POÉTICA DO ENCONTRO: QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO TESTEMUNHAL E DE SUBALTERNIDADE EM INDULGÊNCIA PLENÁRIA, DE ALBERTO PIMENTA
Indulgência Plenária. Alberto Pimenta. Gisberta Salce. Testemunho. Subalternidade. Poesia Portuguesa Contemporânea.
O presente trabalho tem como objetivo estudar o livro Indulgência Plenária (2015), originalmente publicado em 2007 pelo escritor, poeta, professor e ensaísta português Alberto Pimenta (1937-), que a partir de um poema extenso dividido em cinco seções apresenta o caso da brasileira transexual Gisberta Salce. Torturada e assassinada, em 2006, por um grupo de adolescentes da Oficina São José, instituição vinculada à Igreja Católica na cidade do Porto, em Portugal. Gisberta morreu após ser atirada no poço de um prédio abandonado. Entendemos o poema uma “Poética do Encontro” entre o sujeito poético e Gisberta, encontro que ocorre com o sujeito poético falando por, de e com Gisberta. Buscamos discutir as implicações da representação de Gisberta pelo sujeito poético nessa “poética do encontro” a partir de duas teorias: a teoria do testemunho de Giorgio Agamben no livro O que resta de Auschwitz (2008) e a teoria da subalternidade de Gayatri Spivak em Pode o subalterno falar? (2014). Assim, a partir da forma como o jogo das subjetividades se organiza no poema, procuramos verificar se é possível identificar nele os limites categóricos entre testemunho e subalternidade na representação de Gisberta. Entretanto, concluímos que os dois campos teóricos em questão não se complementam, mas estão em permanente suplementação um em relação ao outro.