacional dos estudantes acerca do HIV, percebe-se que o seu Núcleo Central é constituído pela ideia de doença, embora se disponha hoje de um cuidado em saúde que pode evitar o desencadeamento da AIDS. A análise dos TALP e das entrevistas possibilitaram uma série de reflexões, notadamente sobre a percepção que os jovens têm acerca do não uso do preservativo. Segundo eles, essa prática se configura como o principal comportamento de risco frente às infecções do HIV, porém os mesmos acabam não se considerando expostos a esse risco, praticando o sexo desprotegido. Isso indica uma possível transferência de percepção de vulnerabilidade, quando associam, de alguma forma, as infecções a determinados ‘grupos’ ou situações específicas. Considerações: Embora existam trabalhos sobre as representações sociais ligados à temática do HIV/AIDS, o tema faz relações com diversas questões, não se limitando apenas ao vírus ou à síndrome. Foram identificados os conhecimentos e as percepções de aspectos que se relacionam direta ou indiretamente com o vírus, como comportamentos de risco, formas de transmissão, tratamento, etc. Também se percebeu que certos aspectos individuais e coletivos podem exercer influências nessas representações. Pode-se afirmar que o HIV carrega até hoje uma série de elementos relacionados aos processos de saúde e doença, como fatores de vulnerabilidade, formas de prevenção ao contágio, fatores socioculturais, pauperização, dentre outros. Levando essas questões em consideração, bem como o aumento de infecções entre jovens, se mostra de exímia importância o incentivo à pesquisas e ações voltadas especificamente para a população universitária. Além disso, também deve ser incentivada a criação de espaços para diálogos, onde os estudantes possam expor suas opiniões, dúvidas e questionamentos

A pesquisa visa compreender como se dá a pregnância das Políticas Afirmativas através das atividades de ensino-formação, pesquisa e extensão da UFRB, isto é, como se dá a orientação da política institucional da UFRB, e as interfaces das políticas afirmativas a partir das experiências estudantis. Com a finalidade de sustentar a defesa, afiliei-me ao campo teórico das narrativas de vida-formação (DOMINICÉ, 1985; FERRAROTTI, 1979; NÓVOA e FINGER, 2010; PINEAU, 1985; POLLAK, 1989; 1992), identidade e diferença (SILVA, 2012), pertencimento e permanência no ensino superior (JESUS, 2007; 2010; JESUS e NASCIMENTO, 2013; ALVES, 2016; ALVES e NASCIMENTO, 2018), entrelaçando-os para responder às intenções deste estudo. A pesquisa se insere no campo da Etnopesquisa, sendo uma Etnopesquisa Implicada e Multirreferencial, como a define Macedo (2000), de cunho fenomenológico, qualitativo, que tem implicação direta com os estudos no campo da história de vida-formação (JOSSO, 1978), e com o campo da complexidade e multirreferencialidade (BURNHAM, 1993; ARDOINO, 1998). Nas considerações, a partir da colaboração de oito estudantes-bolsista inseridos nos grupos de pesquisa, extensão e ensino-formação, reúno elementos proeminentes das falas destes, cruzadas às experiências do pesquisador e da teoria, para avaliar os avanços das políticas afirmativas na UFRB, bem como os pontos de fragilidades e caminhos à potencialização da pregnância das Políticas Afirmativas.

Este estudo teve como objetivo conhecer a perspectiva dos estudantes com deficiência visual sobre a experiência de formação na Universidade Federal da Bahia, especificamente em relação ao acesso aos recursos materiais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com uso de entrevista semiestruturada, realizada com oito estudantes com deficiência visual da Universidade. A análise das entrevistas demonstra que a Instituição ainda não atende completamente a legislação vigente, o que pode ser observado nos relatos dos estudantes, quando evidenciam os desafios no ambiente acadêmico, destacando as ausências de acessibilidade arquitetônica, metodológica, digital e atitudinal. Contudo, a inclusão educacional na Universidade requer ainda que as políticas públicas sejam mais eficazes como forma de garantia de direitos aos estudantes com deficiência visual.

O presente estudo tem como objetivo caracterizar a produção científica nacional
relacionada à temática Avaliação Docente pelo Discente (ADD) com ênfase no
ensino superior brasileiro. A metodologia incluiu revisão bibliográfica de artigos
científicos utilizando sete descritores para busca e seleção de artigos indexados nas
bases de dados do Portal de Periódicos Capes, do Google Acadêmico e do Scientific
Electronic Library Online (SciELO). A pesquisa explorou a literatura do período de
1993 a 2017. Realizou-se a leitura na íntegra de 26 trabalhos selecionados, com o
intuito de obter informações acerca do ano de publicação, tipo de estudo, temas
abordados e periódicos em que foram publicados. A análise dos dados permitiu a
identificação de cinco temas: Propósitos (para que se avalia?); Dimensões (o que se
avalia?); Instrumentos (como se avalia?); Visões (de professores e alunos - qual a
visão/percepção desses atores sobre o processo?); e Vieses (quais os vieses,
limitações e problemas apontados nos estudos?). Os resultados apontam a
presença de artigos do tipo empírico, todos versando sobre cursos de graduação e
indica uma tendência crescente do número de trabalhos publicados a partir de 2008.
A revisão de literatura fornece um panorama das principais questões relacionadas à
temática da ADD e discute as principais implicações para a sua implementação na
prática universitária.

Propostas curriculares diferenciadas, denominadas inovação, foram construídas num contexto de democratização do acesso e interiorização de universidades federais. A reestruturação acadêmica no âmbito da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), proposta a partir de sua adesão ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), é apresentada especialmente através dos Projetos Pedagógicos dos Bacharelados Interdisciplinares e similares. As estruturas curriculares nesses projetos se justificam pela necessidade de superação de um sistema fragmentado e unilinear, convencionalmente existente. Após uma década da proposta, faz-se necessário contrastar as narrativas políticas e conceituais da inovação acadêmica a partir da realização dos cursos de Bacharelados Interdisciplinares em Saúde eem Ciências Exatas e Tecnológicas, conforme os Referenciais Orientadores para os Bacharelados e Interdisciplinares e similares, os Projetos Políticos Pedagógicos Institucionais e os atos instituintes dessa realidade na UFRB no período de2008 a 2017. Este trabalho foi realizado por meio de estudo qualitativo fenomenológico, que buscou produzir dados, descrevê-los e interpretá-los, para compreender a realidade contextualizada e posta em questão, contrastando as (des)conexões entre as forças políticas estabelecidas e instituídas com os processos instituintes no âmbito das tensões relativas às disputas das dimensões controladoras presentes na instituição, forjadas com base na lógica do pensamento e das engrenagens da modernidade. Verificou-se que a política estabelecida não foi suficiente para a adesão integral da UFRB ao modelo de ciclos; entretanto, destacam-se os protagonismos dos professores implicados, que, apoiados pela gestão, têm tornado a inovação possível e orgânica. Ficou evidente também que o estabelecimento de políticas de currículos inovadores não é suficiente para influenciar a reestruturação curricular de cursos existentes, embora mantenha o currículo permanente em pauta na instituição.

Um Repositório Institucional é uma ferramenta que permite o armazenamento, preservação e memória de uma universidade, elevando a visibilidade da produção acadêmica e científica. Disponibilizar o conhecimento produzido nas Instituições de Federais de Ensino Superior é um dos pilares que sustenta a existência dos repositórios. Já a democratização do acesso à informação é parte integrante do Movimento de Acesso Aberto, do qual originaram-se os repositórios. Nesse sentido, este estudo propõe-se a verificar como vem ocorrendo a disponibilização de conteúdo resultante da produção científica dos cursos de pós-graduação da Área I, no período de 2010 a 2018 no Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia. Dessa forma, objetivou-se analisar a disponibilização de conteúdo resultante da produção científica nos programas de pós-graduação da Área I entre 2010 e 2018 no Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia, através da observação sistemática das subcomunidades dos programas de pós-graduação no Repositório; assim como a identificação dos tipos de documentos inseridos, e investigar, junto aos coordenadores de curso, os critérios utilizados pelos programas para inserção da produção acadêmica e científica nesse ambiente virtual. Para o alcance dos objetivos propostos, adotamos com instrumento de coleta de dados, a observação sistemática da subcomunidades no Repositório e das homapage dos programas, além da aplicação de questionário aos coordenadores dos cursos de pós-graduação da Área I, através da ferramenta SurveyMonkey. A pesquisa possui natureza qualitativa-quantitativa, que visa descrever os fenômenos de modo categorizados e numericamente. A estrutura deste trabalho apresenta-se dividida em: apresentação; percurso metodológico; artigo publicado na revista Acesso Livre, intitulado “Panorama de consumo da informação: da oralidade ao Movimento de Acesso Aberto”; segundo artigo publicado, agora na revista Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia, intitulado “A comunicação científica no repositório institucional da UFBA: levantamento na Área I”. Em seguida, apresentamos as análises e discussões dos resultados, divididas em três subseções. Por fim, trazemos as considerações finais com recomendações para trabalhos futuros. O estudo revela a necessidade de intervenção das instâncias superiores da instituição, junto à comunidade acadêmica e científica, para alavancar o uso e a disponibilização de conteúdo no Repositório Institucional, não como mais uma base de dados local e superficial, como alguns coordenadores colocaram, mas como um espaço de preservação, memória e visibilidade da instituição. Consideramos, de todo modo, que o estudo foi satisfatório, ao possibilitar a identificação de possíveis entraves e dificuldades da Área I da universidade, para a disponibilização de conteúdo em acesso aberto. Constatamos que, na sua maioria, os programas tendem a incentivar a inserção de conteúdo, mas ainda de forma irrelevante, sem definições de procedimentos e mesmo incentivos.

A Universidade tem sido tema de debates internacionais, que apontam a necessidade de implementação de mudanças em várias dimensões, entre as quais destaca-se a proposta de incorporação de metodologias ativas de ensino-aprendizagem (MAEA) que favoreçam a autonomia e o protagonismos dos estudantes em sua formação. Nessa perspectiva, foi realizada uma pesquisa no âmbito do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, com o objetivo de analisar como têm sido utilizadas as MAEA pelos docentes envolvidos no componente curricular Processo de Apropriação da Realidade (PAR). Trata-se de um estudo descritivo e analítico que adotou como referencial teórico a pedagogia problematizadora de Paulo Freire e contemplou a  aplicação de um questionário a 10 docentes do BIS-UFRB que ministram o PAR ao longo de cinco semestres do curso, bem como a  análise de documentos que contém informações acerca do projeto pedagógico e ementas, documentos de domínio público sobre o curso e outros documentos disponibilizados pelos sujeitos da pesquisa. Os resultados incluem, inicialmente, a descrição do projeto pedagógico do BIS-UFRB e a análise do conteúdo e das atividades propostas no âmbito do PAR, e, em seguida a descrição das atividades de gestão, planejamento e desenvolvimento docente no âmbito do BIS, que constituem o contexto em que se desenvolveu a implantação do curso.  Posto isso, apresenta-se o perfil dos docentes entrevistados e os programas dos diversos módulos e as respostas acerca do uso das MAEA. Com base nesses achados, discute-se a relevância do PAR no projeto pedagógico do BIS, por tratar-se de um espaço de articulação da universidade com a comunidade, que propicia aos estudantes e docentes a produção de conhecimentos sobre a realidade de saúde da população do município onde se insere a UFRB, ao tempo que que favorece o desenvolvimento de habilidades necessárias aos futuros profissionais para atuarem no âmbito do sistema de saúde. Ressalta-se a importância da utilização de MAEA nos diversos módulos do PAR, porém aponta-se que, apesar da totalidade dos docentes referirem utilizá-las, constata-se certa fragilidade no conhecimento e no domínio dessas metodologias, concluindo-se pela necessidade de maior incentivo aos docentes para que utilizem as MAEA, recomendando-se a realização de atividades de educação continuada sobre este tema.

Entre o final da década de 1980 e a primeira metade da década de 1990, a
Medicina Baseada em Evidências (EBM) foi apresentada como um novo paradigma
para a prática médica, que propunha novas bases epistemológicas para a tomada de
decisão clínica, rebaixando ao máximo o valor epistêmico para a intuição, a
experiência clínica e os raciocínios fisiopatológicos, e elevando ao máximo as
evidências obtidas por meio de ensaios randomizados controlados (RCT). Trouxe
consigo uma proposta de inovação das práticas médicas e do ensino médico, na
medida em que passou a requerer novas habilidades para os médicos, principalmente
as técnicas de avaliação das evidências mediante revisão sistemática da literatura
científica disponível. Imediatamente após a divulgação dos manifestos do Evidence
Based Medicine Working Group no ACP Journal Club (1991) e no Journal of American
Medical Association (JAMA, 1992), tiveram início controvérsias acerca das ideias e
propostas da EBM, que perduram até hoje, focando principalmente nas bases
epistemológicas e nos aspectos éticos da proposta. Nessa época, foi criada uma
revista específica (British Medical Journal – Evidence Based Medicine ou BMJ-EBM),
enquanto fascículos especiais em periódicos médicos acumulavam as críticas e os
debates (e.g. Journal of Evaluation of Clinical Practice). O objetivo desse trabalho é
identificar e analisar as controvérsias ocorridas em torno da EBM, desde a década de
1990, precisamente nesses periódicos (JAMA, BMJ, Journal of Evaluation of Clinical
Practice), além do The Lancet, que empreendeu a primeira reação institucional à EBM.
Seguiremos essas controvérsias até 2018, quando irrompeu uma importante crise no
âmbito da Cochrane Collaboration. Busca-se apresentar uma visão mais ampla,
complexa e rica da EBM, para além de uma visão instrumental, como habitualmente é
encontrada nos seus manuais e tutoriais. A expectativa é oferecer subsídios para uma
reflexão que oriente um pensamento crítico, permita balancear as influências
predominantes dos conceitos e métodos das ciências analíticas e das tecnologias, e
seus impactos não apenas na medicina, mas também na educação médica
universitária, e no campo mais geral da saúde. Depois de realizada a análise das
controvérsias em torno da EBM, concluímos que para problematizar criticamente o que
sejam as melhores evidências científicas, seus limites e possibilidades, é de grande
relevância uma base histórica, epistemológica e ética.

Esta dissertação traz informações sobre o perfil e desempenho de estudantes que ingressaram, em 2012, no curso mais concorrido da Universidade Federal da Bahia (UFBA), após a reserva de 20% das vagas de todos os cursos de graduação da UFBA para os estudantes egressos dos Bacharelados Interdisciplinares (BI). O BI é uma nova modalidade de curso de graduação implantada na instituição no ano de 2009, que promoveu uma mudança significativa na estrutura curricular da universidade, devido a sua proposta formativa interdisciplinar, flexível e mais abrangente que valoriza a autonomia dos estudantes na sua formação. A reserva de vagas para os estudantes que concluíram o Bacharelado interdisciplinar nos cursos de maior demanda e, consequentemente, mais concorridos trouxe à tona a antiga discussão da meritocracia, qualidade e excelência do ensino e o questionamento em relação à diferença de desempenho dos estudantes egressos do BI em um curso de alto prestígio como é o caso do curso de Medicina. O objetivo desta pesquisa foi verificar se há diferença de desempenho acadêmico e de características socioeconômicas entre os alunos do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia ingressantes em 2012. Os alunos foram classificados em dois grupos distintos de acordo com a sua forma de ingresso: oriundos dos processos seletivos Vestibular e Egressos do Bacharelado Interdisciplinar. Foram considerados 162 estudantes, sendo 130 ingressos pelo vestibular e 32 egressos do Bacharelado Interdisciplinar. A partir da análise dos dados referentes ao perfil dos estudantes foram encontradas diferenças nas variáveis de sexo, idade, ano de conclusão do ensino médio e formação escolar do pai, porém essas diferenças encontradas são justificadas pela tendência atual em outras universidades, pela predominância de mulheres no BI, ou apenas pelo fato dos estudantes do BI já terem cursado 3 anos de curso, influenciando em variáveis como o tempo de conclusão do ensino médio e idade de ingresso no curso de Medicina. Baseado no estudo do desempenho acadêmico dos estudantes, foram verificadas algumas diferenças significantes quando combinadas a forma de ingressos com algumas variáveis, sendo consideradas positivas em todas elas para os estudantes ingressantes pelo vestibular. Quando aplicados os testes apenas por forma de ingresso, essa diferença positiva para o grupo do vestibular se confirmou com média de 7,797 e os ingressos pelo BI apresentaram média do CR igual a 7,331. Foi possível determinar também que as maiores médias foram encontradas, nesta pesquisa, entre os pardos de escola particular, do sexo feminino e com renda familiar maior que 40 salários mínimos.

Falar em democratização do ensino superior, nos remete sobretudo à discussão do acesso de grupos sociais historicamente excluídos do processo educacional às Universidades Brasileiras. A visibilidade desses grupos minoritários tem sido prioridade no campo das políticas de Ações Afirmativas, que preconizam a erradicação das desigualdades e todas as formas de discriminação. Sanar essas diferenças requer também a oferta de uma educação superior de qualidade e que dialogue com as especificidades do novo alunado. Esta dissertação analisa as estratégias de acesso e permanência forjadas por estudantes moradores de comunidades remanescentes de Quilombo na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo, de base etnográfica. As técnicas utilizadas para recolher as informações foram a entrevista compreensiva, observação participante, diários de campo. Os dados encontrados apontam que os desafios estão presentes antes mesmo do ingresso na Instituição tendo em vista as condições precárias de acesso a uma educação formal de qualidade e acesso à informação que permite incluir o ensino superior como projeto de futuro. Quanto ao ingresso à universidade os entraves concorrem com a questão da certificação de sua comunidade, documento necessário para a comprovação e reconhecimento da sua origem, e que permite ao aspirante disputar uma vaga no ensino superior público. No tocante a permanência universitária os desafios são ainda maiores e indicam que as necessidades de ordem material para o financiamento das despesas com o curso e satisfação das necessidades básicas dos estudantes são imperiosas. No aspecto simbólico, os resultados revelam a necessidade de reflexão sobre o currículo acadêmico e práticas de ensino que permitam ao estudante se identificar com o meio universitário, ao mesmo tempo em que é reconhecido com suas especificidades, resignificado a si mesmo, estando presente com sua cultura, experiência e visão de mundo na apreensão do conhecimento. Toda via, num contexto de inúmeros obstáculos que viabilizem uma permanência qualificada na universidade, é possível identificar estratégias de enfrentamento informais que revelam sobretudo a construção e fortalecimento de laços entre os estudantes quilombolas que permitem a união de forças pra reivindicar seus direitos e minimizar os efeitos negativos desse momento na trajetória educacional e a construção de um ator e grupo social engajado e reflexivo sobre suas necessidades e direitos.

No Brasil, os estudos sobre a formação do psicólogo escolar vêm ganhando força
nos últimos anos devido, especialmente, à necessidade de ressignificação da relação entre a
psicologia e a educação. Inicialmente, essa relação teve como objetivo identificar e tratar as
crianças que não se adequavam ao modelo formal de escolarização. Somente a partir dos anos
80, a psicologia escolar crítica redirecionou seu objeto de estudo, pensando o fracasso escolar
enquanto fenômeno multifatorial. Na formação do psicólogo escolar, os estágios
profissionalizantes são vistos como experiências formativas essenciais no fortalecimento das
perspectivas críticas e do compromisso social dos graduandos de psicologia. Nesse prisma, o
presente trabalho buscou identificar as concepções teóricas e ações desenvolvidas durante os
estágios profissionalizantes em psicologia escolar na Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, considerando aspectos como estrutura curricular, supervisão e interesses individuais.
Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com alunos matriculados nos estágios
no período de 2017. Posteriormente, o material foi transcrito e analisado sob a ótica da análise
de conteúdo. Os resultados da pesquisa sugerem o predomínio das teorias críticas da psicologia
escolar nos estágios profissionalizantes e o desenvolvimento de ações alternativas à tríade
encaminhamento-diagnóstico-intervenção. Outros resultados apontam para os desafios da
psicologia escolar nos estágios, sendo eles: A distorção sobre a função do psicólogo na escola;
A permanência e predomínio da queixa escolar; E as dificuldades relacionadas aos aspectos
curriculares (carga-horária, disciplinas e ênfases). Por fim, realizou-se também a análise da

nova matriz curricular do curso de psicologia da UFRB, criada em 2016, como forma de
oferecer ao leitor novas perspectivas para a formação do psicólogo escolar no recôncavo
baiano. A nova matriz baseada nos Bacharelados Interdisciplinares ofertou maior fluidez e
flexibilidade ao percurso formativo na graduação, incluindo componentes curriculares de
cunho social, ético e humanístico.

A formação disciplinar, caracterizada pela fragmentação do conhecimento, é resultado de processos históricos, sociais e políticos que apresentam implicações para a educação, especialmente para a educação superior na contemporaneidade. O ensino de graduação representa uma ação complexa, constituindo-se numa importante missão da tradição acadêmica. Nas últimas décadas, as universidades públicas brasileiras passaram por mudanças que visavam a democratização da educação superior e a ressignificação da arquitetura curricular e pedagógica, resultando no surgimento de propostas inovadoras como o regime de ciclos de formação, a exemplo dos Bacharelados Interdisciplinares (BI). Neste estudo, os BI são compreendidos como uma formação mais flexível, integrada, interdisciplinar e progressiva cuja implementação tem provocado inquietações. O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento e o estado atual do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) como proposta de primeiro ciclo de formação geral e introdutória de base interdisciplinar, a partir da criação do curso de Medicina, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A investigação foi realizada no Centro de Ciências da Saúde (CCS), localizado na cidade de Santo Antônio de Jesus, seguindo os passos de uma pesquisa qualitativa apoiada na abordagem da etnografia institucional, que visa um entendimento da realidade dos sujeitos envolvidos, a partir dos significados por eles atribuídos ao contexto que experienciam. Os dados foram produzidos através da entrevista compreensiva, da análise documental e da observação participante, sendo toda a pesquisa acompanhada por registros no diário de campo. Foram realizadas seis entrevistas, sendo cinco estudantes e uma docente, membros da comunidade acadêmica do CCS. A análise dos dados, a partir dos relatos dos sujeitos, permitiu a compreensão de diferentes pontos de vista sobre o que a implantação do regime de ciclos provocou nos cursos da área de saúde, sobretudo com a presença do curso médico. O estudo revelou que este modelo, implantado desde o primeiro semestre de 2014, provocou mudanças num clima de grande tensão institucional. Os resultados da pesquisa indicam que o processo ainda encontra-se em consolidação, apontando para a necessidade do CCS/UFRB persistir na sua proposta de inovação na formação, fundamentada na interdisciplinaridade e coerente com as novas demandas da atualidade.

Estudos acerca da Religiosidade e Espiritualidade (R/E) na formação acadêmica em saúde vem sendo realizados por pesquisadores e profissionais de diversas áreas. No entanto, a produção científica nacional sobre o tema é ainda escassa, havendo lacunas que interferem no debate e inserção desta temática no ensino superior. Objetivos: A presente dissertação pretende conhecer como a Religiosidade e Espiritualidade (R/E) é trabalhada na formação acadêmica de cursos de saúde no Brasil. Para isso foram realizados dois estudos. O primeiro teve como objetivo caracterizar a produção científica acerca da R/E na formação acadêmica de cursos de saúde no Brasil. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, utilizando-se artigos como fontes bibliográficas, pesquisadas nas bases de dados: Scielo, Pubmed, Medline, Scopus, Portal de Periódicos da CAPES e Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia (UFBA), utilizando-se os descritores spirituality, religiosity, graduate e health. Foram incluídos nesta revisão artigos em inglês, português e espanhol. Resultados: Foram analisadas 23 publicações, categorizadas em 04 áreas de formação em saúde. A área de enfermagem liderou a publicação de trabalhos acerca da R/E na formação acadêmica, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas, compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas , compreendendo 52,1% (12/23) das publicações encontradas. A . A área de área de área de área de área de área de medicina medicina foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais foi a segunda mais estudadaestudada , com 34,7% (08/23) das pubcom 34,7% (08/23) das pub com 34,7% (08/23) das pub com 34,7% (08/23) das pub com 34,7% (08/23) das pubcom 34,7% (08/23) das pub com 34,7% (08/23) das pubcom 34,7% (08/23) das pub com 34,7% (08/23) das pubcom 34,7% (08/23) das pubcom 34,7% (08/23) das pub licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste licações incluídas neste trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da trabalho. A área da psicologia psicologia foi estudadaestudada por 8,7% (02/23) por 8,7% (02/23) por 8,7% (02/23) por 8,7% (02/23)por 8,7% (02/23)por 8,7% (02/23) e o Bacharelado Interdisciplinar em Saúde (BIS) da UFBA foi estudado por 4,3% (01/23) dos trabalhos incluídos nesta revisão. Conclusão: De modo geral, grande parte dos pesquisadores, profissionais, discentes e docentes reconhecem a necessidade e relevância da R/E na formação acadêmica de cursos de saúde no Brasil. No entanto, nota-se que os programas de graduação em saúde no Brasil ainda não tratam estes conteúdos de forma abrangente. Observa-se uma grande variedade de definições para abordar os conceitos de R/E, o que torna imperativo a homogeneização dos significados e a realização de pesquisas multicêntricas, que possam contribuir para a sistematização dos conceitos e sua inserção no âmbito acadêmico. Nesse sentido, poderar-se outorgar aos pacientes/usuários um atendimento humanizado em saúde, que considere todas as dimensões do ser humano e que promova valores condizentes com o paradigma da integralidade em saúde.

Este trabalho de pesquisa teve como objetivo investigar o reflexo do Projeto Alfa Tuning América Latina no Projeto Pedagógico de Curso e Engenharia Civil, da Universidade Federal de Uberlândia. Esta pesquisa foi motivada pelo interesse em se observar a universidade diante da elaboração de propostas para a educação superior em nível internacional, por meio da análise de documentos que compuseram o Projeto Alfa Tuning América Latina e o Projeto Pedagógico do curso supracitado. O Projeto Alfa Tuning América Latina foi expandido a partir do Projeto Tuning Europa, com o intuito de estabelecer um Espaço Comum de Educação Superior na América Latina, a partir da convergência curricular entre os cursos das universidades participantes. O Brasil contou com a participação de nove Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), dentre as quais foi selecionado o Projeto Pedagógico da Universidade Federal de Uberlândia para tal pesquisa, por ter sido elaborado com o propósito de seguir o Projeto Tuning América Latina e estar acessível em sítios da internet. A investigação desenvolvida neste trabalho observou os documentos selecionados, a fim de identificar a aproximação entre a proposta internacional e o curso de graduação elegido nos eixos competências e sistema de créditos. A metodologia utilizada nesta pesquisa seguiu a análise documental e bibliográfica. Notou-se aproximação entre o Projeto Alfa Tuning América Latina e o Projeto Pedagógico selecionado em relação às competências, enquanto o sistema de créditos no referido Projeto não seguiu os domínios do projeto internacional. 

Os processos éticos envolvendo professores universitários por ensinarem a psicologia transpessoal, seguidos do êxito dos pedidos de recurso, e os casos em que profissionais tentaram defender-se de acusações de proselitismo religioso alegando praticarem esta abordagem motivaram essa investigação. Pela ética acadêmica e profissional, uma análise dessa problemática é necessária. Objetivo geral: Analisar o processo de reconhecimento e não reconhecimento da psicologia transpessoal na universidade. Objetivos específicos: 1). Discutir a delimitação de fronteiras na psicologia brasileira relativos à psicologia transpessoal no âmbito universitário; 2). Analisar os aspectos éticos da relação entre psicologia, espiritualidade e religião. Método: Confecção de dois artigos, através do método do boundary-work e da revisão narrativa da literatura. Principais resultados: motivações políticas interferem nos currículos universitários. A laicidade consiste no convívio entre diferentes visões de mundo, sem que uma sobressaia-se à outra. O mesmo princípio que era usado para bloquear a psicologia transpessoal, quando visto em seu completo significado, pode ser o argumento para o seu reconhecimento. O critério de reconhecimento de uma prática deve ser pautado na ética e no respeito aos direitos humanos. Considerações finais: A abstenção da discussão sobre religião, espiritualidade e laicidade resulta numa deficiência formativa que não prepara os profissionais para estas questões éticas. A capacidade de identificar os atos políticos presentes na atividade científica é importante para o cultivo da ética, e o conhecimento sobre essas temáticas pode auxiliar o discernimento entre o proselitismo religioso e a pluralidade epistemológica envolvendo a espiritualidade