IDENTIDADES ANTIRRACISTAS: ECOS E RESSONÂNCIAS DE DISCURSOS E ARGUMENTOS ANTIESCRAVAGISTAS
Antirracismo. Racismo. Antiescravagismo. Escravagismo. Discurso e Argumentação.
O Brasil do século XXI apresenta uma modulação de antirracismo distribuído em um continuum. Similarmente, nos anos precedentes à abolição de 1888, o posicionamento antiescravagista estava em voga. Diante desse quadro, podem-se levantar algumas questões: o que significa ser antirracista no Brasil atual? Como se constitui essa identidade? Quais semelhanças podem ser encontradas com a noção de identidade antiescravagista dos anos finais dos anos de 1880? E que semelhanças discursivas e argumentativas podem ser percebidas na
construção dessas identidades? Sobre o antirracismo e o antiescravagismo, percebe-se que mobilizam semelhantes e inter-relacionados comportamentos discursivo-argumentativos, formando uma rede interdiscursiva que cobriria, paradoxalmente, enunciados racistas (em um recorte iniciado no ano de 2003 até a atualidade, que tem como marco a sanção da lei 10.639/03), bem como enunciados escravagistas ditos contrários ao escravagismo. A textualização dos antirracismos e dos antiescravagismos é interpretada tanto à luz dos estudos de Mikhail Bakhtin, quanto os de Michel Pechêux e os de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca. O primeiro passo metodológico diz respeito ao levantamento e análise dos corpora enquanto sequências de enunciados materializadores de discursos relacionados a determinados campos ideológicos e com função argumentativa. Cada um dos períodos e temas investigados define um corpus: “corpus antiescravagista” e “corpus antirracista”. Nesse sentido, são examinados textos das instâncias jurídicas, a saber, atas, pareceres, propostas de lei e discursos parlamentares. Com o advento das novas tecnologias e novos suportes, são acrescentados, para o período atual, a análise de enunciados parlamentares e jornalísticos/midiáticas apresentados de forma televisionada ou online, artigos, transcrições de participação em mesa-redonda, pixos, entrevistas, etc. sendo esse um trabalho de natureza tanto bibliográfica quanto documental. Como resultado é apresentada qualitativamente a proximidade entre os discursos e os argumentos antirracistas e antiescravocratas, bem como a atualização dos segundos nos primeiros.