UM ENTRELUGAR PARA OS MULTILETRAMENTOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS EM AMBIENTES DIGITAIS
Multiletramentos; Ensino e Aprendizagem; Língua; Tecnologias Digitais; Formação Docente.
O desenvolvimento da presente tese foi motivado por um questionamento: como se configuram saberes e fazeres docentes no ensino e aprendizagem de línguas – português e inglês - em ambientes digitais no contexto do CETEP do Baixo Sul em Gandu-BA. Em busca de uma possível resposta para esse problema, numa perspectiva autoetnográfica (CAMERON, 1993; VERSIANI, 2002) e etnográfica (STREET, 2010), procedi com uma pesquisa qualitativa (TELLES, 2002; GIL, 2010), que descreve, interpreta e problematiza: as nossas interações – minhas e de outros dois sujeitos docentes - na sociedade tecnológica digital (LÉVY, 2003; PRIMO, 2009); como tem sido o nosso processo de formação docente tendo em vista o trabalho com as tecnologias digitais (PRETTO, 2011; ARAGÃO, 2007); o lugar dessas tecnologias em documentos curriculares como as OCEM (2006), as DCNEM (2010) e a BNCC (versões de 2015, 2016 e 2018) e de que forma se dão as mediações docentes em ambientes digitais como o facebook, o blog e o whatsapp. Para tanto, como alicerce teórico, afilio-me às discussões da Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 2005; RAJAGOLAPAN, 2003; KUMARAVADIVELU, 2012; PENNYCOOK, 2001) que contemplam a dimensão cultural da língua e seu ensino para além de uma vertente formalista (PAIVA, 2012; MENDES, 2010), entendendo multiletramentos (COPE E KALANTZIS, 2000; ROJO, 2013, 2015) como uma multiplicidade de linguagens e de culturas glocais, e tecnologias enquanto um pensar e um agir humanos (CUPANI, 2016; FOUCAULT, 1995). A pesquisa-formação que alimenta a reflexividade docente (SCHON, 1992; ZEICHNER, 1993) é uma aliada dessa abordagem, autorizando a compreensão de que há um entrelugar para se instaurar os multiletramentos, numa hibridez de letramentos, quando se empreendem ações referentes a um web currículo (ALMEIDA, ALVES, OSB e LEMOS 2014) que favorecem a produção e recepção de textos, usando a tecnologia digital não somente como um artefato, mas como uma ambiência em que, por meio da multimodalidade (SANTAELA, 2008), do hipertexto (XAVIER, 2009), da colaboração e da interatividade, se desenvolve o pensamento computacional e o uso ético dessa tecnologia, aprimorando o conhecimento das dimensões textual, linguística, cognitivo-conceitual, sociodiscursiva somadas à performance crítica do(a) educando(a).