FEMINISTAS NEGRAS COMO DIGITAL INFLUENCER: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DO EMPODERAMENTO
mulheres; feminismos; influenciadoras digitais; instagram; virtualização; análise do discurso.
Partindo da ideia de que hoje a rede de computadores é o lugar em que mulheres de diferentes lugares e identidades diversas se encontrem e se aproximam, dada a sua condição de invisibilidade e marginalidade, ao mesmo tempo em que nesse espaço se organizem, se articulem, formando coletivos, o presente trabalho, resultado de pesquisa teórico-analítica, em que se problematiza as práticas discursivas presentes especificamente na plataforma Instagram, realizadas por mulheres influenciadoras digitais de grupos minoritarizados. Com isso, objetiva-se compreender a constituição, a formulação e a circulação dos sentidos de mulher(es) e de feminismo(s) em postagens de influenciadoras digitais minoritarizadas da rede social Instagram. Esse estudo assenta-se nos seguintes pressupostos teóricos: o homem promove transições culturais, como efeito de atemporalidade e de desterritorialização, características do processo de virtualização (LÉVY, 1999); o ciberespaço se define no e pelo espaço da linguagem e na temporalidade do virtual (DIAS, 2012); grupos produzem e distribuem conteúdos com vistas a “cultura participativa” (JENKINS, 2009); demarcar lugares de luta, mover-se pela decolonialidade fazem germinar importante processo de decolonialização das mentes no ecossistema da web; o arcabouço teórico e crítico do feminismo negro funciona como instrumento para se pensar um modelo de sociedade que considera a pluralidade “existente entre o ser mulher e as especificidades de suas lutas” (RIBEIRO, 2018). Dessa forma, o quadro teeórico basilar das reflexões situa-se no campo da Análise de Discurso materiarista (PECHEUX), da Análise do Discurso Digital (PAVEAU), das Mídias (LÉVY; LEMOS; PASTOR) e dos Estudos Étnico-Raciais e de Gênero (AKOTIRENE; RIBEIRO; bell hooks; HARAWAY). O corpus é constituído por postagens realizadas, no período de 2019-2020, por 10 (dez) influenciadoras digitais pertecentes a grupos minoritarizados. O estudo teórico-analítico, mesmo que ainda em curso, já permite observar a importância de conceber não só a heterogeneidade das Formações Discursivas, como também a do sujeito, dividido, composto pelo diferente. Nesse sentido, pensar em unidade é iludir-se, é fechar os olhos para as relações tensionadas, marcadas pelo conflito, pelo dissenso, pelo contraditório.