USO DO ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE ANTROPÔNIMOS: ANÁLISE COM BASE NO CORPUS DO PROJETO ALiB
Dialetologia. Atlas Linguístico do Brasil. Variação. Morfossintaxe. Artigo. Antropônimos.
A variação do uso do artigo diante de antropônimos é um fenômeno ainda pouco investigado no português brasileiro, sobretudo com base em corpus dialetal, o que deixa margem para perguntas sobre as variáveis que condicionam o seu uso/não uso no que tange ao português brasileiro. A escolha do seu uso versus não uso do artigo diante de nome por parte do informante parece estar condicionada por fatores linguísticos e extralinguísticos, tais como função sintática, relação entre os interlocutores, localidade, quantidade de sílabas, gênero do nome e sexo do informante. As gramáticas também costumam restringir o uso do artigo definido como uma partícula que precede um substantivo de modo a especificá-lo dentre outros de uma mesma espécie. Porém, estudos de base semântica, revelam que, além de função referencial, o artigo definido também possui função pragmática dentro do discurso. Tomando como base alguns estudos realizados acerca do fenômeno em questão, este trabalho tem por objetivo apresentar resultados encontrados sobre a variação de artigo diante de nomes próprios na fala de 88 informantes da Bahia, com base no corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil, a fim de contribuir para uma melhor descrição da língua portuguesa falada no território nacional e integrar os trabalhos do Projeto ALiB. Para isso, além de considerar as variáveis linguísticas e extralinguísticas já mencionadas, manteve-se sob controle os aspectos relativos à natureza da elocução, como a proximidade entre os envolvidos no discurso, a relação de familiaridade entre o informante e a pessoa referida. A metodologia utilizada na pesquisa, segue a do Projeto ALiB, com 4 informantes por localidade do interior, divididos em duas faixas etária – de 18 a 30 anos, e de 50 a 65 anos – e de acordo com o sexo, homem ou mulher. Para a capital Salvador, só foram considerados os informantes com escolaridade fundamental incompleta, visando o contraponto com os dados das demais localidades. Para o desenvolvimento da pesquisa, realizou-se a audição completa de todos os inquéritos, com uma atenção especial às perguntas de número 1 e 2 do Questionário Morfossintático, específicas para o fenômeno em questão, além de todo o discurso livro do informante durante a entrevista. Os resultados encontrados foram interpretados levando em consideração os pressupostos de Geolinguística Pluridimensional (CARDOSO, 2015) e da Sociolinguística Quantitativa (LABOV, 2015 [2008]). Os resultados encontrados neste trabalho nos mostram que apenas 15% dos falantes entrevistados fizeram uso do artigo definido no contexto estudado, o que nos leva a afirmar que esse é, de fato, um fenômeno regional, mas que sofre influência de outros fatores de ordem interna e externa da língua.