RISCO DE DESNUTRIÇÃO E EVOLUÇÃO CLÍNICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS POR COVID-19 NO NORDESTE DO BRASIL: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO
COVID-19; Perda de peso; Apetite; Hospitalização; Ventilação mecânica; Mortalidade
O risco de desnutrição em pacientes com a doença do novo coronavírus vem sendo associado a piores desfechos, incluindo mortalidade. O comprometimento do estado nutricional pode prejudicar a eficácia dos tratamentos, o que pode estar relacionado a elevação da morbimortalidade. O objetivo do estudo é avaliar a associação entre o risco de desnutrição, e a evolução clínica de pacientes hospitalizados com COVID-19. Métodos: Esta é uma coorte multicêntrica, realizada no Nordeste no Brasil. Dados sociodemográficos, clínicos e nutricionais foram coletados em pacientes hospitalizados com diagnóstico positivo para COVID-19. O risco de desnutrição será avaliado através da ferramenta Malnutrition Universal Screening Tool (MUST). Os desfechos clínicos incluíram, internação na unidade de terapia intensiva ou clínica médica, tipo de ventilação (ventilação espontânea ou ventilação mecânica), alta e óbito. Resultados: Foram incluídos 459 pacientes, maioria adultos (64,5%), do sexo masculino. De acordo com a ferramenta MUST, 84,5% dos pacientes apresentavam risco moderado ou alto risco nutricional, tais pacientes obtiveram maior prevalência de perda de peso involuntária e perda de apetite, comparados ao grupo de pacientes com baixo risco de desnutrição (47,2% vs 14,1%) e (71,9% vs 1,4%), (p<0,05), respectivamente. Além disso, a presença do alto risco nutricional, esteve associado aos piores resultados clínicos, como internamento na unidade de terapia intensiva, uso de ventilação mecânica e mortalidade, (49,7% vs 0,0%), (39,7% vs 0,0%) e (25,5% vs 4,2%), (p<0,05), respectivamente. Conclusão: O estado nutricional dos pacientes com COVID-19 está intimamente relacionado aos desfechos clínicos. O uso de ferramentas de triagem nutricional é o primeiro passo para o cuidado nutricional dos pacientes hospitalizados o que pode favorecer a melhores resultados, principalmente em pacientes com alto risco nutricional.