Banca de DEFESA: DEBORA CARVALHO TRINDADE

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : DEBORA CARVALHO TRINDADE
DATA : 18/03/2019
HORA: 09:00
LOCAL: Sala de Defesa do ILUFBA
TÍTULO:

O MAIS CONECTOR NO PORTUGUÊS POPULAR DA BAHIA: ASPECTOS SOCIOLINGUÍSTICOS E FORMAIS


PALAVRAS-CHAVES:

Mais. Comitativo. Coordenação entre DPs. Alternância estrutural.


PÁGINAS: 180
RESUMO:

Este estudo investiga a mudança no advérbio mais, que tem suas funções ampliadas e passa a atuar como um conector, no português popular do Estado da Bahia, em dois contextos sintáticos: subordinação, variando com a preposição com, e coordenação entre DPs, variando com a conjunção aditiva e. O uso de um mesmo elemento gramatical exercendo funções de partícula comitativa e coordenador se verifica em línguas africanas, pidgins e crioulas, assim como no português falado como L2 em comunidades africanas. Em contraparte, esse uso não é um padrão nas línguas indo-europeias. Em um primeiro momento, faço uma análise variacionista do fenômeno investigado, o conector mais. Investigo os condicionamentos sociais e linguísticos para a variante mais no universo do português popular baiano, mais especificamente o português popular do interior, representado por comunidades rurais e das sedes dos municípios Poções, Santo Antônio de Jesus e Feira de Santana; e o português popular urbano, representado pelos bairros de Cajazeiras, Liberdade, Itapuã e Plataforma, localizados na capital Salvador. A base empírica de dados é formada por 120 amostras de fala vernácula pertencentes aos acervos de dois projetos de pesquisa sociolinguística desenvolvidos na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Estadual de Feira de Santana. Os informantes são de ambos os sexos e estratificados em três faixas etárias, a fim de se identificar uma tendência à variação estável ou mudança em progresso do fenômeno variável nas comunidades de fala. Um total de 2.370 dados foram coletados e submetidos à ferramenta de análise estatística VARBRUL. A pesquisa é norteada pela hipótese de que o mais conector é resultado do contato linguístico ocorrido no Brasil nos primeiros séculos de colonização, e uma evidência de que as línguas africanas teriam afetado o Português Brasileiro. A fim de comprovar tal hipótese, estabeleço a trajetória do mais conector em um continuum de normas do português popular baiano, retomando os resultados obtidos em pesquisa realizada com o português afro-brasileiro (GOMES, 2014), falado em quatro comunidades afrodescendentes do interior do Estado da Bahia (Helvécia, Cinzento, Sapé e Rio de Contas), e relacionando-os aos resultados do português falado no interior e na capital. Os resultados da análise variacionista indicam que o fenômeno mais/com está em mudança nas comunidades do interior e da capital, a variante resultante do contato linguístico mais está sendo substituída pela variante padrão com, por conta de um processo mais amplo de nivelamento linguístico, em que os modelos dos grandes centros urbanos se difundem para todas as regiões do país, na atualidade (LUCCHESI, 2015). Por outro lado, o fenômeno mais/e é uma variação estável. Em relação à projeção da variante mais no espectro de variedades do português popular baiano, sua realização é mais frequente no português afro-brasileiro, enquanto esse percentual cai gradualmente nas comunidades da zona rural, nas comunidades das sedes dos municípios do interior, até o outro extremo do continuum, a norma urbana da capital. Esses resultados caracterizam a variante mais como um resquício do contato linguístico ocorrido na história do Brasil. No segundo momento, esta tese se debruça sobre a dimensão formal do fenômeno. Tenho chamado de alternância coordenativa-subordinativa(com) a alternância sintática entre as estruturas coordenada e subordinada, considerando a expressão do conjunto de elementos [DP1, DP2, V, conector] e o significado global das sentenças derivadas, em que os DPs ora aparecem contínuos ora aparecem descontínuos. A partir da associação entre essas estruturas sintáticas, delimito duas questões formais: i) os traços que podem ter licenciado o uso do advérbio mais como conector no português popular baiano, permitindo seu uso nas construções coordenadas e subordinadas(com); ii) a relação semântica entre os DPs participantes do mesmo evento, nas construções comitativas.  Para a primeira questão, proponho que a manutenção do traço semântico <INCLUSÃO> e do traço sintático <RELACIONAL>, no processo de gramaticalização, do advérbio mais teria licenciado seu uso como um conector. Em relação à segunda questão, proponho que a atribuição temática do com-DP se dá em um esquema continuum onde, de um lado está o comitativo típico, mais simétrico com o Suj-DP, até o outro extremo onde está o caso menos simétrico, codificando apenas co-presença no evento. A partícula mais/com é lexical e contribui para a atribuição temática do com-DP num esquema de interação entre seus traços semânticos básicos, as propriedades inerentes ao núcleo do DP introduzido pela preposição e as propriedades semânticas do evento expresso pelo verbo. A mudança no advérbio mais é analisada na perspectiva da Sociolinguística Paramétrica.  


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2331858 - MARIA CRISTINA VIEIRA DE FIGUEIREDO SILVA
Interno - 2043479 - JULIANA ESCALIER LUDWIG GAYER
Interno - 3551858 - RERISSON CAVALCANTE DE ARAUJO
Externo à Instituição - ALEXANDER COBINNAH - USP
Externo à Instituição - SILVANA SILVA DE FARIAS ARAUJO - UEFS
Notícia cadastrada em: 24/03/2019 19:29
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