O CONFLITO DA INTERSUBJETIVIDADE NA OBRA O SER E O NADA
Consciência; Humanismo; Intersubjetividade; Liberdade; Outro.
Sartre aborda sobre a intersubjetividade, na obra O Ser e o Nada (1943/2014), levando em
consideração a perspectiva de que o homem, descrito por ele como realidade humana, se relaciona
com outros homens de maneira conflituosa no que se refere ao modo mais fundamental. Optamos,
seguindo o próprio Sartre, por usar na Dissertação o termo “realidade humana”, a maioria das vezes
que nos referimos ao homem.1 Outras vezes, dependendo do contexto, podemos utilizar o termo
sujeito, subjetividade, para-si (ontologicamente), consciência, mas cada um dos termos será colocado
no momento oportuno e totalmente relacionado ao contexto explicitado no tópico ou capítulo em que
estará sendo abordado. Dito isso, ao que parece, a maneira conflituosa sobre a qual falávamos acima,
resultante do encontro entre realidades humanas, se concentra na forma como encontramos, de modo
mais fundamental, o outro, como constitutivo do nosso ser-no-mundo, e no fato de que esta
constituição se reflete no mundo concreto das nossas ações. Isto implicaria, em todo caso, no encontro
entre liberdades, em constante processo de transcendência das suas situações originárias. A
radicalidade da liberdade estaria no cerne do conflito. A pergunta sobre como cada realidade humana
existe no mundo, na presença do outro, e como Sartre explica esta constante tensão, que se segue ao
encontro, deve nos acompanhar como fio condutor em todo o processo de construção desta
Dissertação. Já que buscamos entender se esta tensão, nas relações humanas, para Sartre, significa
isolamento e desumanização. Levamos em consideração, primeiro, que, Sartre fala, sobretudo, do
homem como ser-no-mundo, consciência entendida como liberdade; segundo, do encontro com o
outro como contingente; terceiro, das ações humanas como livres e, consequentemente, como
responsáveis, portanto, éticas; e, quarto, que é alicerçado na característica mais própria de superação,
ou seja, de transcendência destas contingências, que se pode esperar a realização de um humanismo,
conforme Sartre defende no Existencialismo é um humanismo (1946/2010), sua conferência mais
famosa. Nas considerações finais, dialogaremos com Franklin Leopoldo e Silva apresentando sua
análise do humanismo sartreano, descrito por ele como humanismo difícil.