A morte nos vivos: pequenas histórias de vida e morte
Morte. Vida. Experiência. Ensino de Ciências. Educação para a morte.
Por que evitamos pensar em nossa própria morte e na morte de quem amamos? Por que a morte
nos causa tanto pavor? Por que fingimos que a morte está morta? Quando estas perguntas
passaram a fazer parte das minhas reflexões íntimas e cotidianas, este trabalho começou a viver.
Na busca por possíveis respostas, fui encontrando outras perguntas: Por que eu, professora de
duas disciplinas [Ciências e Biologia] dedicadas ao estudo da vida e das várias formas como
ela se apresenta, não discutia, em minhas aulas, aspectos relacionados à morte humana? Como
falar sobre a morte em sala de aula? É possível uma Educação para a Morte? Os textos que
compõem esta tese refletem as incertezas e possibilidades que atravessam estas perguntas: 1.
No texto de abertura – A morte está morta? – é possível encontrar a fundamentação teórico-
metodológica que norteou o desenvolvimento desta pesquisa; 2. A Parte I – Revivendo a vida
na morte – retrata algumas das minhas experiências íntimas relacionadas à morte e ao processo
de morrer e, talvez, a leitura destas histórias possam ajudar na compreensão de como cheguei
até aqui; 3. A Parte II – Revivendo a morte na vida dos outros – pode ser lida como o resultado
do meu trabalho de campo, que buscou responder à seguinte questão: Quais os significados que
estudantes do Ensino Fundamental (anos finais) atribuem à morte e ao processo de morrer? Em
busca desses significados, observei, escutei e li um conjunto de relatos de experiências vividas
e compartilhadas pelos meninos e meninas que participaram deste estudo. A
análise/interpretação desses relatos será apresentada através de pequenas histórias de vivos e
histórias vivas de mortos; 4. Por fim, cada leitor ainda poderá debruçar-se sobre um breve
posfácio ou transitórias considerações finais. Espero que esse conjunto de textos possa abrir
espaço, em alguma consciência, para diálogos íntimos sobre a morte e, quem sabe, conversando
e meditando sobre a morte, possamos ouvir melhor as inquietações das nossas próprias vidas.
Todas as histórias, aqui reunidas, são histórias vividas, sentidas, reinventadas e imaginadas. São
histórias que refletem não a morte, mas, sim, o que podemos interpretar e arriscar a discutir: A
morte nos vivos.