LETRAMENTOS A PARTIR DO RAP: VOZ E VEZ NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA
Letramentos. Rap. Práticas Sociais.
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa feita no âmbito do Mestrado Profissional em Letras da Universidade Federal da Bahia (Profletras/UFBA). Apresenta também, como produto dessa pesquisa, a proposição de um trabalho voltado aos letramentos escolares de alunos(as) do Ensino Fundamental II, estruturada a partir do rap como prática social da juventude negra, observada no contexto de ensino e aprendizagem de língua portuguesa de uma turma de 7º ano de uma escola municipal de Salvador, Bahia, na qual eu me insiro como professora-pesquisadora. Essa proposição é extensiva a outros contextos escolares brasileiros em que o rap se destaque como prática social dos(as) estudantes. A investigação compreendeu a realização de uma revisão bibliográfica, aliada à utilização da autoetnografia e da pesquisa documental, sendo apontada a necessidade de que o estudo e a proposição se direcionassem à educação das relações étnico-raciais, prevista pela Lei 10.639/03. Os principais aportes teóricos que guiaram esse estudo encontram-se em Cavalleiro (2001, 2014), Bento (2012), Freire e Macedo (2011), Gomes (2001, 2005, 2008, 2017), Kleiman (2005, 2007), Munanga (2005, 2020), Passeggi (2008), Rojo (2009), Schneuwly e Dolz (2004), Souza (2011), Street (2014), entre outros autores. A pesquisa mostrou que o trabalho com o rap em sala de aula possibilita explorar as múltiplas linguagens envolvidas nessa prática cultural em uma perspectiva antirracista, em que os(as) alunos(as), deslocando-se da situação de silenciamento que comumente lhes é imposta na/pela escola, podem atuar como enunciadores de suas inquietações e denúncias acerca de sua realidade, de modo a contribuir para sua formação linguística e política. A investigação possibilitou que, na condição de professora-pesquisadora, eu fizesse uma reflexão teórico-crítica-formativa, que aponta para uma mudança de paradigma em minha práxis, em especial no que toca às minhas concepções sobre letramentos e educação, os quais, no cenário educacional brasileiro, não podem se dissociar da perspectiva ideológica e antirracista, capaz de romper com a lógica racional de poder que subalterniza seres e saberes.