ADIÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE REFORÇO EM BIOCOMPÓSITOS DE AMIDO DE MANDIOCA: EFEITO NAS PROPRIEDADES DOS FILMES
Nanopartículas, amido de mandioca, ultrassom, hidrólise ácida, celulose microcristalina, celulose de sisal.
O avanço da tecnologia na área petroquímica, especificamente para a produção de polímeros, trouxe muitos benefícios à humanidade. No entanto, é cada vez mais evidente que o ecossistema é danificado em resultado do acúmulo do plástico não biodegradável. Para esse problema surge como alternativa a possibilidade de desenvolver outros tipos de produtos, que apresentem características reológicas similares aos polímeros sintéticos já existentes, mas que, concomitantemente, apresentem menor resistência à degradação, sendo eliminados biologicamente à medida que não tenham mais utilidade. Nessa perspectiva, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver e caracterizar matérias de reforço: nanopartículas de celulose (obtidas a partir de diferentes fontes), nanopartículas de amido (obtidas por diferentes métodos) e nanopartículas de amilopectina (Obtidas por diferentes tempos de hidrólise) e avaliar o efeito da incorporação dessas nanocargas em filmes a base de amido de mandioca e plastificados com glicerol. Essas partículas em escala nanométrica foram caracterizadas por: distribuição do tamanho de partícula (DSL), potencial Zeta, microscopia eletrônica de transmissão (MET), difração de raios - X (DRX), análise termogravimétrica (TGA), espectroscopia de absorção no infravermelho com transformadas de Fourier (FTIR) e massa molecular média ponderada (CLAE-IR). Os filmes obtidos pela incorporação das nanopartículas foram caracterizados por: microscopia eletrônica de varredura (MEV) e testes mecânicos de tração, sendo avaliadas as seguintes propriedades: resistência máxima a tração, alongamento e módulo de Young. As nanopartículas de amido obtidas por ultrassom apresentaram menor diâmetro (d = 70,97 ± 10,40 nm) do que aquelas obtidas por hidrólise ácida (112 ± 12,04 nm), que se apresentaram mais cristalinas (índice de cristalinidade de 36%). Quanto às nanopartículas de celulose, aquelas extraídas da celulose microcristalina apresentaram dimensões menores (L= 79,11 ± 19,33 nm, d= 7,47 ± 2,12 nm) do que aquelas os extraídas do sisal (L= 266,05 ± 55,90, d= 11,36 ± 4,72 nm). Independente da fonte, as nanopartículas de celulose se apresentaram mais cristalinas do que as nanopartículas de amido. Nos testes mecânicos observou-se que as nanopartículas de celulose aumentaram significativamente a resistência à tração do filme de amido em cerca de 50%, enquanto que as nanopartículas de amido obtidas por ultrassom não influenciaram no alongamento do filme. As nanopartículas de amilopectina apresentaram um rendimento inversamente proporcional ao tempo de hidrólise. Aquelas obtidas nos tempo de 36, 39 e 42 horas apresentaram uma distribuição de tamanho mais homogênea. O tempo de hidrólise de 48 horas gerou nanopartículas de amilopectina com o maior índice de cristalinidade (33,18 %). A massa molecular média ponderada foi reduzida a 0,15 x 103 Da com 48 horas de hidrólise da amilopectina. A adição das nanopartículas de amilopectina obtidas nos tempos de hidrólise de: 36, 39 e 42 horas nos filmes de amido provocou um efeito de reforço mecânico significativo. Os filmes adicionados das nanopartículas hidrolisadas por 42 horas apresentaram o maior valor de resistência máxima a tração (22,50 ± 1,51 N) representando um aumento de cerca de 140% dessa propriedade em comparação ao filme controle.