Hiv positivo, corpos que resistem: escrevivências, identidades e subjetividades
Escrevivências. Identities. Subjectivities. Literature. HIV/AIDS.
No Brasil, estima-se que 900 mil pessoas vivem com hiv e muitos destes encontram-se em seu anonimato reféns dos estigmas que foram construídos e acompanham as transformações históricas e sociais ocorridas nas sociedades. Considerando-se esse contexto, é analisado como a linguagem e o discurso são ferramentas fundamentais para formular representações discursivas sobre corpos que convivem com o diagnóstico de positivo para hiv/aids. Verifica-se de que forma a Literatura Brasileira Contemporânea pode ser acionada como dispositivo de abertura, afirmação e reexistência de corpos dissidentes que buscam contestar o seu lugar de fala. Além disso, analisa-se como são elaboradas as representações de pessoas vivendo com hiv/aids, esta dissertação aponta que, para além dos estereótipos há um apagamento sistemático de corpos negros que escrevem literatura posit[hiv]a retratando as suas escrevivências. Assim, o estudo propõe-se a elaboração de uma epistemologia afrodiaspórica para ler e narrar a produção literária de corpos negros vivendo com hiv/aids. Para tal investe-se na noção de Literatura negro-posit[hiv]a, como aquela que busca fissurar os processos sociais hegemônicos que procuram instituir normas anulando as subjetividades corpóreas. Para tanto, são acionadas as escrevivências e inquietações do pesquisador soropositivo há sete anos, mas que, ao mesmo tempo buscou ultrapassar os limites da sua relação com a sorologia mobilizando outras vozes posithivas para ampliar o dialogo pela ótica desconstrutiva ao recusar-se ser narrado pelo desejo do outro. Assim, o estudo propõe amplificar o olhar para as produções advindas daqueles que, historicamente, foram representados pelos discursos branco hegemônicos.