LITERATURA AFRO-PERUANA: POESIA E PERFORMANCE EM MÓNICA CARRILLO
Literatura. Afro-peruana. Poesia. Performance. Memória.
O presente estudo tem como objetivo estudar alguns dos poemas que estão no livro
Unícroma (2007), da poeta, performer e ativista negra-feminista Mónica Carrillo,
através das teorias da performance, tendo-a como elemento rupturista, uma vez que
se cria novas epistemes à literatura peruana, perpassando questões relevantes da
linguagem, da política e da memória. Com isto, o estudo tem intuito de trazer à luz o
debate que entorna as questões tocantes à comunidade afro-peruana desde a
perspectiva do sujeito feminino afro-peruano. Na contemporaneidade, poetas como
Carrillo encenam a memória coletiva afro-peruana em sua escrita que, inserida num
contexto diaspórico, constitui o que Henrique Freitas (2016) convencionou chamar de
afro-rizoma. Durante muito tempo a história oficial, contada pela ótica do colonizador,
cuidou de operar um apagamento das expressões dos povos negros na América
Latina. Desde então, buscar ocupar os espaços, como incluir-se na vida pública e
constituir de forma participativa a sociedade, tem sido uma luta diária da mulher negra
latino-americana. Mónica Carrillo, em sua poética, dá voz aos silenciamentos de uma
comunidade que, em meio a uma hegemonia política e da linguagem,
(des)territorializa e ressignifica identidades. Cabe sinalizar que nosso escopo teórico
básico relaciona-se com os conceitos e temas evocados pelo corpus em questão, por
exemplo, Leda Maria Martins (2003) e Diana Taylor (2011), para estudos das
performances; Pierre Nora (1993), para pensarmos a memória; Henrique Freitas
(2016), Stuart Hall (2003), Denise Carrascosa (2017) para discutirmos as relações
culturais e identitárias do homem negro e da mulher negra em diáspora.