ESTRESSE E AUTOCUIDADO EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS
TIPO 2 USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus tipo 2. Estresse. Autocuidado. Atenção Primária à Saúde. SUS.
Objetivo: Estimar a prevalência de estresse relacionado ao diabetes e aos fatores associados em indivíduos com DM2 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Pesquisa de abordagem quantitativa, descritiva, de corte transversal, realizada em oito estados brasileiros. A amostra é composta por 370 pacientes com idade superior a 30 anos, diagnóstico médico prévio de DM2, HbA1c ≥ 7% e sem orientação nutricional há pelo menos seis meses. As variáveis analisadas incluíram: sociodemográficas, clínicas, antropométricas, hábitos de vida e polifarmácia (avaliadas por meio de um questionário pré-estruturado), o autocuidado com o diabetes, mensurado pela versão brasileira do instrumento Diabetes Self-Care Activities (DSCA), e estresse relacionado ao diabetes, avaliado pela versão brasileira da escala Problem Areas in Diabetes (PAID). Para análise e tabulação dos dados, utilizou-se o programa estatístico SPSS for Windows® versão17. Resultados: Foram estudados 370 pacientes, 58,1% idosos, 60,8% mulheres, 65,7% com baixo nível de escolaridade e média de HbA1c igual a 8,7 (1,5)%. O estresse relacionado ao diabetes foi relatado por 168 (45,4%) e mostrou associação com idade e sexo. Quando comparados os grupos com e sem estresse, o primeiro tinha um percentual maior de mulheres (71,4% x 52,0%; p < 0,001) e idade menor [58,4 (10,2) x 62,3 (9,0); p < 0,001] em relação ao segundo, mesmo após ajuste para variáveis confundidoras. Na análise da adesão ao autocuidado, observou-se boa adesão ao autocuidado em 7% dos participantes. As práticas menos realizadas foram a atividade física e o monitoramento da glicemia, enquanto a maior adesão foi ao uso de antidiabéticos orais. Na comparação dos grupos, foi encontrada diferença quanto ao consumo de gorduras entre os sexos, idosos apresentaram maior adesão ao uso correto e à quantidade prescrita de medicamentos, participantes com maior escolaridade aderiram mais ao consumo de frutas e vegetais e ao cuidado com os pés, indivíduos sem polifarmácia mostraram melhor adesão à alimentação saudável e à prática de atividade física extralaboral. Conclusão: Este estudo evidenciou que aproximadamente metade da amostra vivenciava o sofrimento emocional associado à doença, principalmente as mulheres e os indivíduos mais novos. A adesão ao autocuidado foi insatisfatória, especialmente nos domínios da atividade física e do monitoramento da glicemia. Esses achados reforçam a necessidade de intervenções individualizadas que reduzam o sofrimento associado à doença e favoreçam a adesão ao autocuidado, contribuindo para a qualidade de vida e para o fortalecimento da assistência no Sistema Único de Saúde.