PPGSC-P PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA (PPGSC-P) INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA Telefone/Ramal: (71) 3283-7416

Banca de DEFESA: THIAGO BORGES ARCANJO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : THIAGO BORGES ARCANJO
DATA : 14/12/2023
HORA: 19:30
LOCAL: Sala do aplicativo Zoom
TÍTULO:

AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) SOBRE AS HOSPITALIZAÇÕES PSIQUIÁTRICAS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2008 A 2019


PALAVRAS-CHAVES:

Transtornos mentais. CAPS. Internações psiquiátricas.


PÁGINAS: 67
RESUMO:

Considera-se que, aproximadamente, 50% dos adultos sofrem com algum transtorno mental e comportamental em algum momento da sua vida. Mais de metade dessas pessoas sentem sintomas de moderados a graves. Estima-se que quatro das dez principais causas de incapacidade nas pessoas com cinco anos de idade ou mais se devem a transtornos de saúde mental, sendo a depressão a principal causa de todas as doenças que causam incapacidade. O desencadeamento de um transtorno mental é multifatorial e constitui eventos e características que atuam como preditores de problemas emocionais, físicos e sociais ao longo do ciclo vital, como falta de apoio familiar, baixo nível socioeconômico, experiências de vitimização, etc., incluindo também fatores como o estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais. Infelizmente ainda os recursos utilizados na assistência em saúde mental ainda são insuficientes para que todos os indivíduos que apresentem algum tipo de transtorno mental tenham acesso ao tratamento, principalmente em países de baixa renda. Nas últimas décadas, no Brasil, os serviços de Saúde Mental vêm passando por algumas transformações ao longo do tempo, como a criação da RAPS – Rede de atenção psicossocial, tendo como o CAPS (Centro de Atenção psicossocial) e suas diferentes modalidades, as unidades estratégicas de atendimento dentro da RAPS, objetivando ações que visam interagir com o paciente reabilitando-o para a vida social, reintegrando-o ao meio, proporcionando tratamento adequado. Atualmente o Brasil conta com 2.755 unidades do CAPS habilitados, e entre os anos de 2019 e 2021. O intuito desta pesquisa foi analisar o efeito dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) sobre as hospitalizações por transtornos mentais no país, motivando novos estudos e o aprimoramento das políticas públicas destinadas à saúde mental. Realizou-se um estudo ecológico longitudinal, tendo como unidade de análise os municípios brasileiros, no período de 2008-2019. Foram considerados dados de 1.634 municípios, dada a disponibilidade de dados de internações psiquiátricas nesse período. Foi excluído o período da pandemia de COVID-19, devido ao possível impacto deste período na saúde mental. Foram verificadas 3.889.568 internações hospitalares por causas psiquiátricas no Brasil entre 2008 e 2019 nos 1634 municípios, sendo mais de 40% devido a transtornos relacionados com ESQUIZOFRENIA, seguido de causas relacionadas ao abuso de ALCOOL. Pacientes do sexo masculino e de raça/cor branca ou parda compõem o perfil preponderante dos internados ao longo da série de dados no Brasil. Entre as regiões brasileiras, Sudeste concentrou a maior parte das internações (52,53%), seguida de Sul (23,30%), Nordeste (17,03%), Centro-oeste (5,65%) e Norte (1,49%). Regiões sul e nordeste destacaram por apresentarem coberturas médias de CAPS superiores aos valores estimados no presente estudo para o Brasil. De modo geral, a maioria dos municípios do presente estudo apresentou, em média, coberturas de CAPS menores do que 2,5 CAPS por 100 mil habitantes ao longo do painel de dados considerado (Figura 4). A região Sudeste liderou em número de internações por ESQUIZOFRENIA, ALCOOL e PSICOATIVAS, totalizando 1.344.104 internações, enquanto o Sul apresentou as maiores taxas de internação por HUMOR, com 207.615
internações. Considerando o modelo geral de internações para o Brasil, foi detectada uma associação positiva entre as taxas de internações por 100 mil habitantes e a cobertura de CAPS, i.e., cada incremento de cobertura de CAPS nos municípios foi relacionado com 1,30 vezes mais taxas de internações, ou seja, de modo geral, considerando todas as AIHs, não foi observado um efeito de redução nas internações hospitalares por diagnósticos psiquiátricos com o incremento da cobertura de CAPS, resultado diferente de estudos anteriores realizados. Evidenciou-se que a maioria dos municípios tem coberturas de CAPS parecida, embora números variados de AIHs. Municípios com baixa cobertura de CAPS (próximo de zero) apresentam elevados números de internações, bem como os com as melhores taxas. Isso pode indicar uma fraca associação entre as duas variáveis, embora o efeito positivo observado nos modelos tenha sido significativo. É provável que incrementos nas taxas de internação a cada incremento de cobertura de CAPS estejam refletindo uma característica do sistema de saúde ou condições econômicas do município, dado que, de modo geral, a probabilidade de ocorrer zeros internações em um município é negativamente relacionada com o número de leitos e o PIB per capita. Assim, é esperado que onde há mais leitos disponíveis, populações maiores e melhores condições econômicas ocorram mais internações. Por fim, analisando a parte binomial dos modelos por tipo de diagnóstico é perceptível que a relação da cobertura de CAPS com a probabilidade de taxas de internação igual a zero é semelhante ao observado no modelo geral para o Brasil, i.e., a probabilidade de um município não experimentar internações pelas quatro principais categorias de diagnósticos psiquiátricos reduz 15% em média para cada incremento de cobertura de CAPS. Uma exceção foi a região norte que mostrou que cada incremento da cobertura de CAPS foi associado com um aumento da probabilidade do município não experimentar internações nos quatros modelos por diagnóstico (Figura 5). O mesmo ocorreu para internações por ALCOOL na região sudeste. Em contrapartida, na Região Centro Oeste, para a cobertura de CAPS no modelo para HUMOR, observa-se que cada incremento de uma unidade está associado com um declínio de 14% (i.e. 0,86 – 1  100) nas taxas de internações dos municípios dessa região. Mesmo com a baixa cobertura de CAPS nos municípios brasileiros, regiões com as melhores coberturas entre os municípios, i.e. sul e nordeste (veja Tabela 3), apresentaram redução nas taxas de internação por HUMOR e ESQUIZOFRENIA a cada incremento de cobertura desses centros. Isso pode sinalizar que: a) CAPS são mais efetivos em reduzir internações dessas duas causas e b) há uma efetividade reduzida para a maioria das demais causas psiquiátricas. Assim: há uma necessidade de melhorar os serviços prestados pelos CAPS ou, o que pode estar acontecendo para os CAPS não afetarem significativamente outras causas, como ALCOOL e PSICOATIVAS. Há uma variação na análise quanto à implantação do CAPS e internações dependendo da região e o diagnóstico, o que pode estar relacionado também aos fatores de riscos e de proteção, citados neste trabalho, bem como uma baixa cobertura do CAPS em muitas regiões. Esse estudo evidenciou que o aumento da cobertura do CAPS esteve associado ao aumento das hospitalizações por transtornos psiquiátricos, mas com importante decréscimo das hospitalizações quando os municípios apresentam maiores coberturas sustentadas ao longo do tempo. Assim, novos estudos são indispensáveis para se buscar análises distintas, como gestão da rede, análise sobre a efetividade do CAPS através do matriciamento, acolhimento do usuário e família, adesão ao tratamento, qualificação profissional, entre outros aspectos.


MEMBROS DA BANCA:
Externa ao Programa - 1094589 - DÉBORAH SANTOS CONCEIÇÃO - nullPresidente - ***.845.265-** - FLÁVIA JÔSE OLIVEIRA ALVES - UFBA
Externo à Instituição - WASHINGTON LUIZ ABREU DE JESUS
Notícia cadastrada em: 12/12/2023 09:28
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