Deixa que eu fale: a educação de surdos em contextos presencial e online
Educação de Surdos; Modalidades de ensino; Aprendizagem de Língua Portuguesa.
Neste trabalho, ainda em fase de desenvolvimento, tenho como objetivo averiguar como as pessoas surdas, participantes da pesquisa, avaliam sua aprendizagem de Língua Portuguesa (escrita) em contextos de educação presencial e online, de modo a compreender as estratégias que contribuem e as variáveis que dificultam tal aprendizagem. O percurso metodológico que orienta essa investida se fundamenta em um Estudo de Caso (ANDRÉ, 2005), de base qualitativa (FLICK, 2002; MINAYO, 2012) e de inspiração netnográfica (KOZINETS, 2014; NOVELI, 2010; SOARES; STENGEL, 2021). O processo investigativo está inscrito nos Estudos Decoloniais (SANTOS, 2019), na Linguística Aplicada (ASSUNÇÃO; SANTOS, 2021; MOITA-LOPES, 2006, 2013; KLEIMAN, 2004), nos Novos Estudos do Letramento (KLEIMAN, 1995; KLEIMAN; DE GRANDE, 2015; STREET, 2014) e nos Multiletramentos (GNL, 1996), os quais fomentam discussões acerca das práticas sociais e dos sujeitos que as praticam. Os conceitos relacionados à identidade e à cultura surda (SILVA, 2000; SÁ, 2010; STROBEL, 2009; STUMPF,2009) foram basilares para discussão dos letramentos de pessoas surdas (LACERDA, 1998; LODI et al, 2002; RANGEL, 2012) em cenários educacionais formais. Como extratos do corpus, foram eleitas as respostas às perguntas de “entre-vistas” (COELHO, 2005) realizadas com quatro participantes surdos e outros dados provenientes de observações (MAGNANI, 2009) e diário de campo (WEBER, 2009). Visando seguir as premissas de pesquisas netnográficas, o Whastapp foi eleito o espaço virtual como “locusobjeto” de/para pesquisa, posto que, além de campo de produção de dados, foi observada a relação entre os participantes e o aplicativo. Os enunciados dos participantes estão em fase de significação e, para tanto, utilizo Análise Dialógica do Discurso de orientação bakhtiniana e do Círculo de Bakhtin (1979;1997; 2008), tomando as noções de enunciado e dialogismo como principais fontes analíticas. Os resultados, embora parciais, indiciam que os participantes avaliam o ensino presencial como a modalidade que tende a melhor contemplar suas especificidades porque, apesar das limitações, oferecem estratégias que favorecem a aprendizagem de LP como, por exemplo, a presença do intérprete em sala de aula. Já o ensino online, segundo os participantes, pouco contribui para a aprendizagem de Língua Portuguesa (escrita).