A DUNIYA SÒ DIAGNI
PROPOSTAS PARA A DESCOLONIZAÇÃO DO DIDÁTICO NO ENSINO DE HISTÓRIA, CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO: UM SENTIDO PARA A ORIGEM DO MUNDO E DA VIDA A PARTIR DA ASTRONOMIA DOGON
Educação das Relações Étnico-Raciais. Astronomia Dogon. Percurso de Estudo e Pesquisa (PEP). Ensino de História, Ciências da Natureza e Matemática. Descolonização Didática.
Frente aos fenômenos sócio-históricos brasileiros, demarcados pela colonialidade, a presente tese objetivou analisar um Percurso de Estudo e Pesquisa (PEP), que integra a Astronomia Dogon, centrado em propostas didáticas descolonizadas para o ensino de História, Química, Física, Biologia e Matemática do 1º Ano do Ensino Médio. O percurso investigativo é uma perspectiva negra-decolonial que busca promover diálogos e construções para o cumprimento e aplicabilidade do artigo 26 - A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira 9394/1996 na Educação Básica. Apesar do vasto repertório em pesquisas e produções pautadas na educação das relações étnico-raciais, estudos anteriores revelam a persistência das praxeologias colonizadas e restrições ecológicas, fruto do racismo epistêmico e científico, resultando no vazio didático em sala de aula. Deste modo, a pesquisa apoia-se na Teoria Antropológica do Didático, sob a infraestrutura metodológica do Percurso de Estudo e Pesquisa para Formação de Professoras(es). O desenho metodológico alinha estudos decoloniais, pautados nas perspectivas afrorreferenciadas, utilizando a Astronomia Dogon (Mali) enquanto saber científico escolar. A construção foi permeada a partir da ferramenta didática do PEP, para a descolonização, com formações continuadas em dois momentos: primeiro, curso A TAD para uma integração das contribuições africanas e dos povos da diáspora às práticas de docentes de história, matemática e ciências da natureza, que promoveu estudos didáticos integrados às perspectivas históricas das ciências africanas no ensino; e, segundo, Bojuwo Awòn Irawò: A Astronomia Ancestral como um caminho para a descolonização da prática de ensino, que modelizou propostas didáticas tendo a astronomia ancestral como caminho didático para (re)construção e transposição de saberes escolares de forma a reconhecer, potencializar e divulgar a razão de ser a origem do universo e da vida nas aulas de história, química, física, biologia e matemática. Os resultados revelaram: o desconhecimento das diversas ciências africanas na educação superior/básica - a exemplo do povo e ciências Dogon, a ausência de epistemologias africanas na formação inicial de professoras(es), as dificuldades em atrelar as histórias das ciências africanas aos conteúdos escolares, ditos oficiais, do ensino da ciências (exatas, natureza e humanas). Foi revelado, também, como a produção autoral do vídeo didático “A Criação do Mundo Dogon” potencializou e possibilitou outras construções nos sistemas didáticos a serem aplicados nas respectivas aulas.O PEP, portanto, fomentou reflexões e mudanças de comportamentos, entre as(os) docentes, onde a vigilância epistêmica e didática tornam-se posturas que fazem emergir fenômenos decoloniais a serem implementados em suas propostas didáticas no chão da sala de aula.