Banca de DEFESA: MARIA DE LOURDES LACERDA LEMOS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARIA DE LOURDES LACERDA LEMOS
DATA : 23/03/2023
HORA: 16:00
LOCAL: Sala virtual
TÍTULO:

Trajetórias assistenciais de mulheres em municípios rurais remotos do norte do Brasil: experiências de cuidado a partir da condição traçadora do câncer do colo do útero

PALAVRAS-CHAVES:

Trajetória assistencial; Saúde rural remota; Atenção Primária à Saúde; Acesso à saúde; Câncer do colo do útero; Desigualdade em saúde.

PÁGINAS: 75
RESUMO:

Em todo mundo, o acesso aos serviços de saúde torna-se mais difícil quando consideramos o fator ruralidade. Em regiões rurais e remotas percebe-se um abismo entre o que é idealizado nas políticas de saúde no que se refere a acesso, promoção e prevenção em saúde, e o que é operacionalizado nas práticas. A região Norte do Brasil enfrenta adversidade para garantia da equidade, integralidade e universalidade de acesso. Nesse sentido, essa dissertação apresenta como objetivo geral reconstruir a trajetória assistencial das mulheres a partir do evento traçador Câncer do Colo do Útero (CCU) no cenário de Municípios Rurais Remotos (MRR) do Norte do Brasil. Busca-se analisar a organização das ações da Atenção Primária à Saúde utilizando o CCU como evento traçador, identificando estratégias para acesso à Rede de Atenção à Saúde (RAS) sob a perspectiva das usuárias e propor estratégias de aperfeiçoamento de cuidado e prevenção do CCU em contexto rural. Trata-se de estudo de casos múltiplos, exploratório, de natureza qualitativa, tendo como unidade de análise os MRR do Norte do país, onde atuam equipes de saúde da família. Faz parte de um estudo mais amplo intitulado “Atenção Primária à Saúde em territórios rurais e remotos no Brasil”. Foram eleitos municípios do território Norte Estradas e Norte Águas de acordo com tipologia criada para a pesquisa. Na primeira área foram selecionados três municípios – Jacareacanga-PA, Rurópolis-PA e Assis Brasil-AC –; e sete municípios na segunda área – Aveiro-PA; Curuá-PA; Melgaço-PA; Prainha-PA; Boa Vista do Ramos-AM; Maués-AM e Vitória do Jari-AP. Ao todo foram analisadas 17 entrevistas com mulheres que haviam realizado ações para controle do CCU. Os resultados estão apresentados em dois momentos que representam o percurso assistencial das mulheres pela RAS: “Atenção Primária à Saúde em municípios rurais remotos: por onde começa o percurso” e “Atenção especializada e hospitalar: o cuidado tem que continuar”. As mulheres demonstraram que o acesso à coleta do Papanicolau se dá de forma facilitada, porém sem critério de priorização e necessidade. Surgiram obstáculos concernentes ao acesso do resultado do exame e de orientações sobre o agravo, sugerindo deficiências no processo organizativo e de educação em saúde ofertadas pelas equipes de saúde da família. De maneira geral, as usuárias avaliaram positivamente o atendimento recebido, porém sob a ótica da cortesia com que foram tratadas pelos profissionais. Quando da necessidade de atendimento especializado ficaram evidentes dificuldades de acesso e desarticulação da RAS, agudizadas pela carência ou mesmo inexistência de transporte sanitário, ampliando a vulnerabilidade social presente nesses territórios. As características socioeconômicas, geográficas e de acesso aos serviços de saúde devem ser consideradas no desenvolvimento e/ou adaptação das políticas e práticas em saúde que se coadunem com a necessidade das populações rurais remotas, com adequações no financiamento e fomento de tecnologias capazes de mitigar as desigualdades estruturais encontradas.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - ***.321.966-** - PATTY FIDELIS DE ALMEIDA - UFF
Interno - 1553664 - ADRIANO MAIA DOS SANTOS
Externa à Instituição - MARCIA CRISTINA RODRIGUES FAUSTO - ENSP