Estudo taxonômico do coral-sol (Scleractinia, Dendrophylliidae) na Baía de Todos-os-Santos (BA)
Scleractinia, Dendrophylliidae, corais não-nativos, espécie pseudoindigena, taxonomia, Atlantico Sul-Ocidental
Desde os primeiros registros de coral-sol no Atlântico Sul-Ocidental, assumiu-se equivocadamente que a
identificação dos dendrofilídeos poderia ser definida prontamente sem uma robusta análise taxonômica. Desta
forma, duas espécies, Tubastraea coccinea (coralitos plocóides) e Tubastraea tagusensis (coralitos dendróides),
têm sido citadas ao longo de quase duas décadas (principalmente em estudos ecológicos), sem a percepção de
que as identificações estão sendo circunstancialmente influenciadas por um único aspecto: o desenvolvimento dos
coralitos. Sendo assim, todas as colônias plocoides se resumem a Tubastraea coccinea, enquanto que, as
dendroides são Tubastraea tagusensis. Enquanto isso, entre 2021 e 2022, quatro novas espécies de coral-sol foram
descritas no Mar do Sul da China. Tem-se assumido que a taxonomia moderna de corais deve basear-se não
apenas na macromorfologia dos coralitos, mas também nos padrões micromorfológicos da teca, septos e columela.
Essa ampla abordagem é fortemente exigida principalmente quando os táxons formam um complexo de espécies
com congêneres apresentando notável variação morfológica, e com sobreposição dos caracteres diagnósticos
ocorrendo entre os morfotipos. Este é o cenário das incongruências gradualmente emergentes da taxonomia dos
dendrofilídeos do Atlântico. Portanto, o objetivo principal deste estudo foi acessar a variação morfológica e inferir
sobre os limites interespecíficos das espécies popularmente designadas como ‘coral-sol’ no Estado da Bahia.
Introduzidos em 2008, e pela primeira vez registrados em um naufrágio na Baía de Todos-os-Santos (BTS), esses
corais não nativos se espalharam por ambientes naturais e artificiais, sendo encontrados regularmente em colunas
e decks de cais e estaleiros. Colônias provenientes de comunidades incrustantes foram coletadas e analisadas.
Macro e micromorfologia do esqueleto, bem como imagens de microscopia eletrônica de varredura corroboraram a
abordagem taxonômica. Como resultado, descrevemos duas novas espécies de coral-sol do gênero Tubastraea
(pseudoindígenas sensu Carlton 2008) e, três novas ocorrências para o Brasil – dentre estas, Atlantia caboverdiana
(= Tubastraea caboverdiana) previamente reportada para o Atlântico Norte-Oriental. Portanto, para além da
variação morfológica de um grupo de corais exóticos introduzidos no Oceano Atlântico, de fato, é provável que a
diversidade de Dendrophylliidae esteja sendo subestimada ao redor do mundo.