VEJO O FUTURO REPETIR O PASSADO: A DISSEMINAÇÃO DO “NOVO” DISCURSO CONSERVADOR NO BRASIL
Discurso; Conservadorismo; Ideologia
O cen ário atual político e ideológico brasileiro se encontra fortemente atravessado por um crescente discurso conservador atribuído, muitas vezes, à “nova direita brasileira”. Nesse cenário, é “comum” professores, artistas, sindicalistas, estudantes, por sua ve z, serem vistos como inimigos do Brasil próspero, do país homogêneo, da terra ocupada por “cidadãos de bem”. No entanto, discursos de natureza conservadora estão materializados em documentos oficiais do período da ditadura militar no Brasil e, por meio da interdiscursividade, estão hoje presentes, sobretudo, em espaços virtuais. Ao considerar a história brasileira, fortemente marcada pelo regime ditatorial, vê se que a reascensão do conservadorismo configura um problema social sério e que necessita de maior investigação. Assim, o presente estudo objetivou compreender os efeitos de sentido do “novo” discurso conservador no Brasil, uma vez que sua disseminação promove ações reacionárias que se constituem num risco à sociedade como, por exemplo, a naturalização de gestos de censura. Para isto, analisaram Internacionalse os Sumários do Comunismo do SNI (Serviço Nacional de Informações), ao passo que foram selecionados youtubers conserv brasileiros em relativa atividade e que se autodeclaram adeptos ao pensamento ador da nova direita brasileira. Este paralelo mostrouse imprescindível, pois indicou a aproximação ideológica encontrada em ambos os registros, mesmo com um hiato de tempo de 47 anos. Em seus respectivos canais, foram analisados vídeos que versam sobre t rês episódios, a saber: (1) suspenção da exposição Santander; (2) proibição da performance no MASP; (3) implementação da escola sem partido. Investigouse, assim, por meio da Análise do Discurso preconizada por Michel Pêcheux e desenvolvida por Eni como suas condições de produção e Orlandi , a opacidade do texto, bem filiações ideológicas, além de explorar as cenas da enunciação, a partir das contribuições de Dominique Maingueneau e das discussões promovidas por Ruth Amossy sobre as imagens de si no discurso . Assim, a partir da análise apresentada, portanto, pôdese refletir que o conservadorismo brasileiro se constituiu que expõe em suas propostas em um problema social a falta de razoabilidade, o negacionismo frente às evidências científicas e, por fim, o de srespeito aos avanços sociais na área dos direitos humanos, o que, de certa forma, configura um quadro no qual as diferentes desigualdades tendem a se manter. Enfim, esse estudo demonstrou que, no Brasil, especificamente prépréditadura de 1964 e período eleição de 2018, há aproximações entre os discursos de contexto de obscurantismo e de negacionismo, seja com expressões ou com ações que remetem ao progressismo, as quais foram rechaçadas e combatidas em documentos oficiais e nas redes sociais, respectivam ente.