Banca de DEFESA: NATALI GOMES DE ALMEIDA SANTANA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : NATALI GOMES DE ALMEIDA SANTANA
DATA : 29/04/2019
HORA: 09:00
LOCAL: ILUFBA
TÍTULO:

AS CONSTRUÇÕES DATIVAS NO PORTUGUÊS DE DUAS COMUNIDADES BILÍNGUES DE SÃO TOMÉ (ÁFRICA)


PALAVRAS-CHAVES:

Construções dativas. Sociolinguística. Português reestruturado. São Tomé


PÁGINAS: 104
RESUMO:

O objeto de estudo desta dissertação são as construções dativas dos verbos bitransitivos no português reestruturado de duas comunidades bilíngues de São Tomé (África): Monte Café e Almoxarife. A diversidade linguística em ambas as comunidades se verifica pela presença de três variáveis distintas para expressar o dativo. A primeira variável é a alternância dativa, cujas variantes são a realização do OI como Construção Dativa Preposicionada (CDP), no exemplo “dexô casa pa filho”, ou como Construção de Objeto Duplo (COD), no exemplo “ê levava comida filho”. A segunda variável é a realização do OI pronominal, cujas variantes são a Construção com Clítico Dativo (CCD) [padrão], exemplo “Eu vi que nõ ia me dar essa vantagem”, em contraste com as variantes não-padrão, expressas nos exemplos “Tem que dá seôr purada” e “Dá ajuda pa nós”, que correspondem, respectivamente, à COD e à CDP [não-padrão]. A terceira variável corresponde à colocação do OI clítico, cujas variantes são a posição enclítica, no exemplo “Então deram-lhe um lugar” e a posição proclítica, no exemplo “me levô aqui dois cabra”. Este trabalho descreve os condicionamentos linguísticos e extralinguísticos para esse quadro de variação nestas comunidades santomenses que, embora geograficamente distantes, possuem uma sócio-história muito próxima e compartilham com o Brasil uma história de colonização portuguesa, marcada por povoamento, migrações forçadas, distribuições latifundiárias, relações de dominadores-dominados e situações de bilinguismo. A pesquisa se desenvolveu com o aporte teóricometodológico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008; GUY; ZILLES, 2007). Os dados foram extraídos de dois corpora (BAXTER, 2004 e 1998-2000), que registram a fala de 24 informantes de Monte Café e de 18 de Almoxarife, distribuídos por gênero em três faixas etárias, I (de 20 a 40 anos), II (de 41 a 60 anos), III (mais de 60 anos), e foram processados pelo programa GOLDVARB-X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). Os resultados revelaram a preferência pelas variantes não-padrão; pela preposição para, nos casos de CDP; e pela ordem OI-OD, nos casos de COD, mesmo quando se trata de verbos leves. Verificou-se também que, na escolha da construção dativa, a semântica do verbo é mais relevante do que o tipo de predicação. Em Monte Café, observou-se um favorecimento ao uso do OI clítico apenas na faixa I. Já em Almoxarife, essa mesma variável, associada à variável escolaridade, sugere um perfil de aquisição do clítico dativo, mediante, principalmente, a escolarização. Os resultados contribuem com a proposta de Petter (2009, 2015) sobre a existência de um continuum afro-brasileiro, ao indicar uma relação, no que diz respeito às construções dativas, entre o português dos tongas, o de Almoxarife, o português afro-brasileiro (LUCCHESI; MELLO, 2009) e o português urbano de S. Tomé (GONÇALVES, R., 2016).


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1675179 - DANNIEL DA SILVA CARVALHO
Externo à Instituição - LANUZA LIMA SANTOS
Interno - 2331858 - MARIA CRISTINA VIEIRA DE FIGUEIREDO SILVA
Notícia cadastrada em: 15/04/2019 18:00
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