A AGRICULTURA DE ABASTECIMENTO NA CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DO SERTÃO DA RESSACA: FORMAÇÃO HISTÓRICA DOS SISTEMAS PRODUTIVOS E DO ESTADO DA ARTE NOS SÉCULOS XVIII E XIX
Agricultura de abastecimento. Desenvolvimento Territorial. Mercado Colonial. Sertão da Ressaca.
O presente estudo teve como questão central de pesquisa produzir a narrativa histórica da importância da agricultura de abastecimento no Sertão da Ressaca e sua influência no desenvolvimento desse território no período de 1780 a 1888. O interesse por este objeto decorreu da ausência de pesquisas sobre a participação deste tipo de agricultura, por meio dos seus agentes, na origem e no desenvolvimento do Sertão da Ressaca. Com base no arcabouço teórico deste estudo e nas fontes utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa, a saber: inventários post-mortem, testamentos, correspondências oficias, código de postura municipal, o recenseamento do Império de 1872 e os relatos dos cronistas, missionários e viajantes que circularam pelos sertões e litoral do Brasil nos séculos XVIII e XIX foi possível confirmar as hipóteses que permearam este estudo. A agricultura de abastecimento foi determinante para a povoação do Sertão da Ressaca, tendo gerado autonomia de abastecimento e também mercado colonial com o excedente produzido, articulando-se fundamentalmente ao mercado regional e interprovincial no curso dos séculos XVIII e XIX. O isolamento do Sertão da Ressaca, decorrente da grande distância dos principais portos e da precariedade das estradas e dos meios de transportes, foi primordial para a consolidação de uma agricultura diversificada e produtora de excedentes, atraindo e absorvendo contigentes de colonizadores. E, o Capital acumulado através da agricultura de abastecimento, fomentou a ampliação do plantel de escravos, aumentou os investimentos em instrumentos de produção e injetou recursos no comercio, enfim, contribuiu para a reprodução e a ampliação deste sistema econômico.