LITERATURA EM SALA DE AULA: um exercício para a formação humana
Letramento literário; Formação do leitor; Leitura; Fruição.
Considerando que muitas vezes a leitura e o trabalho com o texto literário em sala de aula tem um lugar subjugado diante das problemáticas em torno do que se ensinar, frente a um tempo mínimo para o cumprimento de todos conteúdos programáticos dos planos anuais de ensino para o ano letivo, este trabalho visa exercitar a leitura, de modo que essa atividade se torne parte do currículo de língua portuguesa nas classes de sexto ano se moldando, portanto, como um conteúdo, para que com isso se caracterize como ítem de ensino. Assim, apresento uma proposição de oficinas que versam sobre alguns temas que considero relevantes para o tempo humano de garotas e garotos com faixa-etária entre onze e doze anos, mas que deixa uma abertura para tantas outras possibilidades de intervenções, através do olhar atento do moderador da aplicação. Em vista de promover uma ampliação do entendimento de que se estamos numa posição de país multicultural, há que ser considerado tal aspecto, de modo a possibilitar aos educandos se observarem equitativamente e se reestruturarem através do exercício de vivências oferecidas pelos textos literários. Ao mesmo tempo, importa que seja construído o hábito e o prazer advindos do contato com as narrativas literárias trabalhadas em sala de aula. Nesse caminho, as oficinas trazem textos de autoria da escritora Cidinha da Silva, como também a obra Os Nove Pentes D’África, da mesma autora, com ilustrações de Iléa Ferraz. A escolha se deu pela abordagem ampla na obra de temas que envolvem a ancestralidade, os relacionamentos entre familiares, e os mais variados sentimentos contidos em qualquer relação humana. As atividades serão realizadas a partir de oficinas, uma vez que essa metodologia abre um leque de possibilidades para o exercício de atividades leitoras, como também acionam a fabulação, tanto individual quanto socializada. A escolha se estabeleceu também pela compreensão de que os sentidos do texto literário são constituídos através dos diálogos entre os seus leitores, que, a partir de uma mediação planejada, possibilitam a discussão sobre cultura e a construção de uma postura decolonial. Logo, o exercício do ato de ler, o aprimoramento do letramento literário devem ocorrer com vistas à formação de leitores críticos. As concepções de letramentos sociais e letramentos literários utilizados, fundamentais para este estudo, baseiam-se nos pressupostos de Kleiman (1995), Soares (2003), Street (2014), Cosson (2009), Dalvi (2013).