INSEGURANÇA ALIMENTAR MODERADA E GRAVE NA ZONA RURAL DA BAHIA: PERCEPÇÕES DE CONSELHEIROS DO CONSEA E PESSOAS DE REFERÊNCIA SOBRE UMA REALIDADE DISTINTA DO CENÁRIO NACIONAL
‘’ Insegurança Alimentar’’, ‘’ Zona Rural’’, ‘’ Sociedade Civil Organizada’’, ‘’ Governo’’.
Introdução: Entre 2004 e 2014, o Brasil reduziu a Insegurança Alimentar (IA) com apoio de políticas públicas e da sociedade civil. Contudo, cortes em políticas sociais e a pandemia de COVID-19 agravaram o problema, afetando 87% da população em 2021/2022. O Nordeste registrou a segunda maior taxa de IA grave, e na Bahia observou-se um padrão inverso ao nacional: maior prevalência na zona urbana (14,1%) do que na rural (9,9%). Objetivo: Analisar as ações públicas e da sociedade civil organizada com potencial de gerar efeitos sobre a prevalência da IA, em especial na forma grave, na população rural do estado da Bahia. Metodologia: Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os conselheiros do poder público e da sociedade civil do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) no estado da Bahia e pessoas de referência de movimentos sociais organizados e/ou funcionários de cargos públicos que forem indicados em virtude da atuação está relacionada ao âmbito das ações de SAN na zona rural. As fases de organização, desenvolvimento e análise de conteúdo das entrevistas foi orientado pelos pressupostos de Bardin (1977), como forma de sistematizar e analisar os dados. Resultados: A análise das entrevistas resultou em duas categorias centrais, a saber: ’’Entre o dado e os discursos: ambivalência dos sentidos sobre as ações em torno da Segurança Alimentar’’, que apontou que a menor IA na zona rural baiana se deve à continuidade de políticas de desenvolvimento rural e apoio à agricultura familiar e a segunda categoria ‘’Reivindicar, influenciar e cooperar: aspectos pertinentes a sociedade civil no fortalecimento das ações da Segurança Alimentar na zona rural do estado da Bahia’’, que expressou o protagonismo da sociedade civil organizada, em especial de agricultores(as) familiares, na construção, monitoramento e implementação de ações voltadas à garantia da SAN. Conclusão: Evidenciou-se uma realidade de avanços pontuais e desafios persistentes no enfrentamento da IA na zona rural da Bahia, marcada por limitações de recursos, fragilidade e descontinuidade de políticas públicas. Em contrapartida, destaca-se o protagonismo da sociedade civil, especialmente agricultores familiares, na promoção da SAN, revelando que os caminhos para redução da IA depende da interação entre políticas públicas efetivas e mobilização social, com necessidade de ampliar a continuidade e o alcance das ações por meio de uma governança participativa e territorialmente sensível.