Práticas de liberdade no pensamento de Foucault
liberdade, ética, política, poder, cuidado de si
Esta pesquisa tem como proposta analisar no pensamento de Foucault duas possíveis
concepções de liberdade. De um lado, a política (eixo genealógico) que, por meio da
governamentalidade, campo estratégico das relações de poder, implica relações mútuas
que abrem espaço para a resistência; de outro lado, a liberdade ética (eixo ético –
subjetivo), a qual se apresenta no exame feito a prática da liberdade no estoicismo tardio,
a partir do cuidado de si, por meio de exercícios regulares que possibilitam ao indivíduo
viver a vida como arte, uma vez que a ética, enquanto prática refletida, é também exercício
da liberdade. Com efeito, a ética como prática da liberdade, como algo que transforma o
mundo e a si mesmo, dá-se no encontro com o outro, longe de ser uma experiência
solitária com o próprio eu, realiza-se na associação com outrem. Desse modo, tentaremos
relacionar a liberdade ética à política, mostrando como o indivíduo pratica a liberdade a
partir do cuidado de si, e compreender como é possível problematizar essa prática de
liberdade enquanto movimento de resistência, visto que, quando o indivíduo resiste ao
poder do outro por meio de práticas de si, se abre uma variedade de possibilidades, e isso
só ocorre porque o indivíduo é livre. Nessa perspectiva, o jogo existente nas relações
ocorre a partir do governo, ou seja, da condução de condutas, e deve ceder lugar a
movimentos de resistências, ou seja, invés de apenas entender os mecanismos de
condução ou de se deixar conduzir, é necessário o resistir, para que possa haver a
possibilidade do desenvolvimento de formas de contracondutas, as quais acontecem como
abertura para novas subjetividades no campo da insubordinação, da desobediência.