Leitura literária infantil e juvenil Negro-Brasileira na escola: construção identitária da criança afrodescendente em uma turma do 5º ano do ensino fundamental.
Literatura Negro-Brasileira. Literatura Infantil e Juvenil. Letramento literário. Afrocentricidade.
Este projeto de pesquisa interventivo busca promover o comportamento leitor para crianças e jovens que não têm convívio frequente com a cultura letrada, por meio de atividades de letramento literário infantil e juvenil.Para tanto, as atividades previstas neste projeto assumem caráter interdisciplinar, com perspectiva sociointeracionista e construção do conhecimento de forma não-linear e não-hierarquizada: alunos e professora são protagonistas, estabelecem uma prática dialógica reflexiva e colaborativa através das diferenças, com caráter lúdico, crítico e prazeroso.Na perspectiva da Literatura Negro-Brasileira, tem como objetivo principal corroborar o diálogo em implementar uma prática pedagógica que discorra o processo de autoidentificação racial sob percepção da criança, analisando como a escola tem oportunizado (ou não) a construção identitária afrodescendente. Portanto, a indagação é: quais contribuições as atividades de letramento literário infantil e juvenil Negro-Brasileiro poderia trazer para a construção identitária da criança afrodescendente na Escola Municipal Luís Pereira Costa? Como justificativa, a evidência refletida no proeminente percentual de conscientização racial pelas famílias da Escola Municipal Luís Pereira Costa demonstra condições favoráveis para sondar as vozes infantis e juvenis por meio da pesquisa investigativa e ratificar a importância da discussão étnico-racial no cotidiano escolar. Os números estatísticos produzidos pelo Censo da Educação Básica no estado da Bahia apresentam os resultados da definição do perfil de identificação étnico-racial da unidade escolar onde leciono: 72% das crianças são consideradas pretas/pardas; 15% brancas, 3% amarela/indígena e 10% optaram por não declarar. Diante do exposto, pontuo não verificar no meu cotidiano escolar práticas pedagógicas que proporcionem a crianças pardas e/ou negras experiências com textos literários que explorem a diversidade étnico-racial de materiais culturalmente plurais, em face a constatação da manutenção do cânone branco, sempre privilegiado na sala de aula. Dito isto, assumo papel proativo na propositiva investigativa, dada a relevância social como instrumento capaz de garantir o cumprimento da lei no 11.645/08 que ratifica a discussão étnico-racial como eixo fundante para garantir uma educação mais equânime a crianças na Educação Básica. O eixo condutor para o desenvolvimento deste projeto é a abordagem metodológica afrocentrada e, como aporte teórico, discute-se a Literatura Negro-Brasileira enquanto representatividade literária de afirmação étnica e de identidade cultural. O delineamento e desenvolvimento deste trabalho se dá no campo interpretativo-crítico do estudo qualitativo do tipo pesquisa-ação,com características de etnografia dada a imersão campo, aplicado através de instrumento de pesquisa da roda de conversa, como premissa à dialogicidade, curiosidade e criticidade, num espaço de exercício democrático de permuta de ideias, conhecimento, reflexividade e respeito a singularidade. A prática pedagógica não se restringe (apenas) ao caráter instrucional ou na produção de saber escolar. Envolve a expansão da formação do aluno por meio de múltiplas dimensões como o estabelecimento de relações humanas mais dialéticas e construção do novo.
Como sujeitos da pesquisa, 30 (trinta) crianças matriculadas na turma 5º ano A, turno matutino, selecionadas de forma intencional e não-probabilística e o objeto de pesquisa será a Escola Municipal Luís Pereira Costa, rede de ensino municipal de Camaçari/Ba. A investigação com abordagem qualitativa e objetivos descritivos serão realizados na sala de aula onde assumo a função de professora regente. Nesta fase, o projeto foi recebido para análise ética[1] pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e aguarda parecer consubstanciado da relatoria.