"LETRAMENTO NEGRO" A PARTIR DE NARRATIVAS AFRO-BRASILEIRAS
Palavras-chave: Literatura Afro-brasileira. Cadernos Negros. Letramento Literário. Lei Nº 10.639/2003.
Esta dissertação, intitulada “Letramento Negro” a partir de narrativas afro-brasileiras, visa contribuir para a formação do leitor literário, através da Literatura afro-brasileira, em uma instituição escolar na cidade de Salvador/Ba. A ausência de um trabalho de leitura com a Literatura Afro-brasileira, contrariando a Lei 10.639/03, torna distante o reconhecimento de produções que retratam aspectos inerentes à vida dos afro-brasileiros. Assim, a Literatura Afro-brasileira será apresentada aos educandos do 9º ano, do turno vespertino a partir de contos de autoria feminina da série Cadernos Negros. Os objetivos da proposta foram: reconhecer a importância do resgate da cultura e da epistemologia negra com o objetivo de romper com os silenciamentos e os preconceitos em relação à sua figura e sua história, tão comuns nas literaturas tradicionais; construir outras práticas de leitura sobre a história e cultura afro-brasileira a partir do gênero literário conto dos Cadernos Negros no Ensino Fundamental II. Ademais, a proposição será desenvolvida a partir da pesquisa qualitativa e participativa dos sujeitos envolvidos nas leituras. Espera-se, com a leitura desses contos, formar leitores mais conscientes e críticos diante da realidade em que estão inseridos, valorizando sua cultura, sua ancestralidade e elevando sua autoestima, num ambiente favorável à discussão em torno da temática afro-brasileira. Para tanto, contou com a discussão teórica de autores como Cuti (2010) abordando o conceito Literatura negra; Duarte (2014), que aponta a Literatura Afro-brasileira como a autêntica Literatura Brasileira; Souza (2006), que discute a trajetória e a afirmação dos escritores dos Cadernos Negros no âmbito literário; Cosson (2016), que proporciona a interação do leitor com o texto numa perspectiva crítico-reflexiva dos educandos perante suas leituras. Nesse contexto, reconhece-se a importância de um ambiente escolar como um espaço de formação dos indivíduos independente da etnia à qual eles pertençam; por isso, a efetivação da Lei supracitada reforçou discussões em torno do racismo e das desigualdades sociais, fomentando o resgate à cultura e aos valores identitários que fazem parte do contexto social em que os sujeitos estão inseridos.