Reprodução e parasitismo em lagartos dos gêneros Ameivula e Glaucomastix (Squamata: Teiidae) no
Nordeste, Brasil
Caatinga; Infestação; Pirambu; Restinga; Santo Inácio; Trade-off
Os squamatas apresentam uma variedade de padrões reprodutivos, desde reprodução
contínua até mesmo sazonal. Os organismos dispõem de recursos limitados, os quais
podem ser competitivamente alocados para diferentes funções, conduzindo-os à trade-off.
A elevada atividade reprodutiva pode tornar os organismos mais suscetíveis ao
parasitismo, o qual pode também afetar a reprodução dos hospedeiros. A abundância e
composição da fauna parasitária são influenciadas por características morfológicas e
ambientais. Assim, descrevemos a atividade reprodutiva de Ameivula ocellifera e de
Glaucomastix itabaianensis. Adicionamente, avaliamos se a infecção/infestação por
parasitas causa efeitos negativos nas condições reprodutivas dessas duas espécies de
lagartos. E por fim, investigamos como a distribuição geográfica (Caatinga e restinga) e o
tamanho dos lagartos Ameivula nigrigula e A. ocellifera afetam a abundância e a
composição de seus parasitas. Nossos resultados apontaram que apesar de serem espécies
simpátricas, A. ocellifera e G. itabaianensis possuem reprodução contínua e não contínua,
respectivamente. A ovoposição de G. itabaianensis foi registrada no período de transição,
entre as estações seca e chuvosa, que pode estar associada à presença de condições
microclimáticas favoráveis ao desenvolvimento embrionário e sobrevivência da prole. Já
A. ocellifera, a sua atividade reprodutiva apresentou uma relação filogenética em nível de
espécie, e com a temperatura, fator importante na regulação da atividade testicular dos
lagartos. As espécies estudadas apresentaram diferentes prevalências de endo- e
ectoparasitas que podem estar associadas às diferenças no uso do espaço por esses
hospedeiros. De modo geral, não houve efeito da infecção/infestação nos padrões
reprodutivos de G. itabaianensis e A. ocellifera. No entanto, as fêmeas reprodutivas de G.
itabaianensis apresentaram elevada taxa de infecção, indicando que a atividade reprodutiva
pode torná-las mais susceptíveis à infecção. Para a abundância de parasitas em A. nigrigula
e A. ocellifera, essa condição biológica não sofreu influência do tamanho corpóreo dos
lagartos. Fatores ambientais como temperatura, luminosidade e umidade são considerados
variáveis que explicam a distribuição, sobrevivência e desenvolvimento de parasitas. Dessa
forma, os dois microhabitats estudados (Caatinga e restinga) apresentaram variáveis
ambientais distintas que podem explicar as diferenças encontradas na abundância de
parasitas em A. nigrigula e A. ocellifera.