Banca de DEFESA: IVANETE DE FREITAS CERQUEIRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : IVANETE DE FREITAS CERQUEIRA
DATA : 13/12/2021
HORA: 08:30
LOCAL: Salvador
TÍTULO:

VENDO VOZES E OUVINDO MÃOS: AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM OU DA LINGUAGEM? 


PALAVRAS-CHAVES:

Sinais. Gestos. Iconicidade. Língua de Sinais. Língua de Sinais Caseira 


PÁGINAS: 402
RESUMO:

Esta tese inscreve-se nos estudos de Aquisição da Linguagem, e aborda a realidade de Surdos nascidos em famílias ouvintes e sem acesso a nenhuma língua de sinais. Com propósito descritivoexplicativo, este trabalho de natureza básica objetivou, principalmente, descrever como os sinais caseiros se inseriam no processo comunicativo de filhos surdos com familiares ouvintes, tendo em vista o nível de compreensão entre interlocutores, a distinção entre sinais e gestos, além do grau de iconicidade concernente às unidades gestuais. Para tanto, recorreu-se às teorias de Erving Goffman (1974), David McNeill (1992, 2000) e Christian Cuxac (1993, 2003, 2010), bem como aos estudos de Susan Goldin-Meadow e colegas (1975, 1998, 2003, 2021) e Ivani Souza-Fusellier (2004). O corpus provém de uma pesquisa de campo iniciada com um mapeamento para localizar os Surdos no Vale do Juruá, no Acre. Em seguida, houve entrevistas a partir de formulário de anamnese e aplicação de atividades eliciativas, como o Teste de Nomeação Espontânea, o ERT – Exame Fonético Fonológico (TEIXEIRA, 2006) e contação de histórias com base em sequência de imagens, segundo os trabalhos de Sallandre (2003) e Souza-Fusellier (2004). Deste estudo, participaram quatro Surdos, com idades entre nove (09;00) e vinte e quatro anos (24;00), sendo três do sexo feminino e um do sexo masculino. ACN, TBE, JCA e ESA, designados a partir de suas iniciais, são surdos severos/profundos, que vivem em locais de difícil acesso, ramais mais precisamente, e nunca tiveram contato com língua sinalizada, em especial à Língua Brasileira de Sinais (Libras). Durante o processo de coleta, as informações foram registradas em formulários (anamnese) e vídeos. Os dados filmados passaram por várias edições, antes de serem transcritos no ELAN (Eudico Linguistic Annotator) e transformados em imagens sequenciadas, o que permitiu a identificação e análise dos enunciados nos níveis linguísticos, a distinção de gestos e sinais, e maior compreensão da iconicidade. Os resultados revelam que: 1) Surdos e familiares partilham de um léxico comum, embora os ouvintes, em geral, se apoiem bastante em gestos coverbais; 2) os movimentos gestuais dos Surdos são unidades lexicais que se manifestam como sinais estabilizados (nomes, processos, marcadores de tempo, avaliativos, etc.), apontamentos, transferências e gestos de chamamento (marcadores conversacionais); 3) o sinal é essencialmente icônico, sem deixar de ser convencional e arbitrário. Enfim, é pertinente afirmar que os sinais caseiros são signos linguísticos que atuam nas Línguas de Sinais Caseiras de Surdos que, não tendo acesso, precocemente, a uma língua de sinais institucionalizada, passaram a desenvolver, pari passu, seu próprio instrumento de interação, mediante o espaço linguístico-comunicativo encontrado no seio familiar.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 283007 - ELIZABETH REIS TEIXEIRA
Externa ao Programa - 1989059 - NANCI ARAÚJO BENTO
Externa à Instituição - Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante - UFPB
Externo à Instituição - Vinicius Martins Flores - UFRGS
Externo à Instituição - GLAUCIO CASTRO JUNIOR - UnB
Notícia cadastrada em: 10/12/2021 01:25
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